NOVA YORK (Reuters) - Os principais índices acionários dos Estados Unidos encerraram em baixa nesta sexta-feira, pressionados pelas ações do setor financeiro, após um relatório surpreendentemente fraco sobre mercado de trabalho levar a dúvidas sobre a economia norte-americana e sua capacidade de sustentar um aumento da taxa de juros no curto prazo.
A economia dos EUA criou em maio o menor número de vagas em mais de cinco anos e meio, com o emprego nos setores de indústria e construção caindo acentuadamente. A criação de vagas fora do setor agrícola foi de apenas 38 mil no mês passado, muito abaixo da estimativa dos economistas, de 164 mil.
O índice Dow Jones caiu 0,18 por cento, a 17.807 pontos, enquanto o S&P 500 perdeu 0,29 por cento, a 2.099 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 0,58 por cento, a 4.942 pontos.
Na semana, o Dow Jones caiu 0,37 por cento, o S&P 500 ficou estável e o Nasdaq subiu 0,18 por cento.
Operadores reduziram significativamente suas apostas de que o Federal Reserve aumentará os juros em suas reuniões de junho e julho. Tal sentimento se refletiu em fraqueza no setor financeiro, que tende a se beneficiar em um ambiente de aumento dos juros.
"Eu acho que isso coloca em dúvida se o Fed fará alguma coisa no ano", disse o diretor e estrategista de renda fixa da Hilltop Securities, Mark Grant.
Dólar cai 1,74% e vai a R$3,5249 com perspectiva de alta de juros nos EUA mais à frente
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda de 1,74 por cento e voltou ao patamar de 3,52 reais nesta sexta-feira, após a criação de vagas de emprego nos Estados Unidos ficar muito aquém do esperado em maio, enfraquecendo as expectativas de aumento de juros no curto prazo na maior economia do mundo.
O dólar recuou 1,74 por cento, a 3,5249 reais na venda, maior queda diária desde 19 de abril (-1,92 por cento). Na semana, a moeda acumulou queda de 2,38 por cento.
O dólar futuro caía por volta de 1,9 por cento no fim da tarde.
"Tudo sugeria que o Fed podia subir juros muito em breve. Esse dado bate de frente com essa trajetória", disse o economista-chefe da INVX Global Asset Management, Eduardo Velho, referindo-se ao Federal Reserve, banco central dos EUA.
A economia dos EUA criou em maio o menor número de vagas em mais de cinco anos, prejudicada pela greve de funcionários da Verizon e pela queda do emprego no setor de produção de bens. Foram abertas apenas 38 mil vagas no mês passado, contra expectativas de 164 mil vagas em pesquisa da Reuters.
Diversas autoridades do Fed, incluindo a chair Janet Yellen, vinham indicando que estavam confortáveis com aumento os juros talvez até mesmo neste mês. Chances menores de isso acontecer tendem a beneficiar ativos emergentes, que costumam atrair recursos estrangeiros com juros mais altos do que economias desenvolvidas.
A integrante do conselho do Fed Lael Brainard afirmou nesta sexta-feira, porém, que o mercado de trabalho dos EUA pode estar desacelerando e a economia ainda é frágil demais para aumento de juros.
Os contratos de juros futuros dos EUA passaram a mostrar chance de apenas 4 por cento de aumento de juros neste mês, contra 20 por cento antes dos dados, de acordo com o FedWatch do CME Group.
A equipe do HSBC ressaltou que, mesmo se o Fed voltar a subir juros em breve, a alta global do dólar tende a ser limitada. Segundo eles, o banco central quer evitar que a valorização da moeda dos EUA prejudique a recuperação econômica e pode diminuir o ritmo do aperto monetário se a divisa disparar.
Ainda assim, o banco espera que o dólar termine o ano a 4 reais, corrigindo o otimismo exacerbado com o governo do presidente interino Michel Temer que levou a moeda norte-americana abaixo dos 3,50 reais.
"O mercado está lentamente percebendo que o novo governo tem um desafio à frente que não está adequadamente precificado no câmbio", escreveram analistas do HSBC em relatório.
Embora venham recebendo bem as sinalizações do governo interino de austeridade fiscal, temem que enfrente dificuldades para avançar com a agenda no Congresso Nacional e ainda esperam mais medidas concretas.
"O fator local ainda está muito nebuloso, falta clareza. Muito depende da capacidade do governo de consertar as contas públicas e há muitas dúvidas sobre isso", resumiu o superintendente de derivativos de uma gestora de recursos nacional.
O Banco Central não realizou qualquer intervenção cambial para esta sessão, mantendo-se ausente do mercado pelo terceiro pregão consecutivo.