Renúncia: Dilma mostra resignação com ideia de que seu governo não chegue ao final

Publicado em 11/03/2016 06:33
por MONICA BÉRGAMO, n a FOLHA DE S. PAULO

A presidente Dilma Rousseff já reage com resignação quando confrontada com o diagnóstico, feito até por ministros da equipe dela, de que o governo pode não chegar ao final. "Eu tenho que combater o bom combate. Ganhar ou perder é o resultado", afirma.

NA LUA
Dirigentes do PT e auxiliares próximos da presidente analisam que ela não teria a exata noção da gravidade da crise, protegendo-se no que chamam de "autismo".

NA TERRA
Ministros do núcleo mais próximo da presidente dizem que ela, na verdade, está serena.

*

A ideia de que o governo não chega a 2018 é praticamente consensual entre eles.

NA LÍNGUA
A certeza de que a crise política deve se tornar incontornável tomou conta de boa parte dos petistas depois de receberem informações de que as empreiteiras podem detalhar, nas delações premiadas, contribuições por meio de caixa dois para a campanha de Dilma de 2014.

NO TEMPO
A Odebrecht chegou a mandar recados a Dilma, antes mesmo de Marcelo Odebrecht ser preso, dizendo que informações bancárias da Suíça poderiam mostrar que o marqueteiro dela, João Santana, recebeu recursos no exterior. A ideia era que Dilma, por meio do Ministério da Justiça, tentasse barrar a chegada de documentos do exterior ao Brasil.

NO TEMPO 2
O marqueteiro João Santana e a mulher dele, Mônica Moura, asseguraram à presidente que nada seria encontrado no exterior em relação às contas de campanha dela. Garantiram que todos os pagamentos referentes à eleição dela eram regulares –o que mantêm mesmo depois de presos. Dilma ficou tranquila –e os documentos chegaram ao Brasil.

NO TEMPO 3
Antes de ser preso, Marcelo Odebrecht mostrava seu inconformismo com Dilma. Repetia que a presidente não se mexia em relação à Lava Jato porque imaginava que a operação se restringiria às empresas, acusadas de formação de cartel.

NA HISTÓRIA
Renan Calheiros já chegou a sugerir recentemente a Dilma que ela saia do PT e que, para tentar se manter no cargo, convoque um governo de "união nacional". Ele nega.

 

SOBRE A RENÚNCIA DE DILMA:

Um gesto de realismo, por Pedro Luiz Passos

Os mais recentes acontecimentos no âmbito da Operação Lava Jato colocaram um sentido de urgência absoluta na solução da crise política que dizima a economia e promete nos levar a um estado além da recessão, ou seja, à depressão. As consequências tornam-se imprevisíveis, inclusive nas relações sociais, que começam a esgarçar.

Somente uma ampla recomposição política reverterá o quadro alarmante que se desenha nos últimos dias. E, sem a renúncia da presidente Dilma Rousseff, não há possibilidade de construção de um mínimo consenso em torno de medidas urgentes para estancar o esfacelamento político e econômico em curso. Esse é o caminho mais breve, menos traumático e mais seguro para a democracia brasileira.

O Brasil não pode esperar mais por outras soluções igualmente constitucionais, como o processo de impeachment ou as eleições gerais em 2018. Não se trata com a renúncia de admitir como verdadeiras as acusações que atingem atualmente a Presidência da República –esse papel cabe à Justiça.

O que deveria mover a presidente é a inconteste falta de condições políticas para conduzir o país neste momento de desafios extremos, tanto no âmbito institucional como no cenário econômico já arruinado por uma das piores recessões da história.

A presidente teve tempo em seu primeiro mandato para corrigir os erros de política econômica que vinham do passado, mas o consumiu com novos enganos, especialmente ao não saber ou não querer ajustar o gasto público às receitas tributárias, além de tumultuar com mudanças atabalhoadas o regime regulatório de setores como o de energia elétrica, de óleo e gás e de etanol.

As condições para a reversão não mais lhe favorecem e ficam cada vez menos propícias. Assim, a renúncia não seria um fim em si mesmo, e sim um gesto de realismo que representaria o passo inicial para tirar o país do imobilismo em que se meteu devido ao vazio de liderança e da falta de credibilidade do governo.

Qualquer saída que não seja essa só dará sobrevida à situação de inoperância do governo que o faz aproximar-se novamente de políticas, principalmente na área econômica, que já se revelaram equivocadas.

Hoje, as energias do Planalto estão direcionadas para temas que não tocam nas questões mais prementes, a começar pela crise econômica. Como a barragem de detritos que se rompeu em Mariana, traçando um curso de destruição rio abaixo, a desdita econômica, associada com o rompimento dos limites da ética e da moral na gestão pública e na política, só tem produzido destruição.

A retração de 3,8% do PIB em 2015 foi o pior resultado desde 1990, devolvendo a economia ao patamar em que se encontrava quando Dilma se elegeu presidente.

O investimento está em queda há dez trimestres consecutivos; a indústria recua há sete trimestres; a inflação se descolou da meta de 4,5% em 2010 e não mais se aprumou; as demissões líquidas atingem 100 mil ao mês, em média.

Se isso não fosse suficiente, outras variáveis podem deteriorar ainda mais o ambiente negativo. Nas próximas semanas, a crise que ora se manifesta com força, sobretudo no âmbito do Executivo, poderá chegar ao Legislativo com a divulgação dos nomes de parlamentares supostamente envolvidos, segundo investigações da força-tarefa da Lava Jato, em operações ilegais na Petrobras.

Além disso, o país convive com o risco de convulsões sociais, seja pelo aumento do desemprego e ausência de perspectivas positivas, seja pelo incitamento por parte dos pescadores de águas turvas.

Nesse contexto, o tempo urge. O quadro é mais feio do que pensávamos, e as fontes de instabilidade parecem inesgotáveis. Se as crises plantam a semente de sua redenção, está nas mãos da presidente tomar a única atitude que pode desencadear o processo saneador, devolvendo aos brasileiros parte da esperança perdida nos últimos tempos. 

 

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Fonte:
Folha de S. Paulo

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1 comentário

  • Arlindo Pontremolez Varalta Ibirarema - SP

    Nesses governos implantados pelo regime bolivariano a pretensão é de dr tornarem governos vitalicios.

    O importante é permanecer no poder, tirar dos que trabalham para dar às "bases sociais" que se acostumaram a viver sem ter que produizir...

    Dilma é cria desse sistema de governo!

    Gente que nunca trabalhou (leia-se Lula, Dilma, e um sem numero de nomes que integram a cúpula dos Petralhas), como pode querer nos convencer que sem produção e trabalho seremos mais felizes??... Como podemos como cidadãos creer neste tipo de gente que sempre viveu do dinheiro dos outros, que nunca gerou um centavo sequer... , poderiam assim governar a nossa nação???

    O resultado é este que vemos hoje !!

    O importante para eles e manterem-se agarrados no osso, nao importa usar qualquer tipo de artimanha e falcatruas que eles mesmos votaram no legislativo.

    Rodeado de hienas como disse alguém em outro comentario, vivendo da caca de outros e tomando em bandos o que outros suaram para conquistar.

    Infelizmente essa e a gente que governa este pais!!

    Pessoas que passam de pai para filho o " trabalho " de ser políticos!!

    Fazendo fortunas através das benesses de um sistema de governo falido e retrograda, algemado a acordos de grupos politicos que o que tem em mente e enquiquecer se e permancer para sempre nas grandes TETAS do governo.

    A cada deficit ou crise algum genio da economia brasileira diz..tenho a saida!! Aumentemos os impostos!!

    Gente formada e preparada com pos graduação em falcatruas e engano.

    Que triste !! Como alguem disse a muitos anos atras e ficamos uito bravos ...Este nao e um pais serio....o pior e que tinha razao.

    Nessa época eu era menino e cheguei a crer que aquele estadista que teve valor para dizer nos uma verdade esta errado..!!!Cri que seriamos do primeiro mundo um dia...trabalhando lutando implementando suando a gota gorda dos que almejam crescer!!

    Infelizmente eu estava enganado ...

    O brasil gerou nesses anos de desmando um imenso contingente , uma geração que nao aprendeu a trabalhar..!!

    Uma geração de políticos , se e que se pode chamar de políticos, uma manada de deshonestos que se perpetua nas galerias do legislativo , vendendo votos para pseudo partidos deshonestos e fazendo dessas atitudes seu modus operanti..!!

    Haverá saída para nossa nação???

    Existe alguém em que se pode ainda votar?? Quantos sao ??

    Infelizmente creio que a resposta e um imenso NAO!!!

    Um pais falido por uma "despolitica" macabra associada e comprometida com o perverso e vil!!!

    Que pais e esse ???

    Motivo de riso dos paises serios !!

    E temos ainda que escutar Dilma dizer...combater o bom combate!!

    Me abate uma tristeza imensa ler todos os dias que estaos cada dia pior que antes!!

    So existe uma saída , colocar todos na cadeia sem exceção, e começar de novo.

    SEra que conseguimos umas quantas pessoas diferentes para assumir o reto de reconstruir o nosso Brasil???

    Somente Deus mesmo poderá fazer este milagre!!}

    Senhor salva o nosso Brasil!!

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