Trigo: Mesmo com preço atrativo, mercado sinaliza redução da área

Publicado em 02/03/2016 12:10

Cepea, 2 – Os preços atuais do trigo em grão pagos ao produtor estão bem superiores aos de um ano atrás, segundo pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Apesar disso, ainda há incertezas sobre a área da temporada de inverno a ser semeada a partir de abril. Os primeiros levantamentos do Cepea junto a seus colaboradores indicam diminuição na área – estimativas oficiais ainda não foram divulgadas.

A cautela de produtores está relacionada às incertezas quanto ao clima, ao seguro de custeio e aos elevados custos de produção. Por enquanto, no Paraná, especialmente nas regiões norte e oeste, colaboradores do Cepea sinalizam diminuição da área de trigo e maior interesse pelo milho segunda safra, que apresenta preço alto e boa rentabilidade.

No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, colaboradores do Cepea também acreditam em diminuição na área de trigo. No estado gaúcho, a cultura foi bastante prejudicada pelo clima nos dois últimos anos, o que desestimula os produtores.

Quanto aos preços, no correr de fevereiro, o maior interesse de moinhos pela compra de trigo no mercado doméstico e a baixa disponibilidade do produto de boa qualidade elevaram os valores internos do cereal, mesmo diante das baixas externas em grande parte do mês.

No mês, o valor do trigo no mercado de lotes (negociações entre empresas) subiu 2,9% em São Paulo, 1,8% no Rio Grande do Sul e 0,9% no Paraná. No mercado de balcão (ao produtor), as altas foram de 1,7% no Rio Grande do Sul e de 0,3% no Paraná. Em relação ao valor nominal (não atualizado pela inflação) de fevereiro de 2015, os aumentos ao produtor são de 36,2% no Rio Grande do Sul e de 30,7% no Paraná. No mercado de lotes, as elevações são de 30,7% no Paraná, 26% no Rio Grande do Sul e de 24,2% em São Paulo.

MILHO – O principal concorrente do trigo está bem atraente ao produtor. Os preços do milho no mercado doméstico seguem firmes em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea. Neste início de março, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (base Campinas-SP) voltou a fechar acima dos R$ 44,00/sc de 60 kg. Em termos reais, a média de fevereiro foi a maior desde dez/12 (valores deflacionados pelo IGP-DI base jan/16). Segundo pesquisadores do Cepea, a colheita do milho primeira safra avança no Sul e Sudeste do País, mas chuvas no final de fevereiro dificultaram os trabalhos em algumas regiões, limitando a disponibilidade do grão no spot nacional, que foi bastante “enxugado” pelas exportações. Em fevereiro, saíram de portos brasileiros mais de 5,37 milhões de toneladas, bem acima das 1,1 milhão de t de fevereiro/15. Paralelamente, as demandas interna e externa seguem firmes. Quanto ao milho da segunda safra, o semeio segue em bom ritmo e a estimativa é de aumento na área. A produtividade, no entanto, tem sempre grande dependência do comportamento do clima pelo menos até junho.

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Cepea

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