Dólar sobe quase 2,5% e se aproxima de R$3,75 com chance de Lula assumir ministério
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subia quase 2,5 por cento se aproximava de 3,75 reais nesta terça-feira, com notícia de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria aceitado se tornar ministro, o que operadores entendem que poderia postergar ou reduzir as chances de eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff.
A moeda norte-americana chegou a reduzir a alta durante a manhã, após o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que incluiria acusações contra Lula e Dilma. Mas o movimento durou pouco e logo o dólar voltou a ganhar força.
Às 12:34, o dólar avançava 2,46 por cento, a 3,7424 reais na venda, depois de atingir 3,7475 reais na máxima da sessão. No pregão passado, a moeda norte-americana já havia saltado 1,71 por cento diante do cenário político.
"Se o governo der uma guinada populista agora, o país vai piorar cada vez mais rápido", disse o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho, acrescentando que a possível volta de Lula para o governo "reduz a chance de impeachment e prolonga a discussão. É a última cartada".
Lula viaja a Brasília nesta terça-feira para conversar com a presidente Dilma e fechar sua ida para um ministério, que poderia ser a Casa Civil ou a Secretaria de Governo. O ex-presidente estaria negociando, segundo noticiou a imprensa, mudanças na política econômica.
Lula ficaria encarregado das relações políticas, em um momento em que o PMDB, principal partido da base aliada, dá sinais de que pretende se afastar do governo, com alguns membros do partido apoiando o processo pelo impeachment de Dilma.
Segundo publicou no final desta manhã o colunista Lauro Jardim, do Globo, Lula já aceitou ser ministro apesar de que ainda teria uma conversa definitiva com a presidente sobre sua nomeação.
"Boa parte do mercado deve estar revendo para baixo as projeções sobre a chance de impeachment", disse o operador de uma corretora nacional.
A perspectiva de mudança no governo agrada muitos investidores, que acreditam que o movimento pode ajudar a pavimentar o caminho para a recuperação da economia brasileira. Alguns ressaltam, porém, que o quadro de incertezas serve de entrave para o reequilíbrio econômico.
Nesse sentido, o avanço da moeda perdeu força por alguns momentos no fim da manhã após a notícia de que o STF homologou delação premiada de Delcídio. O senador foi preso em novembro acusado de tentar obstruir os trabalhos da operação Lava Jato, que investiga esquema bilionário de corrupção na Petrobras.
Nesta sessão, a alta do dólar frente ao real vinha também em linha com os mercados externos, onde predominava a aversão a ativos de maior risco. A queda dos preços do petróleo --reflexo de preocupações com as perspectivas para a oferta-- e a decepção com a falta de novos estímulos pelo banco central do Japão mantinham o ambiente de apreensão.
O Federal Reserve, banco central norte-americano, anuncia sua decisão sobre os juros na quarta-feira. Espera-se que o Fed mantenha os juros, mas o comunicado será monitorado de perto em busca de pistas sobre sua estratégia para quando voltará a elevar as taxas.
Nesta manhã, o Banco Central realizou mais um leilão de rolagem dos swaps com venda integral dos 9,6 mil contratos que vencem em abril. Até o momento, o BC já rolou 5,067 bilhões de dólares, ou cerca de metade do lote total para abril, que equivale a 10,092 bilhões de dólares.
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