Dólar cai 1% e volta abaixo de R$ 3,65, com ajuste e política no radar
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda de 1 por cento nesta quarta-feira, abaixo de 3,65 reais, em movimento de ajuste potencializado pelo volume reduzido e com a cena política ainda no radar dos investidores devido ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Durante boa parte do dia, o dólar mostrou oscilações menores, tanto de alta quanto de baixa, pela decisão do Banco Central brasileiro de não promover leilão de swap cambial reverso, equivalente a compra futura de dólares, e após a ata do Federal Reserve, banco central norte-americano.
O dólar recuou 0,97 por cento, a 3,6453 reais na venda, tendo ido à 3,6374 reais na mínima do dia e a 3,7105 reais na máxima. A moeda norte-americana havia acumulado alta de 3,32 por cento nas duas sessões anteriores.
"Após a forte alta dos dois últimos dias, o mercado realiza", disse o superintendente regional de câmbio da SLW, João Paulo de Gracia Correa, acrescentando que o baixo volume favoreceu os movimentos na sessão.
Nos últimos dias, o mercado vinha precificando chances um pouco menores de que a presidente Dilma seja afastada, levando às altas recentes do dólar. Nesta sessão, o dia já começou menos pressionado porque o BC deixou de anunciar leilão de swap reverso. Ele havia feito diversas operações desse tipo nas últimas semanas, ajudando a tirar o dólar das mínimas em sete meses, na casa de 3,56 reais.
Mas manteve para este pregão o leilão de até 5,5 mil swaps tradicionais, equivalentes a venda futura de dólares, para rolagem dos contratos que vencem no mês que vem. Com a venda integral, rolou ao todo o equivalente a 1,072 bilhão de dólares, ou cerca de 10 por cento do lote do mês que vem, que corresponde a 10,385 bilhões de dólares.
Continuou no radar também a percepção de que o governo pode conseguir angariar o número de votos necessários para sobreviver no Congresso Nacional. O PP decidiu que vai permanecer na base aliada e a orientação do comando do partido é pelo voto contra o impeachment, mas o partido segue dividido sobre a questão.
Pouco antes de o mercado fechar, o relator do processo de impeachment na comissão que analisa o tema na Câmara dos Deputados, Jovair Arantes (PTB-GO), apresentou parecer favorável à abertura do processo de impedimento.
O Palácio do Planalto espera derrota na comissão, mas avalia que o resultado não será tão ruim para o governo quanto o imaginado inicialmente e que a decisão do plenário da Casa, onde tem concentrado seus esforços, será a mais importante, disseram na véspera à Reuters duas fontes palacianas.
À tarde, o Fed divulgou a ata da última reunião de política monetária, mostrando que membros do banco central norte-americano discutiram a possibilidade de aumentar os juros em abril, embora tenha predominado a cautela com a fraqueza econômica global.
"A ata é marginalmente mais 'hawkish' do que os comunicados anteriores mas, em alguma medida, isso já havia sido prefigurado por algumas autoridades do Fed", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta.
Após a divulgação do documento, o mercado de juros futuros nos Estados Unidos passou a mostrar chances um pouco maiores de aumentos de juros antes de dezembro, precificação que predominava antes da ata.
(Reportagem adicional de Flavia Bohone)
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