Com últimas quedas dos preços e custo elevado, produtor de leite em GO acende sinal de alerta

Publicado em 18/10/2016 18:34
Com últimas quedas dos preços e custo elevado, produtor de leite em GO acende sinal de alerta

O estado de Goiás, quarto principal produtor de leite no Brasil, comemora a evolução da qualidade no produto final que coloca na mesa do consumidor, mas enfrenta dificuldades com o lucro que, considerando o custo de produção de R$1,36, é de apenas R$0,02 por litro produzido. Outros fatores, como a autorização da entrada de leite em pó do Uruguai para reidratação na região da Sudene e a saída de alguns produtores na atividade também são alguns dos gargalos enfrentados pela produção.

De acordo com Antônio da Silva Pinto, presidente da Comissão de Leite da Faeg, a federação tem realizado um trabalho de treinamento, divulgação e formação de mão-de-obra para melhorar a qualidade do leite produzido. "O produtor goiano sabe que tem que produzir alimentos que irão atender a todos. Temos o compromisso de produzir leite de qualidade, independentemente do nível e da quantidade de leite produzido", destaca.

O presidente destaca também que os produtores do estado investem em tanques de expansão e na produção própria de alimento para o rebanho, além de manter a preocupação com a sanidade animal e refigeração. "O que é da nossa obrigação, estamos fazendo. Temos um patrimônio muito grande, que são as nossas vacas", destaca.

Goiás produz uma média de 200 litros de leite por fazenda, entre pequenos, médios e grandes produtores, sendo que 65% desse volume vem do pequeno produtor e da agricultura famiiliar. O total da produção mensal do estado chega a 182 milhões de litros de leite.

Além dos problemas diretos com os preços pagos ao produtor, a energia elétrica é um dos pontos de grande preocupação para os produtores de Goiás, juntamente com a situação das estradas, que trazem problemas logísticos.

Desafios

"O pessoal percebe na gôndola um preço de até R$6 e acha que isso chega para o produtor. Infelizmente, grande parte não chega pra gente. Hoje, segundo o Cepea, o custo operacional total foi de R$1,36. Nós comercializamos esse leite por R$1,38. Até setembro, sobrou apenas R$0,02 líquido por leite produzido. A incerteza por conta da enxurrada de importações detona o preço pra baixo", destaca o presidente.

A quebra de produção de leite foi de 6% no ano passado, mas, de acordo com o presidente, este volume não teve impacto na falta do produto. Apenas uma empresa fez o pedido ao governo para importar leite em pó do Uruguai para abastecer a região da Sudene, mas este fator segue como ferramenta psicológica no mercado, fazendo com que as indústrias pressionem o preço pago ao produtor.

Os produtores enfrentam ainda uma queda que já dura três anos, já que a indústria costuma "jogar o preço para baixo" em agosto. Alguns produtores tiveram que vender vacas aos frigoríficos para fazer capital. Há uma preocupação de que irá faltar matrizes para repor o estoque, mas, por outro lado, os produtores que produzem pastagem também possuem uma capacidade grande de recompor essa produção.

Há, ainda, uma preocupação com a produção de leite a nível nacional, uma vez que há pouca sucessão na atividade do leite. "Dentro da Comissão de Leite da Faeg, estamos trazendo gente jovem para conseguir ter substitutos", aponta.

"Os números nos deixam tristes e preocupados. Por outro lado, sabemos do nosso desafio e vamos conseguir levar ao consumidor produtos de qualidade e com preços que ajudem o consumidor e o produtor", diz o presidente.

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Por:
Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Carlos William Nascimento Campo Mourão - PR

    No Paraná não é diferente. 23% das matrizes foram vendidas para carne. Outro número igual foi inseminada com gado de corte. Isso antes desta queda de preço. Não vai ter fêmeas para recompor o rebanho. Vai demorar muitos anos . Quem pode está saindo da atividade. O governo Temer prefere criar empregos em outros países. Temer, conte pra sua esposa que seu filho toma leite em pó importado, que está com data de validade vencida na origem, que foi abrigo de ratos nos porões dos navios.

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