Soja: No auge do mercado climático americano, mercado abandona estabilidade e tem nova realização de lucros
A sexta-feira (15) deve ser de alta volatilidade para o mercado de grãos na Bolsa de Chicago. Os futuros da soja abandonaram a estabilidade observada um pouco mais cedo, deixaram as leves altas para trás e, por volta das 8h45 (horário de Brasília), as posições mais negociadas perdiam mais de 20 pontos, levando o novembro/16 a ser negociado a US$ 10,36 por bushel.
O mercado futuro de grãos norte-americano vem obedecendo à volatilidade típica desse período em que as previsões climáticas diárias são as principais responsáveis pelo comportamento dos preços.
As indicações são de que, nos próximos dias, as temperaturas podem ficar mais amenas no Meio-Oeste americano, porém, voltam a subir intensamente no final de julho. Além disso, para todo este mês, as chuvas deverão ficar, segundo informações do NOAA - o departamento oficial de clima dos EUA - abaixo da média para o período.
Segundo explicam analistas, esse forte sobe e desce das cotações deverá ser o padrão dos negócios até que a nova safra dos EUA esteja concluída, com os fundos aproveitando os momentos de expressivas altas ou baixas para realinhar suas posições. E só então, os traders deverão voltar a dar mais peso aos demais fundamentos, principalmente os de oferta ajusta e demanda forte.
Nesse cenário, para Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, os preços em Chicago deverão atuar entre US$ 10,50 e US$ 11,20 por bushel. A mudança poderia vir, no entanto, com a chegada de alguma informação que pudesse interferir de forma severa e definitiva na nova safra americana.
As últimas previsões indicam, como explica o consultor, que o final de semana deverá ser de chuvas um pouco mais fortes nos estados de Illinois e Iowa. "Principalmente, como as chuvas mais fortes podem acontecer em Illinois na região de Chicago, existe sempre aquele fator que é o start do operador. Se olha pelas janelas das corretoras e vê as chuvas, o primeiro impacto é de uma corrida em busca de lucros sobre um mercado que vinha em alta", diz.
Veja como fechou o mercado nesta quinta-feira:
Após duas sessões consecutivas de altas, soja em Chicago realiza lucros e perde mais de 3%
Os futuros da soja vinham caminhando para concluir a terceira sessão consecutiva com boas altas na Bolsa de Chicago, quando os preços voltaram a recuar, em um movimento de realização de lucros, e terminaram o dia recuando mais de 30 pontos nesta quinta-feira (14).
Segundo explicou o consultor Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, o vencimento novembro/16, por exemplo, vem trabalhando dentro de um intervalo de US$ 10,50 a US$ 11,00 por bushel. Então, quando se aproxima dessa mínima, estímula novas altas, enquanto chega perto da máxima, promove alguma venda de posições, como aconteceu neste pregão de correção técnica. Assim, após bater nos US$ 11,23 na máxima do dia, terminou os negócios com US$ 10,63, caindo 42,25 pontos, após acumular, nos dois pregões anteriores, um ganho de 50,25 pontos.
"O mercado vai continuar assim até que haja uma definição da nova safra norte-americana", diz. E o momento é o auge do mercado climático, com as previsões sendo atualizadas mais de uma vez ao longo do dia, mantendo uma intensa volatilidade entre os futuros dos grãos negociados na Bolsa de Chicago.
Os últimos mapas climáticos indicam que, os próximos dias, no curto prazo, se mantém o padrão de menos chuvas no Meio-Oeste americano, porém, as temperaturas, ainda elevadas, se mostram ligeiramente mais amenas. E as informações são suficientes para que o mercado devolva parte dos ganhos dos últimos dias.
"O mercado subiu muito em duas sessõs anteriores e, ao menor sinal climático, investidores procuraram realizar, o que é típico de mercado climático. E, com a mudança de padrão em curso, isto é normal.
Vamos ter muita oscilação pela frente. Os preços estão altametne sensíveis aos boletins climáticos", explica Camilo Motter.
Entretanto, apesar dessa pequena novidade para o curto prazo, o economista e analista de mercado da Granoeste Corretora afirma que o final de julho ainda inspira cautela, uma vez que para esse período as temperaturas ainda deverão ficar bem acima da média, bem como por todos os meses de agosto e setembro, de acordo com as últimas previsões.
La Niña
Ainda nesta quinta-feira, o NOAA, o departamento oficial de clima dos Estados Unidos, atualizou suas projeções para o La Niña e indicou uma probabilidade de 55% a 60% de que o fenômeno ocorra entre agosto e outubro. Em junho, esse índice era de 75%.
O agrometeorologista Marco Antônio dos Santos compartilha da previsão do NOAA, porém, acredita que, apesar de alguma quebra que a nova safra norte-americana possa vir a registrar, essa deverá ser limitada. E as atenções devem continuar sobre as temperaturas.
Leia mais:
>> La Niña tem de 55% a 60% de se desenvolver entre agosto e outubro, diz NOAA
Demanda
Nesta quinta-feira, o mercado recebeu ainda os novos números das vendas semanais para exportação dos EUA pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). E mesmo o volume vindo dentro das expectativas dos traders, a informação foi insuficiente para limitar as baixas em Chicago.
As vendas na semana encerrada em 7 de julho somaram 911,2 mil toneladas e o número ficou dentro das expectativas do mercado, que variavam de 900 mil a 1,3 milhão de toneladas. Foram 364,2 mil toneladas da safra 2015/16 - 43% a menos do na semana anterior e a maior parte destinada à China - e mais 547 mil toneladas da 2016/17, sendo também a nação asiática o principal destino. As vendas do presente ano comercial já estão 2% à frente do registrado na temporada anterior.
Os EUA venderam ainda 187,1 mil toneladas de farelo de soja, com 136,1 mil da safra velha e mais 51 mil da nova. As projeções dos traders para o derivado eram de 50 mil e 300 mil toneladas. Os maiores compradores do produto norte-americano foram o México e Honduras. Ainda entre os derivados, as vendas de óleo de soja também vieram em linha com as expectativas - de 15 mil a 60 mil toneladas - e somaram 54,7 mil toneladas. Da temporada atual foram vendidas 48,7 mil toneladas e da nova, 6 mil. Nesse caso, os maiores compradores foram China e México.
Preços no Brasil
No Brasil, o descolamento do mercado no interior do Brasil do andamento das cotações em Chicago ou até mesmo dos preços para a soja nos portos ficou bastante evidente. Mesmo com a despencada dos futuros no mercado internacional e de um novo dia de perdas para o dólar frente ao real, as principais praças de comercialização terminaram o dia com referências de 1,29% a 5,65% mais altas do que as registradas no fechamento do dia anterior. Assim, mais uma vez, os preços começam a voltar ao patamar dos R$ 80,00 por saca.
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Nos terminais de exportação, os preços cederam. Em Paranaguá, a soja disponível fechou com R$ 90,00 por saca, após testar os R$ 92,00 ao longo do dia, perdendo 2,17%, enquanto no mercado futuro a baixa foi de 1,16% para R$ 85,00. Já em Rio Grande, as perdas foram de, respectivamente, 3,70% e 3,45%, para a soja terminar a quinta-feira com R$ 86,00 e R$ 84,00 por saca.
A baixa disponibilidade da oferta no Brasil e a postura retraída dos vendedores ainda são, como explicam analistas, importantes pilares de suporte para os preços da oleaginosa e, portanto, a tendência, segundo os mesmos, é de que essas altas no interior do Brasil possam continuar, na medida em que o pouco de produto disponível se torne mais disputado.
2 comentários
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Roberto Viel Lacerdópolis - SC
Mas é uma barbaridade ter que ler esses comentários, chega a me dar dor de barriga. Deixa eu entender, hoje alguma coisa há está na fase de floração nos EUA, aí o mercado sobe e desce os preços como bem lhes convêm, tudo em cima do clima, pois bem não tinha soja nos EUA, agora não param de exportar, será que compraram nosso soja, só pode. Vamos ao ponto, só nós temos alguma coisa de soja, somos os maiores exportadores de soja fo mundo, já estamos praticamente no Lá Ninha isso não conta nada, aqui o clima não interessa, que barbaridade, sem comentários.
Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC
De vez em quando sempre olho as tabelas da Abiove, em termos de preços são as melhores. Para demanda e oferta, a Conab. E o que as tabelas da Abiove dizem é que houve redução do preço médio da soja em todos os meses do ano de 2016 em relação á 2015 até junho do corrente ano. -7% em janeiro, -11% em fevereiro, -12% março, -10% abril, -9% maio, -7% junho, em dólares por tonelada.
Rodrigo, alguma coisa está florescendo agora nos EUA, e já fazem o que querem com o mercado , hoje que manda é o clima, aí eu coloco o seguinte, vamos ter lá Ninha. Os estoques baixos, não seria nós que tinha que dar as cartas, afinal somos os maiores exportadores de soja in natura.
Afinal que prostituição é essa?
Demanda forte de papéis, essa é a prostituta, simples assim em 2008 existia no arquipélago de Malta apenas 4 fundos de participação no mercado de commodities, hoje atualmente são 600 fundos , olha como eles arrasam com o mercado , e outro detalhe muito bem munido de informações até na tampa, muito bem amparado, tá acabando com nosso mercado de oferta e procura.
Mas é isso, lei da oferta e procura, que seria a ordem normal das coisas isso acabou. Isso é uma verginha
Roberto, são dados da Abiove, entidade que representa os compradores brasileiros de soja, afinal o mercado não é somente China, temos um mercado interno muito forte. Sendo comprador já fico com uma pulga atrás da orelha, eles querem baixar o preço. É só ver as estimativas de produção deles, é sempre maior que as outras. Por exemplo, se as indústrias de SP querem moer soja do MT paga imposto, se for para mandar para a China moer não paga. Outra coisa, toda hora lemos que os americanos estão tomando prejuizo com a soja, que as margens das indústrias chinesas são excelentes, etc.. e tal, sugiro que faça um apanhado das coisas que lê na midia e escreva em um papel, organizadas elas te darão outra visão, mas só se você comparar sempre com o que acontece com o preço, e é aí que dá dor de barriga em muitos, pois os cálculos são dificeis, e a maioria quer tudo mastigado. O produtor que segue preço, deve saber por exemplo que variações nos preços internos das soja, milho, algodão, estão ligadas ao cambio. Por exemplo, se o real se desvaloriza 30%, e a soja permanece em 10 dólares o buschel, isso significa que o preço interno vai subir 30% independente de demanda, oferta, clima, fundos ou o que for. Nessa hora é que aparece o analista picareta e diz, viram? A soja subiu... e pode alegar o que quiser. Acontece o que então? A indústria nacional diminui o consumo pois passa a pagar mais caro pela soja do que a China, que tem o câmbio controlado pelo governo, que consequentemente passa a comprar mais, pois está mais barato. Entendeu? A cadeia de carnes, os granjeiros e as indústrias quebram para beneficiar os chineses. Por isso tem tanta gente furiosa comigo aqui no site, eles não querem que vocês saibam disso, uma coisa é o que o MAPA discute em público, outra é o que discutem internamente, reservadamente.
Sr. Wellington, vou fazer um comentário aqui de uma coisa que acho muito interessante, e talvez lhe interesse também. Vamos supor que o milho esteja 18 reais, e o ministro da fazenda, do planejamento, do BC, o presidente da república comece a dar declarações públicas de que vai desvalorizar o câmbio. Desvaloriza 4%, pois bem, isso não passa imediatamente para o mercado fisico, pois o primeiro impacto é no preço futuro, na bolsa. O comprador vem lá de fora e compra 5 milhões de toneladas de milho em contratos a 20 reais, então o preço pode ir à 100 reais no Brasil, o preço que o sujeito comprou é de 20 reais e fim de papo. Ele precisa desembolsar o valor total dos contratos? Não precisa, somente a margem. O sujeito segura os dólares, liquida os contratos a 50, põe 30 reais de lucro por saca no bolso. Troca os dólares por reais recebendo 30% a mais e leva o milho. Por isso o milho em Campinas está mais de 6 dólares o buschel e em Chicago 3,5. É claro que na prática não é tão simples assim, mas existem pessoas que conseguem fazer.