REINALDO AZEVEDO: Lula, seria derrotado por Aécio, Alckmin e Marina. E por larga margem

Publicado em 29/11/2015 17:29
Rejeição ao nome de Lula se aproxima de 50%; e há espaço para ele cair ainda mais (E MAIS: “O nome da crise” e outras seis notas de Carlos Brickmann)

 

Datafolha 1 – Lula seria derrotado hoje por Aécio, Alckmin e Marina. E por larga margem

Discordo de leitura que Folha fez da pesquisa; Marina pode ser maior beneficiária de derrocada do PT, mas PSDB ganha, sim

 

A Folha de domingo traz números de uma pesquisa Datafolha que indicam a situação miserável a que chegou o PT — e, é bom que os companheiros saibam, o que se tem aí ainda não é o fundo do poço. Os dados a esta altura são conhecidos, e a interpretação que lhes deu texto da Folha também. Começo este meu post destacando os números e, ao mesmo tempo, discordando da leitura que deles fez o jornal.

Leio o seguinte título na página A6: “Com a derrocada do PT, quem ganha não é o PSDB, mas Marina”. Bem, ouso dizer que isso vai além da interpretação. Trata-se de um erro porque os dados não o confirmam. Vamos ver os números da simulação de primeiro turno (se preciso, clique na imagem para ampliá-la).

Datafolha - 11-2015-1

Se a eleição fosse hoje, no cenário em que Aécio Neves é o candidato do PSDB; Marina, a da Rede, e Lula, o do PT, o tucano aparece com 31% das intenções de voto; o petista com 22%, e a redista com 21%.

Em relação a uma pesquisa de junho, Marina oscilou três para cima; Lula, o mesmo tanto para baixo, e Aécio aparece com quatro a menos. Como a margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos, o certo, aprendi com o Datafolha, não é falar em queda ou crescimento, mas em oscilação.

Quando Alckmin é o candidato tucano, oscila de junho para novembro de 20% para 18%; Lula, de 26% para 22%, e Marina, de 25% para 28%. Também na margem de erro.

Num terceiro cenário, incluindo os nomes da psolista Luciana Genro (3%), do verde Eduardo Jorge (2%) e do peemedebista Michel Temer (2%), Aécio fica com 31%; Lula, com 22%, e Marina com 21%. Numa quarta composição, com Alckmin no lugar de Aécio, o governador de São Paulo obtém 18%; Lula, 22%, e Marina 28%.

Muito bem! Ocorre que o primeiro turno, a menos que o candidato consiga 50% mais um dos votos válidos, não elege ninguém. Vejam os números do segundo.

Datafolha - 11-2015-2

Se as simulações de primeiro turno não endossam a conclusão do texto da Folha, tampouco as de segundo. Ora vejam: num eventual embate, Aécio venceria Lula por 51% a 32%. Também Alckmin bateria o petista, por 45% a 34%. O senador tucano empataria com a líder da Rede (42% a 41%). Ela ganharia do chefão petista por 52% a 31% e chegaria à frente do atual governador de São Paulo com 49% a 33%.

O lead da matéria da Folha está alguns graus abaixo do título. Lê-se lá: “Do ponto de vista eleitoral, o maior beneficiado com a combinação de crise política e econômica não parece ser o PSDB, principal opositor da presidente Dilma Rousseff, mas a hoje reclusa Marina Silva (…)”.

Vistos os números, afirmar que Marina é “a maior beneficiária” faz sentido, mas jamais que “quem ganha não é o PSDB, mas Marina”.

Digam-me cá: é pouca coisa dois dos presidenciáveis tucanos derrotarem o mítico Lula por uma diferença de 19 pontos (Aécio) ou 11 (Alckmin) no segundo turno? Em dois dos cenários em que aparece como candidato, o senador mineiro lidera no primeiro.

“Ah, mas Marina também bate Lula, empata com um tucano e ganha de outro…” Segundo o Datafolha, é verdade. E, por isso, hoje, pode-se dizer que ela é “a maior beneficiária”, mas jamais que o PSDB “não ganha” com a derrocada petista. Ganha, sim! Tanto é que vence o principal nome do PT com Aécio ou com Alckmin.

 

Datafolha 2 – Lula, o zumbi que ronca papo. Trilha sonora: “walking dead”

Rejeição ao nome de Lula se aproxima de 50%; e há espaço para ele cair ainda mais

 

Quando cito o nome de Lula no programa “Os Pingos nos Is”, da Jovem Pan, peço para tocar a música-tema de “walking dead”. Lula é um zumbi. Lula é um morto-vivo. Lula é um cadáver político que procria porque seu passado está saindo do armário.

Como se vê, ele seria batido num segundo turno, com folga, por Aécio, Alckmin ou Marina. Mas não é só isso, não. Nada menos de 47% dizem que não votariam nele de jeito nenhum. Finalmente, os brasileiros estão ligando a obra à pessoa. A rejeição a eventuais adversários seus é infinitamente menor: Aécio (24%), Michel Temer (22%), Alckmin e Marina (17%).

Há outra evidência de corrosão da sua imagem: em dezembro de 2010, 71% dos brasileiros diziam que ele era o melhor presidente da história; em abril deste ano, chegava a 50%; agora, apenas 39%. Sim, ele ainda lidera, mas…

Notem: esse número nunca quis dizer grande coisa porque um enorme contingente que responde nem tem memória pessoal ou histórica para ser judicioso sobre o passado.

A despencada indica fatalmente o número de pessoas, mais jovens, que mudaram de ideia em relação a Lula.

Pois é… No dia 3 de abril, escrevi uma aqui coluna na Folha intitulada: “Lula está morto”.

Bingo!

 

Datafolha 3 – O PT conseguiu: corrupção é tida pela maioria como o maior problema do país

Violência moral e ética consegue indignar mais os brasileiros do que açougue de carne humana, com mais de 50 mil homicídios

 

 

No país que tem mais de 50 mil homicídios por ano, a violência está apenas em quarto ou quinto lugar no ranking dos maiores problemas, segundo a população. Isso dá conta de uma outra violência, a moral e ética, representada pelo PT.

Segundo o Datafolha, a corrupção é apontada como o maior problema do Brasil por 34% dos entrevistados. Na sequência, mas bem abaixo, vem a saúde, com 16% — e olhem que a população pobre é verdadeiramente torturada nas filas dos hospitais públicos.

O desemprego, que também caminha célere, vem em terceiro, com 10%. A lastimável educação brasileira fica com 8%, empatada com violência/segurança.

De algum modo, os brasileiros começam a se dar conta de que o país é um açougue de carne humana, maltratada nos pardieiros que passam por hospitais e escolas, porque larápios se ocupam de assaltar o Estado, em vez de pôr o bem público a serviço do público.

O PT conseguiu, não é mesmo? É claro que os companheiros vão dizer que assim é porque os governos petistas investigam mais do que os outros. Bem, dada a dimensão dos escândalos que estão aí, seu alcance e seu enraizamento, parece evidente que assim é porque se rouba em proporções também inéditas.

Nunca antes na história “destepaiz”.

 

Datafolha 4 – Reprovação ao governo Dilma não cai; dois terços a querem fora

Embora 65% afirmem que Congresso deve abrir processo de impeachment, só 36% acham que presidente será afastada

A reprovação ao governo Dilma não caiu: oscilou dentro da margem de erro, que é de dois pontos para mais ou para menos. Em agosto, no maior número alcançado, 71% consideravam seu governo ruim ou péssimo (logo, podia estar entre 69% e 73%); agora o Datafolha diz que são 69% (logo, pode estar entre 67% e 71%). Também os que dizem ser o governo regular ou ótimo e bom variaram dentro da margem: no primeiro caso, de 20% para 22%; no segundo, de 8% para 10%.

Só para se ter uma noção da trajetória: em março de 2013, há menos de dois anos, só 7% diziam que governo Dilma era ruim ou péssimo; agora, 67%. O índice negativo subiu 60 pontos. Naquele ano, espetaculares 65% achavam a gestão ótima ou boa; agora, apenas 10%: o índice bom caiu 55 pontos.

Impeachment

Datafolha 11-2015-5
O Congresso deve abrir um processo de impeachment contra Dilma? Praticamente dois terços dos brasileiros (65%) continuam a achar que sim — em agosto, eram 66%. Generoso, o brasileiro dá a Dilma a chance da renúncia: 62% acreditam que ela deveria fazer essa escolha.

Indagados se acham que Dilma vai sair, aí a maioria acha que não: 56% (eram 53% em agosto). Dizem que “sim” 36% (contra 38% há três meses).

Notem: essa diferença entre o que os brasileiros acham que DEVERIA acontecer e aquilo que ACHAM que vai acontecer não aponta para um bom lugar.

Isso corresponde, acho eu, a uma clara desconfiança nas instituições e na aposta de que o arranjo politiqueiro e o cinismo, como poderia dizer a ministra Carmen Lúcia, vai vencer a esperança.

(Por REINALDO AZEVEDO).

 

“O nome da crise” e outras seis notas de Carlos Brickmann

Publicado na Coluna de Carlos Brickmann

 

A prisão do senador Delcídio chamou a atenção. Mas outra prisão, realizada ao mesmo tempo, envolve um personagem muito mais importante: o banqueiro André Esteves, presidente do BTG Pactual. Banqueiro ─ e acionista do UOL, da área de Comunicações; banqueiro ─ e sócio da Petrobras na exploração de petróleo na África; banqueiro ─ e dono de uma imensa rede nacional de farmácias, a Brasil Farma; banqueiro ─ e sócio de uma grande empresa que fornece plataformas à Petrobras. Banqueiro ─ e, principalmente, dono de um moderno jatinho intercontinental Falcon, da francesa Dassault, bem do tipo sugerido por Delcídio para que Nestor Cerveró voasse sem escalas, direto, refugiando-se em Madri.

 

Esteves se move nos mais diversos setores da economia. E transita bem na política. Doou para Dilma e Aécio, cimentou amizades em todos os partidos. Essa rede de bons relacionamentos, narra o ex-presidente da Federação do Comércio de São Paulo (e hoje seu presidente emérito), José Papa Jr., o ajudou a tornar-se controlador do Banco Panamericano, aquele de Sílvio Santos. O Fundo Garantidor de Crédito ─ cuja função é garantir as contas de pequenos depositantes de bancos quebrados ─ colocou uns sete bilhões no Panamericano. E Esteves, que investiu uns 500 milhões, ficou com o banco, tendo a Caixa como minoritária.

Esteves tem estilo agressivo de negociar. Já teve de fazer acordo com a CVM, e pagar R$ 8 milhões, para evitar problemas quando se descobriu que transferia lucros do banco para a Romanche Investment. Uma empresa suíça.

As palavras do sábio

André Esteves é um empresário ágil, esperto. Como dizia Tancredo Neves, que conhecia o mundo, a esperteza, quando é muita, acaba comendo o esperto.

The way they are

Para entender o que se lê sobre o BTG Pactual, banco comandado por André Esteves, é preciso conhecer idiomas. Segundo as informações oficiais, ele é Chief Executive Officer do BTG Pactual, que atua em investment banking, sales & trading, corporate lending, wealth management, asset management e debt underwriting.

E BTG quer dizer “back to game”, volta ao jogo. Esteves, que tinha saído do Pactual, voltou triunfalmente, e colocou o BTG no nome do banco.

Acredite: mexeram-se!

Nesta sexta, dia 27, três semanas após o rompimento da barragem da Samarco em Mariana, o governo federal deu um sinal de vida: a presidente Dilma Rousseff convocou os governadores de Minas, Fernando Pimentel, do PT, e do Espírito Santo, Paulo Hartung, do PMDB, para uma reunião. Objetivo: saber como está a região após o desastre ecológico e econômico.

Mas, caro leitor, tenha calma: não se precipite. Não é, obviamente, para tomar alguma providência em favor dos atingidos. É para montar a apresentação que a presidente fará em Paris durante a reunião da cúpula da comissão internacional de mudanças climáticas. A população nacional que se vire. O importante é fingir bem para os gringos.

Março é agora

Antes da prisão do senador Delcídio, os cálculos políticos indicavam que a crise teria uma parada gradativa: Renan e Cunha iriam sufocando devagar as CPIs, viriam as festas, o recesso (inclusive do Judiciário), o Carnaval. No ano que vem há eleições municipais, há os Jogos Olímpicos. Mas março seria um mês perigoso: depois do Carnaval, antes das temporadas olímpica e eleitoral.

Com a prisão de Delcídio, março já começou. A crise se mantém, e viçosa. O governo tem de matar um leão por dia (agora, por exemplo, votar o ajuste do orçamento, para não reentrar nas pedaladas fiscais). E se Delcídio falar?

Pagou e não levou

O problema de Dilma é que, para enfrentar essa crise, não tem base parlamentar. Ganhou algumas votações na Câmara, nestes dias, mas não por ter maioria: apenas porque a oposição não alcançou a maioria suficiente, de metade mais um, para derrubar seus vetos. Isso depois que deu aos partidos que, supõe, a apoiam, todos os cargos que pediram, buscando atender a cada uma das alas que os compõem ─ e existem exatamente para poder pedir mais boquinhas.

A oposição tem maioria, embora não tenha um projeto conjunto, nem lideranças competentes, o que facilitaria o trabalho dos governistas, se trabalho houvesse. Com essa base parlamentar, Dilma terá de enfrentar dias ruins daqui para a frente. E, repetindo uma frase anterior, o trabalho será muito pior se Delcídio falar. Ele sabe.

Ninguém sabe, ninguém viu

Delcídio Amaral sempre ganhou bem: engenheiro eletricista, trabalhou para a Shell na Europa por dois anos, foi diretor da Eletrosul, secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, ministro de Minas e Energia, diretor de Gás e Energia da Petrobras, secretário da Infraestrutura do governo de Mato Grosso; é senador desde 2002.

Sempre ganhou bem, mas sempre viveu de salário. Por mais que ganhasse, não seria suficiente para ter a casa que tem em Campo Grande ─ lá, no aniversário de 15 anos de sua filha, couberam 700 convidados, atendidos por seis chefs de cuisine, com divisões para comidas típicas de diversos países (https://wp.me/pO798-96r).

Ninguém notou ─ nem políticos, nem jornalistas?

Lula precisa ensinar ao caçula que tentar tapear a polícia com um besteirol pescado na internet também é coisa de imbecil

Atualizado às 12h30

lula - 5

Tão amável com companheiros que praticam delinquências sem chamar a atenção do camburão estacionado na esquina, tão cordial com meliantes que escondem ou apagam as provas do crime, Lula fica grávido de cólera quando bandidos de estimação protagonizam trapalhadas de trombadinha aprendiz. Era previsível que atravessasse o almoço promovido pela CUT nesta quinta-feira com Delcídio do Amaral entalado na garganta.

“Coisa de imbecil!”, repetiu de dez em dez minutos o ex-presidente, indignado não com o que andou fazendo o senador fora da lei, mas com o que deixou de fazer para prevenir perigos e contornar a gaiola. O que Lula qualificou de “uma grande burrada” foi a inexistência de cuidados e cautelas que o livrariam de gravadores letais. “Que loucura!”, exclamou na hora da sobremesa. “Que idiota!”, reiterou ao despedir-se dos convivas. À saída, avisou que não haverá perdão para quem presenteia a Justiça com uma conversa como a gravada pelo filho de Nestor Cerveró.

Se merecem a danação eterna os que facilitam o trabalho da polícia, não foi ameno o almoço da família Lula da Silva neste sábado: o patriarca, Marisa Letícia e seus lulinhas tiveram de digerir o capítulo mais recente da história muito mal contada em que se meteu o caçula Luís Cláudio. Como informa o site de VEJA, o país ficou sabendo que os textos entregues pelo garotão à Polícia Federal, para justificar o recebimento de 2,4 milhões de reais desembolsados por uma empresa de lobby, são “meras reproduções de conteúdo disponível na internet, “em especial, no site do Wikipedia”.

Até a piscina do Instituto Lula sabe que o escritório Marcondes & Mautoni, um viveiro de lobistas, repassou a bolada a Luis Cláudio para que o pai enxergasse com olhos complacentes a renovação de uma medida provisória que abençoara com mais privilégios empresas do setor automobilístico, várias das quais figuram na lista de clientes dos doadores do dinheiro. O ajudante de preparador físico de times de futebol que virou dono de uma empresa de marketing esportivo continua jurando que não.

No depoimento à Polícia Federal, Luís Cláudio garante que ficou mais rico graças a “projetos de pesquisa, avaliações setoriais e elaboração propriamente dita”, com “foco relacionado à Copa do Mundo e à Olimpíada” do Rio. Analistas que examinaram cópias do material apresentado pelo jovem negociante notaram que tudo “parecia ser de rasa profundidade e complexidade, em total falta de sintonia com os milionários valores pagos”. O lulinha menos esperto nem se deu ao trabalho de encomendar a algum revisor retoques e remendos no besteirol pescado na internet.

Se uma vigarice tão mambembe fosse concebida por outro sobrenome, Lula reagiria com pitos de espantar Dilma Rousseff. O que ouviu do pai o lulinha que tentou tapear os investigadores engajados na Operação Zelotes com uma tremenda burrada? Já soube que o que fez é coisa de imbecil, prova de idiotia, sinal de loucura? Caso falte coragem para palavrórios ferozes, o chefe da família precisa ao menos levar o caçula para um canto da sala, mostrar-lhe um recorte de jornal com o que disse sobre o senador engaiolado e rosnar a ordem em surdina: “Deixe imediatamente de ser delcídio!”.

(Por AUGUSTO NUNES).

 

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo, veja.com

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