Soja em Chicago à espera de novidades com relatório do USDA e eleições americanas no radar dos investidores
Nesta sexta=feira (4), o dia foi positivo para a soja na Bolsa de Chicago (CBOT), com ganhos de 1 a no máximo 2 pontos nos principais vencimentos. Embora tenham perdido os patamares dos US$10 por bushel, os principais vencimentos estão próximos a esta cifra.
De acordo com Carlos Cogo, da consultoria Agroeconômica, "o fato da semana, que também vai nortear os negócios na próxima semana, é a tensão em relação a divulgação do relatório de oferta e demanda dos Estados Unidos", aponta. Grande parte dos analistas de mercado já aposta em um aumento de estimativa para a produção de soja e a tendência é que isso já ocorra no relatório de novembro, que será divulgado na próxima quarta-feira (9), uma vez que a colheita já se encontra próxima ao final.
Com isso, o mercado fica em compasso de espera destes números. No entanto, eles podem ser anulados pelo ritmo elevado de exportações de soja nesse ano. O mercado ainda espera também por uma revisão no volume exportado dos Estados Unidos e por uma redução nos estoques finais. "O número que mais chama atenção é o volume de soja contratada para a exportação", diz Cogo. 65% da projeção para todo o ano comercial já foi exportado pelo país.
Essa demanda, que é crescente, vem majoritariamente da China, mas também de outros países como a Indonésia, a Índia e a Malásia, que tiveram problemas com o abastecimento de óleo de palma, portanto, a demanda sobre o óleo de soja é crescente, fazendo com que o produto tenha até mesmo uma valorização muito maior do que o farelo ao longo do ano. A demanda só deve estancar quando houver oferta da América do Sul no mercado.
O cenário pode ser favorável para novas altas, uma vez que esses fatores já foram precificados pelo mercado de Chicago "há muito tempo", como detalha Cogo. Brasil e Argentina, que representam, junto aos outros países produtores da América do Sul, 52% da oferta global, dão andamento às suas produções e qualquer falha pode trazer fatores importantes para as cotações.
Outro fator que está em jogo neste momento são as eleições americanas, que serão realizadas na próxima terça-feira (8). Com uma vitória de Hilary Clinton, o que é esperado pelo mercado, seguira o jogo da oferta e da demanda. Caso haja a eleição de Donald Trump, o mercado torna-se "imprevisível", por conta do envolvimento de diversos fatores, como a Europa e as relações com o México e o NAFTA e uma alta volatilidade no dólar americano. "O mercado não está contando com isso, então não sabem quantificar que mudanças isso pode trazer", diz Cogo.
Para o produtor brasileiro, o momento é conturbado, portanto, é hora de esperar. No entanto, 2017 pode enfrentar um grande problema devido ao baixo volume de vendas antecipadas da nova safra - são 20% até o presente momento, enquanto o ideal seria cerca de 1/3 da produção para desafogar as vendas de pós-colheita. Alguns produtores com problema de caixa também terão que realizar vendas no mercado a vista para se capitalizar no próximo ano.
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Eduardo Lima Porto Porto Alegre - RS
Excelente entrevista. Há um aspecto pouco mencionado em relação a redução dos volumes fixados nessa Safra e que contradizem várias noticias veiculadas no mercado. Me parece que as negociações estão travadas muito mais por conta das restrições de crédito e de exposição aos riscos por parte dos players (revendas e tradings) do que propriamente da vontade do Produtor de buscar um "preço-alvo". A disponibilidade do crédito, na minha opinião, será cada vez mais o direcionador dos negócios daqui para frente e impactará significativamente na oferta de grãos. Concordo com o Carlos Cogo de que deverá haver uma forte volatilidade entre Março e Maio do ano que vem.