Frango Vivo: Mercado fraco e alta nos custos preocupam setor
As cotações do frango vivo no mercado independente permaneceram estáveis nesta semana, sem forças para alta. O fraco consumo interno e o excesso de oferta têm dificultado a elevação nos preços.
Segundo o alerta semanal do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) as cotações reais do animal vivo neste mês, são as mais baixas desde maio/15 em todas as regiões pesquisadas.
Nas granjas paulistas, a mais de três semanas a cotação do animal vivo segue estável em R$ 2,50/kg, mesmo valor observado em Minas Gerais após o recuo de 1,96% na semana anterior.
O levantamento semanal do Notícias Agrícolas apontou também que no Rio Grande do Sul a referência permanece em R$ 2,45/kg, no Paraná e Santa Catarina, a cotação é de R$ 2,40/kg, menor valor registrado.
"A perspectiva é por reajustes dos preços do frango vivo ao longo da primeira quinzena de junho, período que conta com maior apelo ao consumo", avalia o analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias.
Custos
Enquanto os valores de todos os elos da cadeia estão em queda, os preços dos principais insumos da atividade (milho e farelo de soja) seguem em fortes altas, agravando a situação econômica do setor.
Segundo Cepea, "colaboradores afirmam que alguns avicultores já teriam desistido da atividade e que parte das indústrias alega diminuição nas margens", destaca.
De acordo com levantamento do Notícias Agrícolas, ao menos quatro agroindústrias já anunciaram redução na capacidade de abate, férias coletivas ou encerramento total das atividades.
Com unidades em seis estados brasileiros, a Globoaves está com dificuldade na aquisição de matéria prima para ração. Segundo a ACAV (Associação Catarinense de Avicultores) o plantio de Lindóia do Sul (SC) está paralisado há 90 dias, sem repasse aos integrados.
A indústria BR-Aves com sede em São Carlos (SP) deu férias coletivas os funcionários, visando um enxugamento na estrutura produtiva. Também no interior de São Paulo, a integradora Itabom informou que está reduzindo a capacidade de abate em 35%, por conta da dificuldade no escoamento da carne.
Na última semana outra unidade frigorífica de aves no noroeste do Paraná informou que fechará as portas a partir de 1º de junho, deixando mais de 1,5 mil pessoas desempregadas.
Exportações
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), divulgados na segunda-feira (23), até a terceira semana de maio – 15 dias úteis - o país exportou 252,8 mil toneladas de carne de frango 'in natura', com uma média de 16,9 mil t/dia.
Considerando o igual período de abril/16 e maio/15, o volume corresponde a uma queda de 11% e aumento de 15,5% respectivamente.
Em receita, os embarques resultaram um saldo de US$ 374,1 milhões - equivalente a US$ 24,9 milhões/dia.
De acordo com o presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, o bom desempenho registrado pelas exportações de carne de frangos tem equilibrado a oferta interna de produtos, com a redução dos níveis de consumo em decorrência à crise econômica no país.
Neste sentido, há receio por parte dos exportadores quanto aos efeitos de uma eventual mudança no patamar do dólar. O câmbio acima de R$ 3,50 auxilia no equilíbrio das contas, uma queda acentuada do dólar, entretanto, agravaria ainda mais a necessidade de reposicionamento nos preços internacionais em curso. Esta elevação não acontece rapidamente, e pioraria a situação de várias empresas que já estão no vermelho”, destaca Turra.
“Se apresentarmos preços mais elevados neste momento do mercado, nossos concorrentes internacionais absorveriam parte da vantagem competitiva que conquistamos ao longo destes anos. Isto poderia refletir num menor desempenho dos embarques”, explica.
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