Dólar tem leve alta sobre o real por fluxo e realização, de olho em BC
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou com leve alta frente ao real nesta segunda-feira, com fluxo mais negativo na parte da tarde e realização de lucros parcialmente ofuscando apostas no Banco Central menos ativo no mercado e maior apetite por ativos de risco no exterior.
O dólar avançou 0,11 por cento, a 3,1885 reais na venda, após chegar a 3,1567 reais na mínima do dia e subido 1,43 por cento no pregão passado, maior alta em dois meses. O dólar futuro caía cerca de 0,25 por cento no fim da tarde.
"Parece que o BC não quer segurar o dólar a qualquer custo, mas ainda há alguns ruídos no horizonte. O mercado vai continuar testando para ver como ele reage até ter bastante clareza sobre qual é a estratégia", disse o operador de uma corretora nacional.
Na sessão passada, o dólar havia saltado e encostado em 3,20 reais após o presidente interino Michel Temer afirmar que era necessário manter "um certo equilíbrio no câmbio", sem cotações altas ou baixas demais.
A Reuters publicou nesta manhã que, segundo uma importante fonte da equipe econômica, o governo não tem muito como agir para conter a desvalorização da divisa. "Não tem muita coisa que se possa fazer, a experiência mostra que qualquer tipo de intervenção diferente não se sustenta e acaba sendo mais prejudicial", afirmou a fonte.
A notícia ajudou a imprimir queda contundente ao dólar nesta manhã, juntamente com o cenário externo mais favorável.
"A leitura de sexta-feira, de que o governo poderia tentar segurar a queda do dólar, está ficando para trás", disse pela manhã o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
Mas o movimento de queda perdeu força durante a tarde devido, segundo a operadores, a um fluxo de saída de recursos e realização de lucros de investidores que haviam vendido divisas pela manhã.
O dólar vem rondando os menores níveis em mais de um ano frente ao real, influenciado por expectativas de contínua atratividade de ativos brasileiros no cenário em que os juros norte-americanos não voltam a subir até o fim deste ano.
O otimismo no mercado sobre as promessas de restrição fiscal de Temer também vem corroborando o recuo do dólar.
O BC reagiu aumentando o ritmo de vendas diárias de swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares, de 10 mil para 15 mil, como nesta sessão. Dois operadores de bancos que negociam diretamente com a autoridade monetária acreditam que o BC pode voltar ao ritmo anterior nos próximos dias se o dólar não voltar a desabar.
Cotações baixas demais podem atrapalhar a recuperação econômica ao prejudicar as exportações. Por outro lado, níveis altos tendem a pressionar a inflação.
Com sua política de intervenções, o BC reduziu seu estoque de swaps tradicionais, que correspondem a venda futura de dólares, para o equivalente a menos de 50 bilhões de dólares. No ano passado, esse estoque girou acima de 100 bilhões de dólares.
(Edição de Patrícia Duarte)
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