Pesquisadores registram caso de ferrugem da soja na safra 2016/17 antes do habitual
SÃO PAULO (Reuters) - Pesquisadores identificaram em 15 de novembro o primeiro caso de ferrugem asiática em uma área comercial de soja na safra 2016/17 em uma lavoura em Taquarituba, no interior de São Paulo, informou nesta quinta-feira a Embrapa Soja.
Segundo a Embrapa Soja, o registro serve de alerta, porque habitualmente o primeiro caso de ferrugem é verificado no mês de dezembro.
Os relatos de ferrugem, doença fúngica que tem potencial para derrubar as produtividades das lavouras em até 80 por cento, são coletados por técnicos de diversas entidades, empresas, universidades e cooperativas e compilados em um banco de dados chamado Consórcio Antiferrugem.
Segundo a pesquisadora da Embrapa Claudia Godoy, mais relevante que os números totais de registros de ferrugem, é o primeiro relato em cada região.
"Os volumes não importam tanto. O mais importante são os primeiros casos, que nos ajudam a dar alerta para os produtores", disse ela à Reuters.
O município em que a ferrugem foi verificada fica perto da divisa com o Paraná, o segundo Estado produtor de soja do Brasil. São Paulo não é um produtor relevante da oleaginosa.
Segundo levantamento do consórcio, o custo anual com a ferrugem soma cerca de 2 bilhões de dólares, somando aplicações de fungicidas --a maior parte-- e as perdas pela doença.
A tendência para a safra 2016/17 é de riscos relativamente menores, na comparação com 2015/16, que foi um ano de grandes volumes de chuvas, principalmente no Sul do país, por influência do fenômeno El Niño.
Na safra 2015/16, o primeiro foco em lavoura comercial foi registrado no dia 6 de novembro, também em São Paulo.
Na atual temporada, a predominância é de clima neutro ou de La Niña, o que pode reduzir as precipitações no Sul e criar um ambiente menos propício para a propagação dos fungos, disse Claudia Godoy.
Ainda assim, restam dúvidas sobre a incidência da doença no Centro-Oeste.
"O problema deve ser 'normal' na região do Cerrado", mas isso dependerá de como o clima irá se comportar e de como será o trabalho de manejo dos agricultores, ressaltou a pesquisadora.
(Por Gustavo Bonato)
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