Soja sobe até 3,7% nos portos do Brasil com boas altas em Chicago e avanço do dólar nesta 3ª

Publicado em 16/02/2016 17:00

Os preços da soja nos portos do Brasil refletiram com clareza a junção da Bolsa de Chicago em alta ao lado de um avanço de quase 2% do dólar frente ao real nesta terça-feira (16) e registraram ganhos que superaram os 3% e levaram quase todas as referências de volta à casa dos R$ 80,00.

Em Rio Grande, a pouca soja ainda disponível fechou com R$ 82,00 por saca e alta de 2,50%, enquanto em Paranaguá o mercado manteve os R$ 80,00. Já o produto da nova safra subiu 3,70% para R$ 84,00 no terminal gaúcho, enquanto ainda mantém os R$ 79,00 no paranaense. 

A moeda norte-americana encerrou o pregão desta terça subindo 1,86% e cotada a R$ 4,0705, ou seja, o maior valor de fechamento desde 28 de janeiro, conforme informou a Reuters, renovando suas máximas, portanto. E esse continua sendo o mais importante diferencial para o produtor brasileiro neste momento que, segundo analistas, ainda conta com um cenário favorável para concluir sua comercialização da safra 2015/16. 

Conforme os trabalhos no Congresso Nacioal vão ganhando ritmo no Brasil após o feriado do Carnaval, os temores sobre o futuro do país ganham força entre os investidores que temem, neste momento, o cumprimento do rigor fiscal e as mudanças que vêm sendo propostas pelo governo federal. E isso, aliado á turbulenta e incerta cena do mercado financeiro internacional. 

"Faz sentido buscar proteção (no dólar) em um cenário de incertezas locais como o atual", disse o superintendente regional de câmbio da corretora SLW João Paulo de Gracia Correa à agência de notícias Reuters.

Apesar desse momento ainda de preços atrativos para o sojicultor brasileiro, o fluxo de vendas do produto nacional está bem limitado e deve continuar dessa forma até meados de março, como explica Flávio França Junior, consultor da França Junior Consultoria. Os produtores seguem focados na conclusão da colheita e, além do mais, já têm boa parte de sua safra comercializada. 

"As operações acontecem só com aquele produtor que não vendeu, que se atrasou e que tem uma necessidade mais urgente. Esse é o fluxo normal", diz. E o produtor relata ainda a pressão que o avanço da colheita no Brasil, que já passa de 15% da área cultivada, segundo levantamentos, exerce sobre as cotações, principalmente no interior do Brasil. "Essa pressão também é normal", completa. 

Bolsa de Chicago

Na Bolsa de Chicago, os futuros da soja fecharam a sessão desta terça-feira com altas de 5 a 7 pontos nos principais contratos, porém, ao longo do dia os ganhos chegaram a superar os 10 pontos. Assim, o vencimento maio/16, referência para a safra do Brasil, terminou o dia com US$ 8,81 por bushel, e o agosto/16 com US$ 8,87. 

E as altas também refletiram um conjunto de boas notícias. Entre elas, os bons números dos embarques semanais norte-americanos de soja divulgados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que superaram as expectativas do mercado, como explica o analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais. "E na medida em que os embarques vão se confirmando, mais se caminha para a confirmação da meta do USDA para as exportações americanas de soja", diz. 

Na semana encerrada em 11 de fevereiro, os EUA embarcaram 1.760,174 milhão de toneladas de soja, contra 1.283,574 milhão da semana passada. As expectativas do mercadovariavam de 1 milhão a 1,2 milhão de toneladas. No acumulado da temporada, os embarques somam 35.876,245 milhões de toneladas, contra 40.292,894 milhões da campanha anterior. 

Além disso, a volta dos fundos de investimento à ponta compradora do mercado também contribuiu para os ganhos. No entanto, ainda segundo Motter, não há, mesmo entre os investidores, uma convicção de uma direção - tanto de altas como de baixas - bem definida para o mercado neste momento. "O dilema continua e os preços seguem confinados entre US$ 8,50 e US$ 9,00 por bushel", diz.

Além disso, mesmo que mais focada na soja da América do Sul, a demanda mundial ainda sustentada também é fator de suporte para as cotações, ainda segundo Motter. Enquanto as discussões sobre o futuro da economia da China preocupam os investidores, outras frentes afirmam que a demanda da nação asiática por alimentos está assegurada, já que as importações ainda são determinantes para a garantia da segurança alimentar local e para um equilíbrio do setor. 

Analistas internacionais afirmam ainda que algumas complicações da logística brasileira também puxaram os preços da oleaginosa neste início de semana para os negócios na CBOT. Os traders acompanham lineup dos portos nacionais, onde começam a surgir as possibilidades de um atraso no embarque da soja por conta do excesso de chuvas. Segundo noticiou a Reuters, há 163 navios aguardando para serem carregados com a oleaginosa e milho nos terminais, o dobro do registrado no mesmo período do ano passado, de acordo com a agência Williams, o que totaliza, aproximadamente 9,73 milhões de toneladas.

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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