Relator no Conselho de Ética vê indícios para cassar mandato de Delcídio
(Reuters) - O relator do processo contra o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) no Conselho de Ética do Senado, Telmário Mota (PDT-RR), disse nesta quarta-feira que há indícios para a cassação do mandato do ex-líder do governo na Casa por quebra de decoro parlamentar e abuso de prerrogativas.
Mota leu nesta quarta seu relatório sobre o caso e recomendou aos colegas do Conselho de Ética que admitam o processo contra Delcídio. Segundo a Agência Senado, o presidente do colegiado, João Alberto (PMDB-MA), marcou a votação do parecer do relator para a quarta-feira da próxima semana.
Delcídio foi preso em novembro acusado de tentar obstruir os trabalhos da operação Lava Jato, que investiga um esquema bilionário de corrupção na Petrobras. O parlamentar foi flagrado em um áudio oferecendo dinheiro, influência política junto ao Judiciário e até uma rota de fuga para beneficiar o ex-diretor da estatal Nestor Cerveró em troca do silêncio dele nas investigações.
Delcídio, que está com a filiação ao PT suspensa, foi solto em fevereiro e fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público, que ainda precisa ser homologado pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), responsável no tribunal pelos processos ligados à Lava Jato.
Trechos da proposta de acordo feito pelos advogados do parlamentar aos procuradores da Lava Jato foram revelados pela revista IstoÉ e mostram Delcídio fazendo acusações à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ambos rejeitaram as acusações e Dilma afirmou que a delação do ex-líder de seu governo seria uma "vingança" pelo fato de o governo não ter atuado pela liberação de Delcídio quando ele foi preso no ano passado.
Atualmente, o acordo de delação premiada de Delcídio está com a Procuradoria-Geral da República depois de ser devolvido por Zavascki para que fosse solucionada uma questão técnica, disse uma fonte com conhecimento do assunto à Reuters. Essa fonte disse que não há prazo para o acordo ser devolvido ao ministro nem para o acordo ser homologado.
(Por Eduardo Simões, em São Paulo)
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