Milho: Ainda focado na safra americana, mercado recua mais de 1% na semana na Bolsa de Chicago
Apesar da alta mais forte registrada no pregão desta sexta-feira (16), o saldo semanal foi negativo para os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT). Segundo levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, as principais posições do cereal acumularam desvalorizações entre 1,16% e 1,21%. Hoje, os contratos da commodity exibiram ganhos entre 7,00 e 7,50 pontos, alta de mais de 2%. O dezembro/16 fechou o dia a US$ 3,37 por bushel, enquanto março/17 era negociado a US$ 3,47 por bushel.
De acordo com as informações das agências internacionais, os fundos de investimentos voltaram à ponta compradora do mercado, o que impulsou as cotações do cereal. Existe, nesse momento, preocupação com as chuvas no Meio-Oeste dos Estados Unidos, que podem atrasar os trabalhos de colheita. Até o início da semana, em torno de 5% da área plantada já havia sido colhida, conforme boletim de acompanhamento de safra reportado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
"As pessoas ainda estão falando que as chuvas deverão durar até a próxima semana. Isso irá manter lento o progresso dos trabalhos nos campos. Além disso, os investidores ainda acompanham os relatos vindos dos campos mais fracos para a cultura do milho", disse Jack Scoville, analista de mercado da Price Futures Group.
Segundo dados do NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país - no período de 22 a 26 de setembro, as chuvas deverão ficar acima da média em grande parte do Meio-Oeste. No mesmo período, também são previstas temperaturas acima da normalidade.
Ainda essa semana, o USDA trouxe seus novos números de oferta e demanda dos EUA e mundial. No caso do cereal, a safra americana foi revisada para baixo e ficou em 383,38 milhões de toneladas. Do mesmo modo, a produtividade média baixou de 185,32 sacas por hectare para 184,57 sacas por hectare. Os estoques finais também recuaram e foram estimados em 60,56 milhões de toneladas.
Mesmo com as revisões, a safra ainda permanece grande, o que motivou as quedas registradas no início da semana. Porém, é consenso entre os analistas que os preços em Chicago já estão baratos e que nos atuais níveis os agricultores americanos deverão segurar o produto à espera de melhores oportunidades.
"Os preços do cereal já estão baratos, entre US$ 3,30 e US$ 3,40 por bushel, nesses níveis já temos um mercado comprador, não tem espaço para um recuo maior. E também nesses patamares os produtores americanos não irão vender o produto”, disse o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.
Mercado brasileiro
No mercado brasileiro, a semana também foi de queda aos preços do milho praticados nas principais praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas. No Porto de Paranaguá, a saca do milho caiu 8,57% e fechou a sexta-feira a R$ 32,00. Em Mato Grosso, em Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, o valor recuou 7,14%, com a saca a R$ 26,00.
Em Campo Grande (MS), a queda foi de 6,25%, com a saca a R$ 30,00, já em São Gabriel do Oeste (MS), o preço cedeu 4,69%, com a saca a R$ 30,50. Em Panambi e Não-me-toque, ambas no Rio Grande do Sul, a queda ficou em 2,37%, com a saca a R$ 42,00 e 2,38%, com valor de R$ 41,00, respectivamente. Em Jataí (GO), a cotação caiu 2,78%, com a saca a R$ 35,00. Na região de Campinas (SP), o valor recuou 2,29%, com a saca a R$ 42,60 a saca.
Em contrapartida, em o preço subiu 6,51% em Itapeva (SP), com a saca a R$ 36,63. Em Avaré (SP), a valorização foi de 2,87%, com a saca a R$ 35,17.
Em meio à retração dos compradores, os negócios permanecem lentos no mercado doméstico. "Temos o mercado interno parado nesse momento. Podemos observar que houve uma diminuição pela procura do cereal por parte dos compradores, que buscaram se abastecer nos últimos meses. Também temos no radar o fim da colheita da segunda safra no Brasil e a possibilidade de importação de milho dos Estados Unidos", explica o analista de mercado da Celeres Consultoria, Enilson Nogueira.
No acumulado dos oito primeiros meses do ano, as importações de milho já ultrapassam 1,1 milhão de toneladas, conforme dados do Ministério da Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Ainda essa semana, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) realizou mais duas operações de vendas dos estoques públicos do cereal. Do total ofertado, de 50 mil toneladas, a negociação chegou a 79%, o equivalente a 39,6 mil toneladas.
Paralelamente, a safra de verão, que já começou a ser plantada, especialmente no Rio Grande do Sul e Paraná também está sendo observada. Ainda hoje, a Safras & Mercado estimou a safra 2016/17 de milho em 92,31 milhões de toneladas. Somente na safra de verão, a perspectiva é que sejam colhidas 24,3 milhões de toneladas do grão no Centro-Sul do país.
Dólar
A moeda norte-americana encerrou a sexta-feira a R$ 3,2680 na venda, com queda de 1,02%. A movimentação é decorrente do viés político favorável e depois de entrevista do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, à Reuters, na qual disse ver menos espaço para reduzir o estoque de swap cambial tradicional, segundo informou a agência de notícias. Na semana, o dólar apresentou queda de 0,37%.
Confira como fecharam os preços nesta sexta-feira:
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