Turbulência no Brasil está arrastando economia, diz CEO do Itaú
Por Guillermo Parra-Bernal
SÃO PAULO (Reuters) - A escalada da turbulência política no Brasil está arrastando a economia do país, enquanto o governo parece incapaz de implementar reformas necessárias para ressuscitar a atividade, disse o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal.
Enquanto o governo da presidente Dilma Rousseff enfrenta uma extensa investigação de corrupção e o país caminha para ter a pior recessão da história, planos de reformas para limitar os excessivos benefícios da Previdência e simplificar o sistema tributário foram colocados em segundo plano, disse Setubal, à frente do maior banco privado do país.
Falando em um evento organizado pela Liga de Mercado Financeiro da Faculdade de Economia e Administração da USP na noite de terça-feira, Setubal disse que a habilidade do governo de tirar o Brasil da recessão foi severamente dificultada por anos de decisões equivocadas de política econômica e investigações de corrupção.
"No Brasil, tudo é possível, mas nada é provável, levando a incerteza a níveis intoleráveis e prejudicando a economia", disse Setubal. "Este governo foi eleito para manter o status quo, não mudá-lo."
Empresas têm ficado na defensiva para sobreviver à crise, e muitas encaram dolorosas reestruturações de dívida, disse o presidente da unidade brasileira do Credit Suisse, José Olympio Pereira, no mesmo evento. A presente onda de pessimismo é "a pior que eu já vi em meus 30 anos de carreira", afirmou o executivo.
O Itaú, maior banco da América Latina em valor de mercado, tem reduzido despesas e ampliado a cautela no crédito, entre outras medidas, para mitigar o impacto da recessão na instituição financeira, de acordo com Setubal.
Para Setubal, os brasileiros precisam evitar eleger líderes "messiânicos", que se apresentem como "um salvador da pátria" para resolver os problemas do país sem um plano realista.
Pereira, por sua vez, destacou a necessidade de se construir lideranças políticas capazes de educar a população sobre a necessidade de reformas na Previdência, nas leis trabalhistas e na área tributária para tornar as contas públicas sustentáveis no longo prazo.
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