Cooperativas associadas ao CNC vêem China e Coreia do Sul como mercados alvos para o café na Ásia
BALANÇO SEMANAL — 1º a 05/08/2016
MERCADOS ALVOS — Em resposta a contato feito pelo chefe da Divisão de Agricultura e Produtos de Base do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Braz Baracuhy, que solicitou informações sobre quais mercados seriam prioritários para o café brasileiro entre aqueles que o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, visitará em missão oficial à Ásia, o CNC encaminhou a informação compilada junto a nossos associados, os quais sinalizaram China e Coreia do Sul como mercados alvos.
Na Coreia do Sul, a principal oportunidade é o expressivo crescimento do consumo, da ordem de 3,3% ao ano, segundo a Organização Internacional do Café (OIC). Outro fator atrativo para as cooperativas é o fato de que dois terços do total consumido nesse país correspondem a café arábica, principal variedade da exportação nacional e cujo consumo no país asiático cresce a taxa anual de 5%. Essas características fazem da Coreia do Sul um importante mercado alvo para as cooperativas brasileiras de café.
Em relação à China, embora recentes estudos da OIC avaliem que este mercado ainda seja uma presença neutra no balanço mundial da oferta e demanda de café, pelo fato da proximidade entre o montante produzido e consumido, há grande potencial de comércio para o Brasil, que precisa ser trabalhado a partir de agora. Isso porque a OIC considera a possibilidade do consumo chinês apresentar trajetória semelhante ao do Japão, podendo atingir 4 milhões de sacas por ano já no final desta década. Além disso, há oportunidades a serem aproveitadas com a Rota da Seda, conforme o CNC já expôs em seu balanço semanal de 22 de julho (https://www.cncafe.com.br/site/interna.php?id=12478).
Enaltecemos a abertura dada pelo Governo e vemos a medida com bons olhos, haja vista que entendemos que o desenvolvimento e o crescimento de cada setor do agronegócio serão melhorados com os segmentos privado e público caminhando juntos. Recordamos, também, que muitas de nossas cooperativas associadas, principalmente as de grande porte, já possuem canais direto para realizar suas exportações. Entretanto, outras, de menor porte, expressaram seu interesse em acessar e/ou ampliar sua atuação nos mercados da Coreia do Sul e da China, mas precisam de apoio governamental para isso, o que demonstra que esse canal aberto pelo Governo com o CNC foi uma medida assertiva.
DEMANDAS DO SETOR — Na terça-feira, 2 de agosto, o presidente executivo do CNC, Silas Brasileiro, reuniu-se com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, para reforçar a necessidade de atendimento aos pleitos do setor produtor. Entre os temas abordados, reforçamos a necessidade de reestabelecimento, a partir de 2017, do pagamento do Brasil à OIC com recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), de forma que o País tenha participação ativa e ininterrupta no principal fórum mundial de discussões do setor.
Também relacionado aos recursos do Funcafé, o presidente do CNC solicitou que não seja incluída a reserva de contingência do Fundo no Projeto de Lei Orçamentária – PLOA de 2017, a fim de que a cadeia produtiva, representada pelo Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), possa implementar projetos e ações de interesse do setor, como era feito até o ano de 2013. Brasileiro pleiteou, ainda, a liberação de orçamento do Funcafé para a Embrapa Café, de maneira que se viabilize a execução do georreferenciamento no parque cafeeiro nacional.
Outra matéria abordada junto ao ministro foi a necessidade da implantação do Departamento de Café, Florestas Plantadas, Cana de Açúcar e Agroenergia, o que possibilitará maior agilidade na deliberação dos assuntos relacionados à cafeicultura e aos demais setores que serão abrangidos pela futura estrutura governamental. Blairo Maggi reiterou sua disponibilidade em contribuir com o setor produtor e anotou que vem trabalhando no sentido de que sejam atendidas as demandas apresentadas.
PAM-AGRO — Também na terça-feira, 2 de agosto, o presidente do CNC recebeu Marcos Jank, consultor do Programa Acesso a Mercados (PAM-AGRO), iniciativa fruto de parceria entre Apex-Brasil e Mapa e que conta com a participação do Ministério das Relações Exteriores e da Câmara de Comércio Exterior (Camex). Na oportunidade, Silas Brasileiro se aprofundou sobre o projeto e analisou a possibilidade da entidade integrar a lista de representantes das cadeias produtivas envolvidas.
Jank pontuou que o PAM tratará de interesses coletivos do agro, com as questões específicas sendo versadas nos projetos setoriais, que continuarão sendo geridos pelas entidades no formato usual, mas passando por uma “otimização” para evitar duplicidades e buscar complementariedades com o Programa. Para a realização, serão utilizadas as estruturas da Apex-Brasil e do MRE no exterior, com as ações sendo focadas em países-chave e novos mercados.
Segundo o consultor, o objetivo de incrementar as exportações do agronegócio brasileiro depende de acesso a mercados, além de desafios importantes em agregação de valor e comunicação estruturada no exterior. Jank revelou que a política comercial precisa ir além da estrutura governamental, por isso a intenção do PAM é fundamental no sentido de fazer setores público e privado caminharem juntos, realizando análise regulatória e de políticas públicas, esforço de imagem, engajamento de stakeholders locais, montagem de coalizões, formação de opinião pública, entre outros.
Para a definição dos passos a serem dados, o PAM realizou um levantamento para identificar: (i) quais itens trariam melhores resultados em termos de aumento das exportações dos setores; (ii) em quais regiões geográficas deveria haver maior presença física e parceria entre governo e setor privado para ampliar o acesso aos mercados; (iii) quais são os itens que mais afetam o acesso dos produtos no mundo; (iv) que categoria de ações precisaria ser desenvolvida ou reforçada em relação às principais deficiências dos setores nos seus mercados destino; (v) quais os temas que mais impactam a imagem dos setores e que merecem um esforço de comunicação institucional estruturada no exterior; e (vi) quais os mercados mais importantes onde os setores têm problemas de acesso.
Após a exposição, o CNC considerou o PAM como fundamental ao agronegócio brasileiro por entender que o acesso a mercados não se restringe apenas a reduzir barreiras comerciais, sendo importante o entendimento do ambiente regulatório, o engajamento de stakeholders locais e, consequentemente, ter uma atuação com maior eficiência no processo de formulação de políticas de países-chave. Além disso, vemos a possibilidade, através do programa, da realização de um esforço de imagem para levar ao exterior os diferenciais que o agronegócio brasileiro possui, com a legislação social e ambiental sendo respeitada no processo de produção dentro do princípio da sustentabilidade.
LUIZ SUPLICY HAFERS — É com grande pesar que recebemos a notícia do falecimento, na quinta-feira, 4 de agosto, do líder Luiz Marcos Suplicy Hafers, um homem à frente de seu tempo, que se autointitulava “conservador moderno”. O CNC reconhece sua contribuição à agricultura brasileira ao longo de sua vida, principalmente enquanto presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB).
O café foi um capítulo à parte em sua biografia, com Hafers tendo dedicado muito de seu conhecimento ao setor e contribuído sobremaneira para os avanços da cafeicultura nacional, que se coloca há tempos na vanguarda mundial. Por todos os serviços prestados ao agronegócio, mais do que prestarmos nossas condolências a toda a família, deixamos público o nosso agradecimento a esse grande ser humano.
MERCADO — Em meio ao crescimento da volatilidade, os futuros do café acumularam perdas nesta semana. Indicadores técnicos, vendas especulativas e o comportamento do dólar influenciaram esta tendência.
Na ICE Futures US, o vencimento setembro do Contrato C foi cotado, na quinta-feira, a US$ 1,421 por libra-peso, perdendo 410 pontos em relação ao fechamento da semana passada. O vencimento setembro do contrato futuro do robusta, negociado na ICE Futures Europe, encerrou o pregão de ontem a US$ 1.817 por tonelada, com desvalorização US$ 31 em relação à última sexta-feira.
No tocante ao mercado cambial, na quinta-feira, o dólar comercial foi cotado no Brasil a R$ 3,1945, menor valor do último ano, acumulando queda de 1,5% na semana. O corte de juros promovido pela autoridade monetária britânica estimulou o fluxo de capital para economias emergentes, entre elas a do Brasil. A valorização do real no pregão de ontem favoreceu recuperação das cotações do Contrato C, na bolsa de Nova York.
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) informou que a colheita da safra brasileira 2016/17 atingiu 60% da produção esperada até o final de julho, estando adiantada em relação ao mesmo período do ano passado. O mercado apresenta baixa liquidez, com produtores concentrando-se nas operações de colheita e separando lotes para entrega futura. Os preços dos cafés de elevada qualidade também desestimulam o aquecimento da oferta.
Ontem, os indicadores calculados pelo Cepea para as variedades arábica e conilon foram cotados a R$ 481,93/saca e a R$ 421,51/saca, respectivamente, com variação de -2,5% e 0,2% em relação ao fechamento da semana anterior.
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