Agricultores do Sul de Minas se unem para cultivar e vender produtos orgânicos
BELO HORIZONTE (25/11/2016) - A procura por alimentos orgânicos, produzidos sem uso de agrotóxicos e adubos químicos, é cada vez maior, o que estimula os produtores a aderir a esse modelo de produção. Mas, como toda nova atividade, tem dificuldades e levanta muitas dúvidas. Em Pouso Alegre, a Central Orgânicos do Sul de Minas tem como objetivo justamente defender os interesses dos produtores, além de orientar, em cursos, palestras e com assistência técnica, sobre o modo de produção orgânica e a forma de obter o certificado. A Central, que tem entre os parceiros a Emater-MG, reúne duas cooperativas e nove associações, representando um total de cerca de 400 produtores.
Em 2011, técnicos da Emater–MG, da Regional do Pouso Alegre, participaram de uma capacitação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e puderam conhecer a certificação orgânica pelo sistema participativo. Imediatamente eles levaram a ideia à região e conseguiram adesão dos produtores e parceria do Instituto Federal Sul de Minas, especialmente o Campus do município de Inconfidentes. O trabalho conjunto resultou na criação da Central Orgânicos Sul de Minas, que, no final de 2013, conseguiu ser credenciada, no Mapa, como um Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade Orgânica (Opac).
Aproximadamente, 160 agricultores já são certificados por esse sistema, que funciona da seguinte forma: o produtor interessado na certificação faz o pedido à Central, a partir daí ele se vincula a um grupo de produtores e passa por um processo em três etapas. Na primeira, ele recebe a visita dos pares, que verificam a viabilidade orgânica da propriedade, preenchem formulários, trocam experiências, estreitam os laços de confiança, discutem sobre a responsabilidade solidária. Na Orgânicos Sul de Minas, essa etapa ocorre no primeiro semestre de cada ano.
No segundo semestre, acontece o passo seguinte, que é a visita de verificação. Nesta fase, há sempre o acompanhamento de um técnico da Emater–MG e do Instituto Federal. Nela, grupos distintos visitam outros, de diferentes municípios. Desta forma, os produtores podem conhecer múltiplas realidades, tendo um panorama mais global da produção orgânica da região. Os consumidores de orgânicos também são convidados a participar do processo.
O terceiro momento da certificação é uma reunião final, na qual um coordenador de cada grupo analisa todos os documentos gerados nas visitas. Se tudo estiver em conformidade, a Opac emite um certificado de produtor orgânico para aquele agricultor, que, simultaneamente, é cadastrado no Sistema de Informações Gerenciais da Produção Orgânica (SigOrgWeb), do Ministério da Agricultura. Dessa forma, o agricultor passa a ter o direito de utilizar o selo por um ano; ao final desse período, ele deve ser revalidado.
“A grande vantagem dessa central é a troca e a construção do conhecimento de forma compartilhada”, comenta o coordenador da Emater-MG em Pouso Alegre, José Aluízio Nery. Segundo ele, o mercado de orgânicos está aquecido. “O que a gente ouve dos próprios agricultores é que eles vivem um momento muito bom no mercado. A demanda é sempre maior do que eles têm para ofertar”, diz.
No entanto, o coordenador alerta que a transição do sistema convencional para o sistema orgânico deve ser bem planejada e feita de forma lenta e cuidadosa. Ele sugere ainda que os interessados procurem visitar propriedades que já estão no sistema de orgânicos, para avaliar a realidade de produção e trocar experiências.
O secretário da Orgânicos Sul de Minas e professor do Instituto Federal Sul de Minas, Luiz Carlos Dias Rocha, reforça que esse trabalho conjunto possibilita emancipação dos produtores, que passaram de desapercebidos, desarticulados, para agir mais coletivamente, fortalecendo todos os grupos. “Outro ponto importante são as somas das experiências. As dificuldades são socializadas, e as soluções também são apresentadas coletivamente”, salienta.
De acordo com o professor, a Orgânicos Sul de Minas comercializa mais de 100 variedades de produtos, desde in natura, como: frutas diversas e hortaliças, até processados, como geleias, cafés e azeite de oliva. Os principais mercados são a própria região, São Paulo e Belo Horizonte.
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