Importadores de milho do Brasil ignoram cotas para compras fora do Mercosul
Por Gustavo Bonato
SÃO PAULO (Reuters) - O interesse de importadores brasileiros de milho por cotas para aquisição do grão de fora do Mercosul sem impostos foi nulo nos dias posteriores à liberação de entrada de novas variedades transgênicas cultivadas nos Estados Unidos, mostraram nesta sexta-feira dados do Ministério de Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic).
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou em 6 de agosto o uso de três variedades de milho transgênico dos Estados Unidos para produção de ração no Brasil, o que, segundo representantes da indústria, abriria caminho para negócios de importação do grão.
O Brasil tem vivido meses de escassez e preços recordes do cereal, importante ingrediente da ração de aves e suínos, após fortes exportações e uma quebra de safra no Centro-Oeste. A esperança de dirigentes do setor é de que os Estados Unidos, maior produtor global de milho, possam se tornar um fornecedor alternativo para as granjas locais.
Além do caminho aberto do ponto de vista de biossegurança, importadores também têm à disposição uma isenção de tarifa para compras de milho de fora do Mercosul, que habitualmente deveriam pagar 8 por cento.
O governo federal liberou até 31 de dezembro a importação de até 1 milhão de toneladas de milho com isenção dessa tarifa. Contudo, para obter a isenção, é necessário fazer uma requisição junto ao ministério.
Dados do Mdic divulgados nesta sexta-feira indicaram que não houve nenhuma solicitação até 9 de outubro, três dias depois da mais recente liberação de variedades pela CTNBio.
Nos nove primeiros meses do ano o Brasil já realizou importação de 1,42 milhão de toneladas de milho, alta de 532 por cento ante mesmo período de 2015. Contudo, a quase totalidade das aquisições foram feitas no Paraguai e na Argentina --fornecedores tradicionais do Brasil, também membros do Mercosul.
As importações de milho dos Estados Unidos somaram apenas 28,7 toneladas, em um carregamento que entrou no país em janeiro. Desde então, a alfândega brasileira não registra aquisições de milho norte-americano.
Produtores de aves do Nordeste, potenciais compradores de milho dos Estados Unidos, devido à proximidade logística, disseram esta semana à Reuters que não planejam nenhuma aquisição do grão norte-americano no curto prazo, principalmente porque já têm compras agendadas na Argentina até o fim do ano.
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