Emater/RS apresenta estimativas parciais da safra das frutíferas cultivadas na Serra
Na Serra gaúcha, a colheita da uva prossegue até o próximo mês, a do pêssego já encerrou e a do caqui ainda nem começou. No entanto, de forma geral, todas as frutíferas cultivadas na região devem apresentar quebra na safra 2015/2016, que podem variar de 17 a 71%, com exceção do morangueiro, que não registra perdas. Um balanço parcial da safra foi divulgado nesta quarta-feira (27/01), pelo escritório regional da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, a partir de levantamento realizado em todos os municípios produtores.
Conforme os dados apresentados pelo presidente da Emater/RS, Clair Tomé Kuhn, a videira, cultura com maior área cultivada na Serra, com 38 mil hectares, apresenta uma redução expressiva na produtividade, de 56% em relação à média histórica, e de 65% de relação à safra 2014/2015, o que representa cerca de 550 mil toneladas a menos da fruta no mercado, e um impacto financeiro direto de R$ 380 milhões. No caqui, a queda na produtividade poderá chegar a 71% e no kiwi, a 67%.
Conforme o agrônomo da Emater/RS-Ascar, Enio Ângelo Todeschini, ainda na viticultura, o principal fator que afetou a produtividade, a qualidade e a rentabilidade bruta da atual safra foi o esgotamento fisiológico das plantas, o que é natural após várias safras com alta produtividade, especialmente a de 2014/2015, que exigiram grande mobilização de nutrientes e energia pelas plantas para a produção. As reservas de nutrientes também foram afetadas pelo clima, que gerou o desfolhamento precoce das vinhas. Aliás, o clima também contribuiu bastante para uma safra menor. O inverno atípico causou uma brotação irregular e desuniforme das gemas de folhas e de flores.
“As espécies caducifólias requerem uma soma mínima de horas de frio abaixo de 7,2 graus para poderem superar o ciclo hibernal de dormência, reiniciando a fase de brotação e frutificação na primavera. Segundo a Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves foram contabilizadas apenas 140 horas em 2015, diante de uma média de 409 horas nos últimos 35 anos”, explica o agrônomo.
Ainda segundo ele, o mês de agosto registrou temperaturas acima da média, o que antecipou a brotação e o florescimento das frutíferas, deixando-as expostas ao risco de danos por geadas tardias. E foi o que aconteceu. As geadas ocorridas no período de 11 a 13 de setembro afetaram severamente o potencial produtivo dos pomares. Não bastasse isso, a primavera foi marcada por precipitações acima da média. “A excessiva e constante umidade prejudicou a polinização/fecundação das flores e o pegamento das frutinhas, e os dias encobertos afetaram o potencial de crescimento dos ramos e frutas”, explicou Todeschini, ao salientar que, “além disso, o constante molhamento - água livre sobre a copa - condicionou o surgimento de epidemias das principais doenças incidentes na fruticultura, principalmente o míldio (mufa) na viticultura, exigindo frequentes tratamentos para seu controle”.
Como consequência da maior aplicação de fungicidas, que muitas vezes precisaram ser reaplicados devido à chuva, e da desvalorização do real frente ao dólar, o que impactou no preço dos insumos (óleo diesel, fertilizantes, fungicidas, etc), houve um aumento considerável nos custos de produção das frutas, que vêm apresentando qualidade abaixo do esperado, no que se refere à coloração, sabor e teor de açúcar, entre outros.
Em compensação, a lei da oferta e da procura tem beneficiado os produtores, que têm seu produto valorizado devido à oferta reduzida. “De modo geral, todas as espécies de frutíferas produzidas na região registram um amento médio de 25% no seu preço, o que ameniza as perdas no volume produzido impostas principalmente pelas condições climáticas, bem como as perdas financeiras. Outra consequência do menor volume de produto disponível será o abastecimento do mercado com frutas provenientes de outras regiões ou países”, esclarece o agrônomo.
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