Moody's rebaixa nota soberana do Brasil para Ba2, nível "junk"; perspectiva é negativa
A agência de classificação de risco Moody's rebaixou a nota soberana do Brasil para dois degraus, sendo a última das três grandes a rebaixar o Brasil para grau especulativo, ou "junk". A nota foi cortada em dois degraus, de Baa3 para Ba2. A perspectiva é negativa.
O rebaixamento foi motivado por:
i) A perspectiva de deterioração adicional dos indicadores de dívida do Brasil em um ambiente de baixo crescimento, com a dívida provavelmente excedendo 80% do PIB nos próximos três anos; e
ii) A desafiadora dinâmica política, que continua dificultando os esforços de consolidação fiscal das autoridades e adiando reformas estruturais.
A perspectiva negativa reflete a visão de que riscos de uma consolidação e recuperação ainda mais lenta, ou de que ocorra choques adicionais, estão crescendo , criando incertezas sobre a magnitude da deterioração do perfil de dívida do Brasil ao longo do horizonte de rating.
FUNDAMENTO DOS RATINGS
FUNDAMENTO PARA O REBAIXAMENTO
As métricas de crédito do Brasil sofreram deterioração significativa desde a atribuição do rating Baa3, com perspectiva estável, em agosto de 2015. Espera-se que a deterioração continue nos próximos três anos devido à intensidade do choque para a economia brasileira, a falta de progresso do governo em alcançar seus objetivos de reformas fiscais e econômicas e a expectativa de que atual dinâmica política seja mantida nesse período. O rebaixamento para Ba2 visa capturar a deterioração em curso, enquanto a perspectiva negativa contempla os riscos de deterioração adicional no perfil de crédito do Brasil oriundos de choques macroeconômicos, aprofundamento da paralisia política ou a necessidade de suporte a entidades relacionadas ao governo.
PRIMEIRO FATOR -- DETERIORAÇÃO DOS INDICADORES DE DÍVIDA RESULTARÃO EM UM PERFIL DE CRÉDITO SIGNIFICATIVAMENTE MAIS FRACO NOS PRÓXIMOS ANOS
Os acontecimentos macroeconômico e fiscal nos próximos anos devem produzir um perfil de crédito significativamente mais fraco. A dívida do governo continuará aumentando durante 2016-2018 e provavelmente excederá 80% antes de se estabilizar. A dinâmica do crescimento vai permanecer fraca nos próximos anos aumentando a pressão sobre a política fiscal. Esperamos que o crescimento do PIB no período 2016-2018 seja equivalente a uma média negativa de 0,5%. Além disso, esperamos que as taxas de juros permaneçam elevadas em termos reais, o que contribuirá com a baixa comportabilidade da dívida-- os pagamentos de juros vão consumir mais de 20% das receitas do governo.
SEGUNDO FATOR -- DINÂMICA POLÍTICA DESAFIADORA DIFICULTARÁ OS ESFORÇOS DE CONSOLIDAÇÃO FISCAL E ADIARÁ REFORMAS ESTRUTURAIS
O crescimento da dívida do governo vai refletir, parcialmente, o lento progresso que se espera para que se atinja uma consolidação fiscal significativa. O encaminhamento dos desafios fiscais do Brasil exigirá significativa vontade política e consenso para reverter a tendência de alta no gasto público e estabilização da trajetória da dívida. O governo está trabalhando para obter apoio do Congresso para algumas reformas-chave, incluindo o aumento da idade mínima para aposentadoria e a redução da indexação das receitas. Porém, embora a discussão sobre reformas estruturais seja um elemento positivo, a aprovação dessas reformas pelo Congresso será difícil devido ao limitado apoio do governo no parlamento e aos desafios políticos enfrentados pela presidente. O fraco apoio político à presidente e à sua administração oferece pouca perspectiva de reformas de maior alcance durante o horizonte de rating.
FUNDAMENTO PARA A PERSPECTIVA NEGATIVA
Na visão da Moody's, o progresso na consolidação fiscal será lento e o crescimento econômico será anêmico nos próximos dois a três anos. O nível de ratings Ba2 incorpora a premissa de que o perfil de crédito se deteriorará nesse período. No entanto, a perspectiva negativa reflete a incerteza relacionada à interação entre política, economia e dinâmica financeira no Brasil e, em consequência, o potencial para materialização de choques adicionais, o que exerceria mais pressão negativa sobre o perfil de crédito soberano. Choques adicionais podem ter relação com o impacto do sentimento do investidor na recuperação do crescimento; com eventos políticos que reduzem ainda mais a capacidade do governo de progredir nas reformas estruturais; e/ou com a cristalização de passivos contingentes no balanço patrimonial do governo.
O QUE PODERIA ELEVAR O RATING
Uma elevação é bastante improvável no curto prazo devido à perspectiva negativa e à esperada deterioração nos indicadores de dívida no horizonte de rating. No entanto, pressões positivas sobre o rating podem surgir se as autoridades forem capazes de ordenar os desequilíbrios estruturais que levaram a uma persistente deterioração fiscal e ao aumento da dívida soberana. Tal resultado provavelmente seria associado à aprovação de reformas estruturais para reduzir a rigidez orçamentária, indexação de receitas e crescimento obrigatório em várias categorias de despesas apesar do fraco desempenho da receita. Uma maior clareza sobre a possibilidade e magnitude de passivos contingentes migrarem para o balanço patrimonial soberano, mais provavelmente vindos da Petrobras, também podem levar a Moody´s a estabilizar a perspectiva.
O QUE PODERIA REBAIXAR O RATING
Os ratings podem sofrer pressão de baixa adicional se a Moody´s vier a concluir que a deterioração nos indicadores fiscais e de dívida provavelmente ultrapassarão nosso cenário-base e que as autoridades brasileiras não serão capazes de alcançar a consolidação fiscal e encaminhar os desequilíbrios fiscais que impedem a reversão do aumento da dívida pública. Um resultado negativo provavelmente seria associado a uma falha coletiva por parte do Congresso e do governo em constituir uma estabilização crível e uma agenda de reformas no próximo ano, levando a uma perda adicional de confiança por parte do investidor, uma erosão dos colchões de liquidez externos e alto nível de incerteza política.
TETOS SOBERANOS
O teto de dívida de longo prazo em moeda estrangeira foi alterado para Ba1, enquanto o teto de dívida de curto prazo em moeda estrangeira foi alterado para NP. O teto para depósitos de longo prazo em moeda estrangeira foi alterado para Ba3 e o teto para depósitos de curto prazo em moeda estrangeira passou para NP. Os tetos para dívidas de longo prazo e depósitos em moeda local foram rebaixados para A3.
Moody's tira selo de bom pagador do Brasil e coloca perspectiva negativa
SÃO PAULO (Reuters) - A Moody's retirou o selo de bom pagador internacional do Brasil ao cortar o rating do país em dois degraus nesta quarta-feira e indicou que novos cortes podem vir ao mudar a perspectiva da nota para negativa, citando o ambiente econômico e político desfavorável do país.
A agência de classificação de risco rebaixou a nota de crédito do país a "Ba2", ante "Baa3". A Standard & Poor's e a Fitch já haviam retirado o grau de investimento do Brasil no ano passado, sendo que a S&P voltou a cortar o rating do Brasil em fevereiro, afastando o país ainda mais do selo de bom pagador.
"Os acontecimentos macroeconômico e fiscal nos próximos anos devem produzir um perfil de crédito significativamente mais fraco. A dinâmica do crescimento vai permanecer fraca nos próximos anos aumentando a pressão sobre a política fiscal", disse a Moody's em comunicado.
A agência citou que a dívida do Brasil deve exceder 80 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos três anos.
(Por Camila Moreira)
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Carlos Massayuki Sekine Ubiratã - PR
Recentemente estive lendo sobre o modelo Toyota de melhoria contínua (kaizen). Mais do que um método, é uma filosofia que envolve as pessoas para melhorar continuamente os processos, levando a ganhos constantes em eficiência e produtividade e que alavancou a referida empresa ao topo do ranking das maiores montadoras de automóveis do mundo. Faz parte do DNA e da cultura daquela empresa e basicamente consiste no envolvimento e na integração de todos os níveis hierárquicos, desde a alta administração até o chão de fábrica, na busca pela melhoria contínua e pela produção enxuta, sem perdas ou desperdícios. É um estado de constante insatisfação com a situação atual, a consciência de que mesmo que os resultados já sejam ótimos, nada é tão bom que não possa ser melhorado.
Ao que parece, o nosso governo está adotando um processo inverso, que poderíamos chamar de "piora" contínua. Consiste basicamente na total falta de planejamento, na criação de mais burocracia inútil, no isolamento da alta administração, preocupada só com a manutenção do poder e alheia ao que acontece no mundo real, na punição dos setores mais produtivos através de pesadas tributações, no compadrio e protecionismo de alguns setores da indústria, perpetuando ineficiências e vícios e na ingerência desastrada em setores estratégicos da economia como o da energia. Nos serviços públicos, salvo raras e honrosas exceções, a ineficiência, a mediocridade, a corrupção e a falta de compromisso dos dirigentes e funcionários são o padrão. A única coisa em que estão alcançando a excelência é na roubalheira. Nesse quesito se tornaram especialistas e estão entre os melhores do mundo. Se fosse uma empresa, claro que estaria falida, mas países não vão à falência, só ficam mais pobres, o que infelizmente já está acontecendo. Quanto ao futuro, não quero ser pessimista, mas enquanto esse governo estiver no poder, lembre-se que nada é tão ruim que não possa ser piorado.Sr. Carlos, são essas mentes sociopatas desses meliantes petistas que orientam suas ações. O pior é que têm a conivência da elite empresarial do país, muitos já foram decifrados pela Operação Lava Jato e, foram parar na cadeia, pois é lá o lugar de bandido. Infelizmente a classe política está blindada por leis legiferadas em causa própria e, os processos são mais "complexos".