Janot pede a prisão de Renan, Cunha, Sarney e Jucá, do PMDB. Gilmar abre inquérito contra Aécio

Publicado em 07/06/2016 08:43

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) pedido de prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador Romero Jucá (PMDB-RR), ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) e do deputado afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

É a primeira vez que a PGR pede a prisão de um presidente do Congresso e de um ex-presidente da República.

O caso será analisado pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo. No caso de Renan, Sarney e Jucá, a base para os pedidos de prisão tem relação com as gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado envolvendo os peemedebistas. As conversas sugerem uma trama para atrapalhar as investigações do esquema de corrupção da Petrobras.

Os pedidos de prisão foram divulgados nesta terça-feira (7) pelo jornal "O Globo" e confirmados pela Folha. Em relação a Sarney, o pedido é de prisão domiciliar, com o uso de tornozeleira eletrônica, em razão de sua idade –86 anos.

Janot também pediu ao STF o afastamento de Renan da Presidência do Senado.

No diálogo gravado por Machado, Jucá chegou a falar em um pacto que seria para barrar a Lava Jato. Doze dias após a posse dele no Ministério do Planejamento, a Folha revelou a gravação, e Jucá deixou o cargo voltando ao Senado.

Outro diálogo revelou que Renan chamou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de mau caráter e disse que trabalhou para evitar a recondução dele para o comando do Ministério Público, mas ficou isolado.

Em sua delação premiada, o ex-presidente da Transpetro afirmou que pagou ao menos R$ 70 milhões desviados de contratos da subsidiária da Petrobras para líderes do PMDB no Senado.

  Pedro Ladeira - 22.abr.2015/Folhapress  
O ex-presidente José Sarney
O ex-presidente da República José Sarney, do PMDB

A maior parte da propina teria sido entregue para o presidente do Senado, sendo R$ 30 milhões. Renan é considerado o padrinho político de Machado e principal responsável por dar sustentação a ele no cargo, que ocupou por mais de dez anos.

O ex-presidente apontou ainda aos investigadores que Jucá e Sarney levaram do esquema R$ 20 milhões cada um. Não há detalhes sobre como Machado teria feito esses repasses, que foram desviados da empresa que é responsável pelo transporte de combustível no país.

A colaboração traria ainda indicações de recursos para os senadores Edison Lobão (PMDB-MA) e Jader Barbalho (PMDB-PA).

A delação de Machado já foi homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e a Procuradoria-Geral da República avalia os depoimentos para as investigações. Os depoimentos indicaram o caminho do dinheiro passado para os peemedebistas.

Entre as suspeitas está a de que os peemedebistas teriam recebido parte da propina em forma de doações eleitorais, para facilitar a vitória de um consórcio de empresas em uma licitação para renovar a frota da Transpetro.

Diante das colocações do ex-presidente da Transpetro, a expectativa é de que a Procuradoria ofereça as primeiras denúncias contra os integrantes da cúpula do PMDB no Senado. Segundo pessoas próximas às investigações, os depoimentos de Machado são um dos melhores entre as delações fechadas, porque revela detalhes e não apenas indicações ou referências do que teria ouvido sobre o esquema.

Machado fechou delação depois que as investigações contra ele e sua famíliaavançaram. Seus três filhos também colaboram com a Procuradoria. Machado teve seus sigilos bancário e fiscal quebrados pelo juiz Sergio Moro.

CUNHA

Já o pedido de prisão de Cunha foi revelado pela TV Globo nesta manhã.

Segundo a Folha apurou, a Procuradoria avalia que a determinação de suspender o peemedebista do mandato e da Presidência da Câmara não surtiram efeito, sendo que ele continuaria tentando atrapalhar as investigações contra ele na Justiça e no Conselho de Ética da Câmara, que discute sua cassação.

Há ainda relato de um integrante do conselho à Procuradoria de que estaria sendo ameaçado pelo grupo de Cunha.

Cunha foi suspenso do mandato no dia 5 de maio, por decisão unânime do Supremo. Ele já é réu na Lava Jato pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, além de ser alvo de uma denúncia por conta secreta na Suíça, além de outros quatro procedimentos que apuram o uso do mandato para beneficiar aliados e ainda suposto desvios na obra do Porto Maravilha. Um outro pedido de abertura de inquérito segue em sigilo.

Sem ligação com os desvios na Petrobras, o STF também abriu um inquérito para apurar se o peemedebista foi beneficiado por esquema de corrupção em Furnas.

OUTRO LADO

O advogado do senador Romero Jucá, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que "prefere dizer que não acredita" no pedido de prisão de seu cliente.

"Pelo que eu vi, pelo que eu soube, não havia nada que justificasse uma medida como essa", disse o defensor. Kakay reconheceu, porém, que ainda não teve acesso aos autos da investigação. "Estamos pedindo acesso desde sexta-feira, sem sucesso."

Em nota, Renan reafirmou que não praticou nenhum "ato concreto que pudesse ser interpretado como suposta tentativa de obstrução à Justiça" porque "nunca agiu, nem agiria, para evitar a aplicação da lei", e considerou a iniciativa da PGR "desarrazoada, desproporcional e abusiva".

O peemedebista disse ainda que não teve acesso aos fundamentos que embasaram os pedidos de prisão e fez uma crítica ao Ministério Público ao dizer que as "instituições devem guardar seus limites".

"Por essas razões, o presidente considera tal iniciativa, com o devido respeito, desarrazoada, desproporcional e abusiva. Todas as instituições estão sujeitas ao sistema de freios e contrapesos e, portanto, ao controle de legalidade. O Senado Federal tem se comportado com a isenção que a crise exige e atento à estabilidade institucional do país. A nação passa por um período delicado de sua história, que impõe a todos, especialmente aos homens públicos, serenidade, equilíbrio, bom senso, responsabilidade e, sobretudo, respeito à Constituição Federal", escreveu.

Em nota divulgada pela sua assessoria, Cunha informou que não tomou ciência do conteúdo do pedido de Janot, mas declarou: "Vejo com estranheza esse absurdo pedido, e divulgado no momento da votação no Conselho de Ética, visando a constranger parlamentares que defendem a minha absolvição e buscando influenciar no seu resultado".

Já Sarney afirmou estar "perplexo, indignado e revoltado" com o pedido de sua prisão.

Em nota, o peemedebista afirmou que, por ter dedicado 60 anos de vida pública ao país e à defesa do Estado de Direito, julgou que "tivesse o respeito de autoridades do porte do procurador-geral da República".

Os senadores Romero Jucá e Renan Calheiros com o deputado afastado Eduardo Cunha
Os senadores Romero Jucá e Renan Calheiros com o deputado afastado Eduardo Cunha

Ministro Gilmar Mendes determina abertura de inquérito contra Aécio

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes determinou a abertura de um segundo inquérito para investigar o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), sob acusação de ter participado na maquiagem de dados do Banco Rural para a CPI dos Correios, em 2005, com o objetivo de esconder o mensalão mineiro.

Além do senador, também se tornam alvos da apuração o seu vice-governador da época, Clésio Andrade (PMDB-MG), atualmente réu no mensalão tucano, e o prefeito do Rio Eduardo Paes (PMDB), à época secretário-geral do PSDB.

O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que também constava no pedido inicial da Procuradoria-Geral da República ao STF, foi excluído da investigação por Gilmar Mendes, por entender que não havia elementos suficientes contra ele.

Leia a notícia na íntegra no site da Folha de S. Paulo

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Fonte:
Folha de S. Paulo

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1 comentário

  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Já vão tarde, quem tiver culpa que pague. Agora falta o Lula e a Dilma, e se provarem algo, prendam o FHC também.

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    • Bertholdo Fernando Ullmann Patos de Minas - MG

      Rodrigo, o texto abaixo é do Leandro Ruschel:Esse pedido de prisão de Renan, Sarney e Jucá deixa claro que Rodrigo Janot é petista da gema, assim como boa parte do MP e do próprio STF.

      Não que eu vá defender esses sujeitos podres. Todos eles merecem a prisão por dezenas de crimes que cometeram ao longo das suas vidas.

      Só Renan tem outros 12 inquéritos que nunca andaram. Por que o pedido de prisão agora? O que saiu até aqui das conversas com o Sérgio Machado não justifica esse pedido.

      A única coisa que explica tal postura de Janot é o seu objetivo de melar o Impeachment.

      Foi só Renan não ter atuado para defender o PT que ele cai? Quem não enxerga isso?

      Janot diz que os suspeitos teriam condições de passar leis para barrar a Lava Jato, mas até agora foi um deputado petista que criou um projeto de Lei para mudar a delação premiada e a CGU petista que criou os espúrios acordos de Leniência. Foram senadores petistas que entraram com uma representação no Conselho de Justiça contra Moro.

      E como esquecer a atuação de Lula e Dilma para obstruir a Justiça???

      Segundo Delcídio, Dilma colocou um juiz no STJ para soltar o principal preso da operação. Dilma colocou o próprio Lula no Ministério para evitar a sua prisão! Até agora Lula está solto com o seu processo travado no STF e Janot ainda não pediu nem mesmo a autorização para investigar Dilma!!!!

      Eu tenho verdadeira repulsa de Renan e Sarney, mas o que está sendo feito é um teatro macabro para colocar de volta no poder os chefes da quadrilha petista.

      Isso seria o último prego no caixão do Brasil.

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    • Tiago Gomes Goiânia - GO

      Prezado bertholdo o interessante é que muitos como eu vê o contrário. Pq não prenderam essa turma e afastaram Cunha antes do impedimento da Dilma? Se tivessem feito isso antes provavelmente Dilma não teria sido afastada. Para muitos Janot seria um antipetista de carteirinha. Enfim, os dois lados apenas supõem. Especulações apenas.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Pois é Tiago, e eu pergunto, por que não prenderam todos junto com a Dilma e o Lula?

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    • Bertholdo Fernando Ullmann Patos de Minas - MG

      Tiago Gomes, a turma do PT ficou 13 anos no poder. Eles fazem coisas inimagináveis para se perpetuar no poder, tipo urnas eletrônicas da Smartmatic. O teatro que essa turma produz é cinematográfico. Uma mentira contada muitas vezes, se torna verdade. Não se enganem, o PT não jogou a toalha ainda. Forte abraço.

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    • Tiago Gomes Goiânia - GO

      Prezado berthold, estou de acordo PT em parte não desistiu ainda, apesar de haver uma ala do partido que acha que é melhor Dilma não voltar e o partido sair como vítima desse processo todo e ter maiores chances nas eleições. Enfim para eles o jogo do poder e para nós a vida suada segue. Abraço.

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