"Em busca da saída", por MERVAL PEREIRA (em O GLOBO)
Se a política não resolver a crise, a crise vai resolver a política. Mais que um jogo de palavras que o deputado Raul Jungman gosta de usar, esta é uma constatação que fica mais evidente ainda diante da iniciativa de militares de contatarem na sexta-feira autoridades civis - governadores de Estados estratégicos como Rio e São Paulo, ministros, líderes partidários - para colocarem à disposição tropas em caso de necessidade de garantir a ordem pública, conforme Ricardo Noblat noticiou em seu blog.
Os confrontos entre petistas e seus adversários políticos nas ruas de diversas capitais do país, enquanto Lula depunha na Polícia Federal, insuflados por uma convocação do presidente do PT Rui Falcão, acendeu a luz amarela nas instituições militares, que pelo artigo 142 da Constituição têm a missão de garantir a ordem pública.
O fato de terem oferecido apoio às autoridades civis mostra que, ao contrário de outras ocasiões, os militares não estão dispostos a uma intervenção, que seria rejeitada pelas forças democráticas, mas se preocupam com a crise e se dispõem a auxiliar as autoridades civis em caso de necessidade.
Já há algum tempo, diante do agravamento da crise político-econômica, militares de alta patente estão conversando com lideranças civis de diversos setores da sociedade, e agora consideram que está na hora de o mundo político encontrar saídas constitucionais para o impasse em que estamos metidos, com o Congresso, que é o único caminho para uma solução em moldes democráticos, paralisado diante de sua própria crise: um presidente da Câmara tornado réu pelo Supremo Tribunal Federal, um presidente do Senado alcançado por nada menos que seis processos, cerca uma centena de deputados e senadores envolvidos de alguma maneira em problemas com a Justiça e tantos outros sujeitos ao imponderável das delações premiadas da Operação Lava-Jato.
Mesmo soluções constitucionais como o impeachment ficam contaminadas pela presença de Eduardo Cunha na presidência da Câmara, e a perspectiva de que ele possa assumir a presidência da República, por poucos meses que seja, para convocar novas eleições - no caso de uma impugnação da chapa PT-PMDB até o fim desse ano, o que é improvável - é no mínimo desanimador.
Nos bastidores do Congresso negocia-se de tudo, desde a implantação de um semipresidencialismo de ocasião, até a sugestão mais recente da Rede de Marina Silva de aprovar uma emenda constitucional com o instituto do recall, pelo qual a presidente Dilma poderia ser retirada do poder através de uma consulta popular.
Houve há poucos dias a tentativa de fazer com que Dilma rompesse com o PT e partisse para uma nova coalizão partidária, que poderia contar até mesmo com setores da oposição. Os fatos, porém, atropelaram essas negociações, e hoje Dilma e Lula estão juntos no que pode ser um abraço de afogados, mas é a única maneira de os dois tentarem sair vivos politicamente dessa crise.
A oposição, por seu turno, começa a deixar a dubiedade para apoiar o impeachment da presidente, pois um processo de impugnação da chapa no Tribunal Superior Eleitoral pode levar mais um ano, com marchas e contramarchas no STF e, mais complicado que tudo, no terceiro ano de mandato um novo governo seria eleito de maneira indireta por este Congresso sem credibilidade diante da população.
A pressão agora é para que o PMDB rompa o mais rápido possível com o governo e entre de cabeça no processo de impeachment. Ao mesmo tempo, arma-se na Câmara uma ação conjunta para obstruir as sessões até que a permanência de Eduardo Cunha na presidência se torne inviável.
Alguma coisa terá que ser feita, e rápido, diante da deterioração do ambiente econômico e da mudança de patamar da crise política, com a Operação Lava-Jato tendo chegado literalmente às portas do ex-presidente Lula. Se as forças políticas que representam a maioria do país, hoje claramente posicionada contra o PT, não se unirem em busca de uma saída democrática para a crise, estaremos diante de uma ameaça de retrocesso institucional.
As milícias petistas mobilizadas na confrontação física nas ruas podem transformar o país em uma Venezuela, e quanto mais os fatos descobertos na Operação Lava-Jato forem sendo desvelados, mais a resposta violenta será a única saída.
O Congresso tem que encontrar rapidamente uma saída constitucional que possibilite a formação de um governo de transição democrática, e o caminho mais viável parece ser o impeachment, já que a presidente Dilma não se mostra capaz de, por si só, articular essa transição, e se revela comprometida cada dia mais com as ações criminosas que a levaram ao governo.
A crise ganhou um novo componente. E ele veste farda e pilota tanques
Por Ricardo Noblat (em O GLOBO)
A condução coercitiva de Lula para depor à procuradores da Lava-Jato não foi o fato que marcou a escalada preocupante da crise política que abala o país e ameaça derrubar o governo.
A crise ganhou um novo componente. Ele veste farda e tem porte de arma. Sua entrada em cena, ontem, foi o fato mais importante do dia em que o país quase parou, surpreso com o que acontecia em São Paulo.
Não é comum ver-se um ex-presidente da República, o primeiro operário entre nós a chegar ao poder, ser conduzido por agentes federais na condição de investigado em bilionário escândalo de corrupção.
Nunca antes na história deste país...
O episódio serviu para demonstrar a solidez de uma democracia reinaugurada por aqui há apenas 31 anos. A lei deve ser igual para todos. Um ex-presidente não merece tratamento especial.
O receio de que a ordem pública virasse desordem foi o que assustou os militares, levando-os a se manifestarem por meio dos canais disponíveis para isso. Há muito que eles não procediam assim.
Um batalhão do Exército, em São Paulo, foi posto de sobreaviso caso os protestos contra e a favor de Lula resultassem em violência, e as polícias militar e civil perdessem o controle da situação.
Geraldo Alckimin não foi o único governador avisado de que poderia contar com a ajuda do Exército se pedisse ou se a presidente da República a autorizasse.
Integrantes do Alto Comando do Exército telefonaram para os governadores dos Estados mais sujeitos a conflitos entre militantes políticos e os preveniram para a necessidade de manter a paz social.
O elenco de autoridades alcançadas pelos telefonemas de generais foi mais amplo. E incluiu ministros de Estado e líderes de partidos, de quase todos os partidos. Os do PT ficaram de fora.
A tensão entre os generais foi desatada quando militantes políticos se agrediram diante do prédio onde Lula mora em São Bernardo. E atingiu seu pico com o discurso de Rui Falcão, presidente do PT.
Enquanto Lula era interrogado na delegacia da Polícia Federal no aeroporto de Congonhas, Falcão pregava a ida para as ruas dos adeptos do PT e a realização de manifestações ruidosas.
Foi um duro discurso, embora pronunciado no tom ameno que caracteriza as falas de Falcão. De imediato, as várias instâncias do partido começaram a se mobilizar em obediência à nova palavra de ordem.
Até então, a máquina do PT parecia inativa, perplexa. No twitter, por exemplo, os termos mais em uso se referiam à prisão de Lula. Nas horas seguintes, os termos mais populares passaram a ser “golpe” e “ruas”.
Os generais estão temerosos com a conjugação das crises política e econômica e com o que possa derivar disso. Cobram insistentemente aos seus interlocutores do meio civil para que encontrem uma saída.
Não sugerem a solução A, B ou C. Respeitada a Constituição, apoiarão qualquer uma – do entendimento em torno de Dilma ao impeachment ou à realização de novas eleições. Mas pedem pressa.
Por inviável, mas também por convicções democráticas, descartam intenções golpistas. Só não querem se ver convocados a intervir em nome da Garantia da Lei e da Ordem como previsto na Constituição.
2 comentários
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Viviane Urbini Vomero BrasÃlia - DF
Nacionalismo digitalizado brasileiro -
Não tomo posição ou dores políticas partidárias nessa reflexão. Não divulgo ações específicas, partidos ou instituições. Como expectadora, capto, observo e analiso os acontecimentos e atitudes comportamentais de um povo sedento de verdade, educação e justiça. Entretanto, a falta desses fatores citados anteriormente leva essa nação riquíssima em recursos naturais e brasilidade à uma explosão de nacionalismo digitalizado desarmônico limitado. Exercer o nacionalismo no Brasil, atualmente, virou sinônimo de "viralizar" nas redes sociais e aplicativos de smartphones, vídeos, fotos e montagens de escárnio, desdém e julgamentos preconceituosos. Seja de situação ou oposição ao Governo. O processo de amadurecimento social perpassa pelo questionamento e posicionamento diante dos fatos. Considero muitos desses materiais criativos e alguns até bem coerentes, contudo, é necessário anexar à divulgação desse material a nossa conduta exemplar de cidadão responsável, honesto e possuidor de bom senso de coletividade. Caso contrário, essa falácia generalizada não tem qualquer sentido prático na evolução da nossa pátria. Ah, o bom senso! De coletividade então, que sonho! No coletivo não enxergamos as consequências de nossas atitudes cotidianas como, beber e dirigir, como burlar o imposto, como pagar indevidamente pessoas que nos prestam serviços, como impor posições religiosas, enfim, nos esquecemos da nossa tão sofrida e desprezada ética. O coletivo implica em aceitar a sociedade como um todo, e ter ações pessoais voltadas para esse todo, e nesse todo, todos contam. Uma pessoa com bom senso coletivo iria pensar, divulgar e protestar seus pensamentos para a resolução de problemas de maneira responsável ou gerar fragmentação e discórdia? Disputa ou comunhão de forças? Julgamentos incoerentes ou busca de soluções? Sobram críticas, desprezo, preconceitos, discórdia e faltam discussões fundamentadas com cordialidade, respeito, união, atitudes e soluções. O saqueamento e sucateamento das instituições públicas realmente enojam e revoltam qualquer ser minimamente pensante. A situação de conforto é da classe política no poder, qualquer ser, animal ou homem, em situação de conforto se mobilizará para manter-se nessa situação. Dessa forma, a mudança, para ocorrer, partirá de nós e em cada um de nós. Como responsáveis e coautores dessa mudança, que nos propomos a exercer com nosso nacionalismo prático e digitalizado, invoquemos a reflexão antes de disseminar algo nos perguntando: como estou atuando efetivamente para o bem de todos no meu país? Vou promover alguma coisa com isso? Vou gerar desconforto ou discórdia desnecessária? Nossos líderes deveriam buscar em Nelson Mandela o modelo e a inspiração de como UNIR uma nação em prol da tão aclamada ORDEM E PROGRESSO. A saber, alguns pensamentos desse grande homem: "Devemos promover a coragem onde há medo, promover o acordo onde existe conflito, e inspirar esperança onde há desespero. Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano que o seu oposto. Sonho com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos". Ele acabou com o apartheid na África do Sul, isso é um processo, mas se ele não tivesse tido essa postura de união por uma nação, o caminho para uma solução dificilmente seria alcançado. Até o líder da grande e mais poderosa nação do mundo John F. Kennedy coloca as nossas atitudes em cheque quando diz: "não pergunte o que a nação pode fazer por você, mas sim, o que você pode fazer pela sua nação". O nacionalismo digital pode sim! Entretanto, em minha humilde opinião, para mudar o sistema político vigente o rumo seria um movimento civil organizado e efetivo, com objetivos e metas maiores e comuns entre as diversas facetas da sociedade, como por exemplo, garantir a execução da lei de ficha limpa, responsabilidade fiscal e 10% (ou mais) do PIB na Educação. Uma vez atuante e integrado, esse movimento poderoso, será capaz de assegurar que atitudes enérgicas sejam cumpridas. Dito isso, voltando à realidade, vamos traçar os primeiros passos: Vamos mudar o foco da discórdia? Vamos rever o que podemos fazer pela sociedade? Vamos cobrar dos nossos políticos uma agenda positiva para solução dos problemas? Vamos propor soluções? Vamos cobrar ações e planejamentos públicos de longo prazo e não governamentais e/ou particulares dos políticos? Vamos ter atitudes mais cordiais, respeitosas e cidadãs? VAMOS NOS UNIR BRASIL?Que bom Viviani, que você veio nos ensinar que ultrapassar na faixa amarela, se bem que na mairia das propriedades rurais não tem nem estrada que dirá faixa, não sonegar dinheiro ao governo, todas essas coisas que você citou, são muito mais importantes e urgentes do que preocupar-se com a máfia que reside e atua aí na sua cidade, que roubou todo o país e quem tem um sonho, como você, de construir a pátria grande. Você também nos pede para tratarmos com cordialidade e carinho os mentirosos contumazes, os ladrões, os assassinos,... talvez por estar acostumada a viver entre psicopatas aí em Brasilia, todos muito limpinhos e cheirosos, mas com o dinheiro da malta, na cabeça de vocês, que sua e cheira mal. Estou cheio de amor, do amor de Cristo, aquele mesmo amor que surrou e expulsou os vendilhões do templo.
SR Rodrigo nao percebeu que essa senhora de Brasilia nao pode ser agricultora?----Trata-se de pessoa paga para influenciar as pessoas do nosso forum------VAMOS IGNORA-LA
Lincoln,Mandella,Gandhi,Martin Luther King,Madre Tereza,S Francisco de Assis,Jesus Cristo,Só pra citar alguns, jamais falaram para a platéia que os idolatrasse,nem diziam que eram honestos ou santos ,eles diziam que pela firmeza de suas ações , sem se deixar corromper as coisas iriam mudar,como mudarão se a consciência coletiva aprender a distinguir o certo do errado,infelizmente a caixa de ressonância da sociedade,os políticos ,e,principalmente os que nos dirigiram nos últimos anos pregaram uma coisa e fizeram outra totalmente distinta.,,Saudações mineiras,uai!
Israel Fernandes
¨ntervir¨ como em 64?