O futuro da produção de bovinos de corte no Brasil, por André Pastori D'Aurea
A demanda por alimentos mundial é crescente. As projeções indicam que até 2050 seremos 9 bilhões de humanos e a pobreza mundial tende a diminuir, aumentando o consumo de alimentos em países em desenvolvimento e subdesenvolvidos. Países asiáticos altamente populosos como a China e a Índia levarão ao aumento substancial no consumo de proteínas animais, em especial a carne bovina. Ao mesmo tempo, os ecossistemas precisam ser preservados, ou seja, é preciso aumentar a produção sem impactar no ambiente.
O aumento da demanda por carne bovina brasileira estará vinculado a preservação dos recursos naturais. Assim, dever-se-á produzir uma carne com alta produtividade de modo a não impactar negativamente o ambiente em que o animal está inserido, utilizando a terra e a água de maneira racional e integrando a produção animal no ecossistema existente. Sistemas de produção integrados (lavoura-pecuária ou pecuária-floresta ou lavoura-pecuária-floresta) tendem a aumentar, pois diversificam a produção e maximizam o uso da terra, aumentando a rentabilidade da área.
Os ruminantes são capazes de aproveitar alimentos fibrosos, que podem ser produzidos sem competição direta com alimentos destinados a alimentação humana. O Brasil possui clima predominantemente tropical, que favorece a produção de forragens de qualidade e com alta produtividade nos períodos chuvosos. Assim, com dietas a base de forragens e com a utilização de subprodutos e coprodutos da indústria de alimentos pode-se produzir carne bovina de maneira sustentável e sem competição direta com alimentação humana.
Os bovinos preferencialmente consomem folhas, portanto, a intensificação da produção de forragens deve ter foco na produção de folhas disponíveis, ou seja, a estrutura da planta é importante. Por isso, o manejo correto das pastagens, água disponível de qualidade e a suplementação são as bases para o sucesso da produção de bovinos a pasto.
A suplementação é importante para todas as categorias animais e em todos os períodos do ano, podendo variar de acordo com os índices produtivos desejados – do mais extensivo, com abate de animais de 48 meses, ao mais técnico, com abate de animais de 24 meses, sendo que este possui maior capacidade de lotação, fazendo o básico: cuida do pasto, suplementa corretamente e oferta água de qualidade. Explorando o potencial genético do animal através de uma suplementação adequada de acordo com as condições da forragem utilizada, em vista dos índices produtivos planejados.
Em sistemas intensivos, a suplementação aditivada é importante para explorar ao máximo o potencial genético dos animais, bem como da forragem e do suplemento ofertado. Existem vários tipos de aditivos disponíveis no mercado, porém os aditivos orgânicos ganham destaque no cenário de produção sustentável, pois atuam de modo eficaz e não impactam o ambiente.
Na pecuária só vai evoluir quem começar a trabalhar de forma gerencial, controlando o rebanho. Os controles dos índices zootécnicos indicarão qual o melhor planejamento para o sistema de produção. A suplementação é investimento. Quanto maior for o investimento maior será o retorno. Propriedades que não possuírem gestão e que avaliam a suplementação como um “gasto”, infelizmente perderão espaço no mercado.
O futuro da produção de bovinos de corte no Brasil está vinculado ao aumento na produtividade de maneira sustentável, com integração adequada das tecnologias disponíveis no mercado ao sistema de gestão existente na propriedade, produzindo carne de qualidade, em quantidade e, acima de tudo, preservando os recursos naturais.
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