Dólar sobe cerca de 1,5% e vai acima de R$ 3,65 por incerteza política e exterior
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar avançava cerca de 1,5 por cento, indo acima de 3,65 reais nesta terça-feira, em meio à crescente incerteza em relação ao processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff e ao ambiente de aversão a risco nos mercados globais.
Às 12:04, o dólar avançava 1,44 por cento, a 3,6660 reais na venda, após atingir 3,6705 reais na máxima da sessão.
"O mercado está questionando um pouco aquele otimismo exacerbado das últimas semanas, colocando mais incerteza na conta", disse o operador da corretora B&T Marcos Trabbold.
Após semanas de euforia com a perspectiva de troca no governo --algo que muitos operadores avaliam como um primeiro passo na retomada da confiança--, parte do mercado passou a adotar estratégias mais cautelosas nos últimos dias em meio ao noticiário político intenso.
O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, pediu na véspera que a denúncia que embasa o pedido de impeachment seja considerada nula por ferir a Constituição, em pronunciamento de cerca de duas horas na comissão que avalia o tema na Câmara dos Deputados.
Outra notícia que gerou desagrado entre os investidores financeiros foi a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki de rejeitar duas ações que pediam a suspensão da nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil. Operadores entendem que Lula pode ter mais facilidade para angariar apoio no Congresso Nacional de forma a reduzir as chances de impeachment.
O dólar também ganhava força contra as principais moedas emergentes nesta sessão, reflexo do tombo dos preços do petróleo e de expectativas de altas de juros nos Estados Unidos neste ano. "Há um cheiro distinto de aversão a risco nos mercados", escreveram analistas do Scotiabank em nota a clientes.
Mesmo com a pressão de alta vista nesta sessão, o Banco Central brasileiro vendeu a oferta total de até 5.960 contratos de swap reverso, que equivalem a compra futura de dólar, em leilão nesta sessão. O lote ofertado, porém, foi menor do que nas operações desse tipo conduzida nos últimos dias.
O BC vendeu também novamente a oferta integral de até 5.500 contratos em leilão de rolagem dos swaps tradicionais, que equivalem à venda futura de dólares. Com isso, repôs 804,2 milhões de dólares, ou cerca de 8 por cento do lote do mês que vem, que corresponde a 10,385 bilhões de dólares.
(Por Bruno Federowski)
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