À espera dos números do USDA, investidores ajustam posições e milho despenca mais de 2,5% em Chicago
Após dois pregões de estabilidade, as cotações futuras do milho fecharam a quarta-feira (29) com forte queda na Bolsa de Chicago (CBOT). Durante o dia, as principais posições da commodity ampliaram as perdas e encerraram a sessão com desvalorizações entre 10,50 e 12,50 pontos. Todos os contratos ficaram abaixo do patamar de US$ 4,00 por bushel, o julho/16 era cotado a US$ 3,72 por bushel, já o dezembro/16 era negociado a US$ 3,83 por bushel. No total, os preços caíram mais de 2,5% no mercado internacional.
"Os mercados de milho, soja e trigo fecharam o dia em queda com os investidores ajustando suas posições para os boletins do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que serão reportados nesta quinta-feira (30)", disse Bob Burgdorfer, analista e editor do portal Farm Futures. No caso dos estoques trimestrais, a perspectiva é que os números fiquem entre 112,71 milhões de toneladas e 117,48 milhões de toneladas, com uma média de 115,02 milhões de toneladas.
Em março, o USDA estimou os estoques em 198,33 milhões de toneladas. Já em junho de 2015, o número era de 113,11 milhões de toneladas. No caso da área cultivada com o cereal nesta temporada, os investidores apostam em um número entre 37,23 milhões de hectares a 38,04 milhões de hectares. No início de junho, o departamento indicou a área semeada com o grão em 33,27 milhões de hectares.
"E salvo algumas grandes surpresas de quinta-feira, o mercado agora irá focar no andamento do clima nos Estados Unidos", disse Bryce Knorr, analista e editor do portal Farm Futures. E, apesar das temperaturas mais altas, os mapas climáticos ainda apontam para chuvas em alguns estados do Meio-Oeste dos EUA.
Conforme dados reportados pelo NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país - no período de 6 a 12 de julho, em todo o país as temperaturas deverão ficar acima da normalidade. No mesmo intervalo, chuvas são previstas para o Meio-Oeste, inclusive, em algumas localidades deverão ficar acima da média. E julho é o mais importante para a cultura do milho no país, já que grande parte das lavouras estará em fase de polinização.
Mercado brasileiro
As cotações futuras do milho negociadas na BM&F Bovespa fecharam o pregão desta quarta-feira (29) do lado negativo da tabela. As principais posições da commodity ampliaram as perdas e finalizaram o dia com desvalorizações entre 0,85% e 2,56%. O vencimento julho/16 era cotado a R$ 40,31 a saca, enquanto o setembro/16, referência para a safrinha, era negociado a R$ 40,76 a saca, com queda de 2,25%.
Enquanto isso, no mercado interno as cotações também cederam nesta quarta-feira. Em Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, ambas no Mato Grosso, a perda ficou em 10,71%, com a saca do cereal a R$ 25,00. Na região de Ponta Grossa (PR), o recuo foi de 4,76%, com a saca a R$ 40,00. Em Panambi (RS), o valor praticado caiu 2,32% e a saca fechou o dia a R$ 43,02. Já em Não-me-toque (RS), a cotação ficou em R$ 43,00, com perda de 2,27%.
Em Araçatuba (SP), a queda foi de 2,18%, com a saca a R$ 43,96. No Porto de Paranaguá, a saca para entrega setembro/16 caiu 1,45% e finalizou o dia a R$ 34,00. Em contrapartida, em São Gabriel do Oeste (MS) o dia foi de ligeira alta, de 3,23%, com a saca a R$ 32,00.
As quedas de Chicago e também no dólar contribuíram para pressionar as cotações no Brasil. Ainda hoje, a moeda norte-americana encerrou o pregão a R$ 3,2370 na venda, com queda de 2,09%. O valor é menor de fechamento desde 22 de julho de 2015, quando o câmbio fechou a R$ 3,2257, conforme dados da agência Reuters. A queda foi uma reação ao bom humor dos mercados externos e também da ausência da atuação do Banco Central no mercado.
Ainda nesta quarta-feira, o economista e analista da Granoeste Corretora de Cereais, Camilo Motter, disse que, a queda no dólar só dá algum espaço para os compradores fazerem ofertas de preços ligeiramente menores neste momento, o que não significa que os produtores efetivem os negócios. A chegada da oferta da nova safrinha, com o desenvolvimento da colheita, pesa sobre as cotações, mas a oferta ainda é limitada, o consumo é forte e a perspectiva é de que o abastecimento interno só se recomponha com a chegada da próxima segunda safra brasileira.
"Apesar disso, o mercado interno continua praticando preços bem acima da paridade de exportação dada a condição interna, reflexo de uma quebra da safra (em função das adversidades climáticas) e de um volume recorde das exportações brasileiras", explica Motter.
Paralelamente, os participantes do mercado continuam focados no andamento da colheita da safrinha. Aos poucos, os produtores brasileiros têm conseguido evoluir com os trabalhos nos campos. No Mato Grosso, mais de 16% da área já foi colhida, enquanto que no Paraná, a colheita já ultrapassa os 15%.
Ainda hoje, o secretário de Política Agrícola do Mapa, Neri Geller, reportou que o preço mínimo no estado de Mato Grosso deverá subir de R$ 13,65 a saca para R$ 16,50 a saca, já a partir da safra 2016/17. A medida ainda precisa ser aprovada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).
Confira como fecharam os preços nesta quarta-feira:
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