Veja diz que Temer se prepara; Josias diz que Dilma acha que superou o impeachment
Planalto crê que superou risco de impeachment, por Josias de Souza (UOL)
Um dos operadores políticos de Dilma Rousseff escora-se num raciocínio do ex-governador mineiro Magalhães Pinto para definir a conjuntura. Política é como nuvem, dizia Magalhães. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou. Na avaliação predominante no governo, disse o auxiliar da presidente, as nuvens carregadas do impeachment, visíveis até bem pouco, dissiparam-se.
Há dois meses, recorda o analista, Eduardo Cunha comportava-se como oposicionista, o Planalto colecionava derrotas no Legislativo e a oposição equipava-se para abrir o processo de cassação do mandato de Dilma antes do final do ano. Hoje, o presidente da Câmara joga com o governo, o Planalto começa a sair das cordas e a oposição deixa gradativamente de ser monotemática.
Além da própria Dilma, compartilham da tese de que as nuvens tornaram-se menos ameaçadoras, Lula e os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Articulação Política). Porém, eles reconhecem —em maior ou menor grau— que a estabilidade política do governo, por precária, está enganchada nos indicadores econômicos e na imprevisibilidade da Lava Jato.
Paradoxalmente, a margem de manobra do governo cresce na proporção direta da redução da influência de Dilma em seu próprio governo. Em privado, Lula intercala críticas a Dilma e auto-elogios. Afirma, por exemplo, que a coisa começou a melhorar depois que a afilhada política ouviu os seus conselhos e trocou na Casa Civil Aloizio Mercadante pelo “Galego”, como se refere a Jaques Wagner.
Deve-se a Wagner e ao próprio Lula a desobstrução do diálogo com Eduardo Cunha. Uma conquista de dois gumes, já que pressupõe o socorro das forças governistas ao vilão de mostruário da Lava Jato. Um passo em falso do PT no Conselho de Ética e Cunha pode voltar a torcer o braço de Dilma.
Para completar sua intervenção na Presidência da afilhada política, Lula agora pega em lanças pela troca de Joaquim Levy por Henrique Meirelles, no Ministério da Fazenda. Se ceder, Dilma sinalizará em definitivo que, não podendo elevar a própria estatura, não se importa de rebaixar o pé direito do seu gabinete. Se resistir, oferecerá matéria prima nova para que Lula continue exercendo seu papel predileto: o de inimigo cordial da ex-gerentona.
Na VEJA: O plano Temer
O vice-presidente se prepara para a cada vez mais presente eventualidade de a titular ser afastada do poder. Ele conversa com políticos, juristas e empresários. Tem um plano para si e para o Brasil pós-Dilma. Não vê conspiração, mas cautela
"Vá buscar o funcionário a quem compete me substituir." Essa foi a ordem de Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente da República, em 1891, mandando avisar a seu vice e desafeto, Floriano Peixoto, que o cargo estava vago. Desde o nascimento da República, em momentos de impasse, vices se ergueram do segundo plano para assumir o poder. Em 1909, Nilo Peçanha assumiu depois da morte do presidente Affonso Penna. Delfim Moreira, oitavo vice-presidente, tornou-se o terceiro a assumir a Presidência, pelo falecimento de Rodrigues Alves, vítima da gripe espanhola. Café Filho, pela morte de Getúlio Vargas, a caminho do impeachment. Jango, pela renúncia de Jânio Quadros. A Junta Militar, pela doença do general Costa e Silva. José Sarney, pela morte de Tancredo Neves, e Itamar Franco, pelo impeachment de Fernando Collor.
Agora, Michel Temer, pelo sim, pelo não, decidiu se preparar para a possibilidade, cada dia mais real, de Dilma Rousseff ser afastada do poder. Em trinta anos de carreira política, Temer se portou sempre com discrição, evitou polêmicas e mediu cuidadosamente cada palavra dita, a fim de se equilibrar entre interesses diversos e muitas vezes contraditórios. Aos olhos do público, tornou-se o retrato do político sem sal. Nos bastidores, no entanto, consolidou-se como um especialista na arte de trabalhar em silêncio, costurar acordos de coxia e escalar degraus na hierarquia do poder. Mesmo sem despertar paixões, Temer conquistou três vezes a presidência da Câmara dos Deputados e elegeu-se duas vezes vice-presidente da República. Mesmo sem brilhar nas urnas, prepara-se agora para o maior desafio de sua trajetória. Temer e caciques do PMDB, partido que ele preside, estão certos de que Dilma Rousseff será cassada no começo do próximo ano. Em vez de ajudá-la, querem substituí-la. E o plano, ousado, vai muito além da simples intenção. Eles já têm em mãos uma tese jurídica para garantir a posse do vice, uma proposta destinada a tirar a economia da UTI e até alianças fechadas no Congresso.
A presidente Dilma Rousseff, como se sabe, enfrenta um momento inédito de fragilidade. Não tem apoio popular nem parlamentar, lida com um cenário de recessão e inflação e está ameaçada pela possibilidade de abertura do processo de impeachment. Além disso, corre o risco de ter o mandato cassado pela Justiça Eleitoral, caso seja acolhida a denúncia de que abusou de poder político e econômico, incluindo dinheiro sujo do petrolão, para se reeleger. É justamente na frente aberta no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que Temer e o PMDB apostam para assumir o governo. As ações na corte têm a chapa Dilma e Temer como alvo. A estratégia do peemedebista é separar a análise das contas de campanha da presidente da análise das contas de campanha do vice. A meta é imputar os crimes cometidos apenas à mandatária, excluindo o vice de eventual punição, o que lhe daria o direito de ascender ao cargo de presidente. Especialista em direito constitucional, Temer elaborou de próprio punho um parecer preliminar que, em sua avaliação, permite ao TSE desvincular as duas contas. O texto já foi apresentado a ministros de tribunais superiores, juristas renomados e especialistas em direito eleitoral. A receptividade animou Temer.
Com reportagem de Hugo Marques
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Com jovens, Lula ataca a mídia e poupa Cunha (por Josias de Souza)
Lula participou de um encontro com jovens na noite desta sexta-feira (13). Deu-se no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Discursou por cerca de 50 minutos. Como de hábito, atacou a mídia. Disse que os meios de comunicação só dão destaque para notícias ruins, como casos de corrupção. O objetivo é “fazer o jovem não gostar de política.” Outros oradores espinafraram o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, acusado de desviar verbas da Petrobras. Lula preferiu poupá-lo.
A certa altura, Lula tratou a internet como uma conquinta paradoxal. Ajuda a difundir a informação entre os jovens. Mas, graças à imprensa, também dissemina boatos e pessimismo. “Há uma construção de negatividade da mídia que tem o objetivo de negar a política e fazer o jovem não gostar de política. Eles negam o Estado. E o jovem acaba achando que todos são iguais, que nada funciona, e vira rebelde por ser rebelde'', lamentou o morubixaba do PT.
Ex-sindicalista, como Lula, o deputado Vicentinho (PT-SP) falou aos jovens sobre um dos temas preferidos da mídia no momento: o envolvimento do comanante da Câmara no escândalo da Petrobras. “O Eduardo Cunha é o pior presidente que a Câmara já teve”, disse. Classificou de “ato maravilhoso” a chuva de dólares falsos que caiu sobre a cabeça de Cunha, no instante em que concedia entrevista no salão defronte do plenário da Câmara.
Coordenadora do Levante Popular da Juventude, movimento que providenciou as réplicas de dólares atirados sobre Cunha, Thays Carvalho também falou aos jovens reunidos no Sindicato do ABC. “O Eduardo Cunha é o grande inimigo da juventude brasileira”, declarou.
Defensor da tese segundo a qual o PT deve aliviar a barra de Cunha para que ele não cause problemas para Dilma no Legislativo, Lula absteve-se de falar sobre o personagem. Uma pena. No seu discurso, Lula estimulou os jovens a se tornar políticos. Talvez fizesse a garotada respeitar mais a política se conseguisse explicar como Cunha conseguiu enfiar cunhas nos cofres da Petrobras durante o seu governo. Mas, para isso, o orador teria de substituir o lero-lero sobre a “negatividade da mídia” por um lote de boas explicações. E Lula acha que não deve nada para ninguém. Muito menos explicações.
Filho de Lula pede providências contra ‘vazamento’ de depoimento dado à PF (Josias de Souza)
Luís Cláudio Lula da Silva, filho de Lula, pediu ao ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) que determine a abertura de investigação sobre o vazamento de informações sigilosas do processo que o envolve. Fez isso por meio de representação assinada por seu advogado, Cristiano Zanin Martins. O documento é datado desta sexta-feira (13).
O caçula de Lula tem razões para se preocupar. Em depoimento prestado à Polícia Federal há dez dias, ele não conseguiu explicar como e por que ganhou R$ 2,5 milhões do escritório de consultoria Marcondes & Mautoni, de Mauro Marcondes, investigado na Operação Zelotes por suspeita de comprar medidas provisórias que favoreceram montadoras de automóveis com incentivos fiscais.
Os depoimentos de Luís Cláudio e de Mauro Marcondes ganharam as páginas da edição mais recente de Época. O ministro da Justiça foi acionado depois que repórter da revista procurou o advogado do filho de Lula para ouví-lo sobre a precariedade das informações repassadas à Polícia Federal.
Para o defensor de Luís Cláudio, ele “já prestou todos os esclarecimentos e afastou qualquer ligação com os possíveis ilícitos investigados.” Para os investigadores federais, ainda há muito por esclarecer.
Formado em educação física, Luís Cláudio, 30 anos, abriu uma empresa de consultoria em marketing esportivo, a LFT. A despeito de não ter nenhum funcionário e da experiência escassa do dono, a firma foi contratada pela consultoria Marcondes & Mautoni, especializada no ramo automobilístico, para realizar seis serviços entre junho e julho de 2014.
A LFT recebeu R$ 2.552.400 para realizar trabalhos variados – desde estudos relacionados à Copa do Mundo e à violência nos estádios até a enigmática “elaboração de análise de marketing esportivo como fator de motivação e integração nas empresas com exposição de casos e oportunidades”.
Ao depor na PF, a memória de Luís cláudio falhou diante de questões básicas. Por exemplo: como se chegou ao valor milionário da consultoria? A transcrição do depoimento do filho de Lula anota que ele “não se recorda, neste momento, o valor desse projeto.”
Luís Cláudio disse “que utiliza como parâmetro a quantidade de horas trabalhadas para a fixação dos valores cobrados aos seus clientes nos projetos que executa, que não sabe mensurar, neste momento, o valor cobrado pela sua hora de trabalhar”. Mas quantas horas teve de trabalhar? O contratado não soube responder.
Qual a margem de lucro? Quanto custou para executar o projeto? “Que, neste momento, não tem noção de quanto foi o custo de execução desse projeto; que também não sabe, neste momento, declinar a margem de lucro obtida nesse contrato”, registra o depoimento de Luís cláudio.
A PF quis saber por que a consultoria do setor de automóveis contratou a firma de Luís Cláudio. E ele: “Que Mauro Marcondes nunca explicou ao declarante por que optou por contratá-lo; que não sabe dizer se o Mauro Marcondes realizou alguma pesquisa de mercado antes de contratar o declarante.” A mesma pergunta foi feita ao contratante. Mauro Marcondes, que está preso. Ele preferiu silenciar.
A certa altura, Marcondes admitiu à PF que sabia que o valor pago ao filho de Lula era “absurdo”. Inquirido, ele disse ter feito uma “pesquisa superficial” de mercado. Incumbiu um estagiário da empresa de realizar o levantamento de preços. “Ele constatou que eram absurdos”, disse o depoente. O que não o impediu de desembolsar R$ 2,5 milhões.
Como se vê, Luís Cláudio e seu advogado têm milhões de razões para se preocupar com o vazamento dos dados do inquérito.
Paes cria novo lema: ‘Espanca mulher, mas faz!’ (por Josias de Souza)
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, lançou o supersecretário municipal Pedro Paulo como candidato à sua sucessão, em 2016. Descobriu-se que o preferido de Paes espancara a ex-mulher. O agressor alegou que fora “um episódio único”. Era lorota. Registro policial atestou que havia um segundo espancamento.
Pilhado na mentira, o candidato de Paes tratou o próprio crime como algo corriqueiro: “Quem não tem uma briga dentro de casa? Quem não tem um descontrole? Quem não exagera numa discussão? …Quem às vezes não perde o seu controle?” Hummmm…
Perguntou-se a Eduardo Paes se o fato de seu secretário ter agredido a ex-mulher poderia inviabilizar a candidatura. E o prefeito: “De forma nenhuma. […] Estamos falando de algo da vida pessoal e familiar do secretário Pedro Paulo. Não estamos falando algo da dimensão pública dele. Na dimensão pública, ele é o quadro mais preparado para assumir essa função. Estou falando de alguém que, nesses sete anos de mandato, foi o ‘primeiro-ministro’ do governo, gerenciando todas as nossas intervenções, num governo que faz muito e de que a gente se orgulha. Portanto, não acho que afeta em nada. Pedro Paulo vai ser o candidato apoiado por mim na minha sucessão.”
O que Eduardo Paes afirmou, com outras palavras foi o seguinte: “Lancei um candidato a prefeito que espanca mulher, mas faz”. O raciocínio de timbre machista evoca um outro lema muito conhecido da política brasileira, o “rouba, mas faz”, usado como álibi perpétuo por políticos que espancam a moralidade. Aos pouquinhos, o que poderia ser um problema apenas de Pedro Paulo vai contaminando também a biografia do padrinho dele.
Paes volta a defender secretário agressor e provoca revolta nas redes sociais
Internautas atacam o prefeito por manter Pedro Paulo no cargo e como seu candidato à sucessão na prefeitura do Rio de Janeiro. Atriz Luana Piovani, que já sofreu nas mãos de namorado violento, fez duras críticas em seu Instagram (em veja.com)
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), enfrentou uma avalanche de reações negativas nas redes sociais no fim de semana após novamente defender o secretário Pedro Paulo Carvalho, que assumiu ter espancado a ex-mulher Alexandra Marcondes. Em entrevista ao jornal O Globo no domingo, Paes afirmou que "as brigas eram um problema" do seu braço-direito e reafirmou novamente a candidatura de seu pupilo.
A atriz Luana Piovani, que em 2008 acusou o ator Dado Dolabella de agressão, usou o Instagram para reverberar uma crítica de sua mãe, Francis Piovani, "você e sua esposa foram criados vendo seus pais baterem em suas mães? (...) tenha a decência de retirar a sua candidatura e vá se tratar", escreveu, para depois a filha completar: "Você não me representa!!! Maria da Penha nele e nela, psicólogo, pois está defendendo seu próprio agressor".
Ontem, Paes fez agenda de rua e decidiu postar fotos no Instagram e no Facebook ao lado de Pedro Paulo, saudando o aniversário de 120 anos do Flamengo. Sem moderação de comentários, as redes sociais do prefeito foram bombardeadas de mensagens revoltadas como "O Rio não quer espancador de mulher" e "espancador de mulher, mexeu com uma, mexeu com todas".
A reação das redes a Pedro Paulo começou com o grupo Meu Rio que lançou uma petição na internet pedindo a exoneração do secretário. Até a ontem noite, mais de 15 000 assinaturas haviam sido feitas no site. Os adversários também começam a aproveitar o episódio para alfinetar o peemedebista: "Quem bate em mulher ofende a própria mãe", postou o pré-candidato Marcelo Crivella.
2 comentários
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Tatiana Costa São Paulo - SP
Este individuo -- Pedro Paulo (pré-candidato à prefeitura do Rio) -- não pode ser eleito, de jeito nenhum. Esse Pedro Paulo agride mulheres, desrespeita o sexo feminino. Bate, espanca, machuca, humilha e com certeza deve estar ameaçando essa mulher, além da agressão física, verbal, ela deve sofrer com a agressão psicológica, esse monstro deve ser punido, o povo do Rio de Janeiro não pode votar neste monstro. Além de agredir mulheres é mentiroso... Chega de políticos vagabundos e covardes! Esse vagabundo não respeita ninguém, é mais um para nos roubar. Queria ver se este monstro, safado, LIXO, muleque Pedro Paulo enfrentaria um homem, tentaria espancar um homem. Vamos realizar um abaixo assinado em todo País.
Tatiana..nuca sabemos a verdade..se é esta divulgada ou não...igual aos calipso da vida...cada um tem sua versão e como temos uma mídia propinada...a mulher tem que ser respeitada...mas no Brasil a verdade nem sempre é mostrada pela mídia...
Érico Batista da Silva Soledade - RS
O SR. LULA DEVE ESTAR COM AMNÉSIA, EM 12 ANOS O PT CONSEGUIU QUEBRAR A PETROBRAS, E INDIVIDÁ-LA 506, 5 BILHÕES, A MAIOR DÍVIDA DO MUNDO, O PT CONSEGUE FAZER COISAS QUE NINGUÉM CONSEGUE, OS CORREIOS TRABALHARAM DE GRAÇA NAS ELEIÇÕES PARA A DILMA, AGORA ESTA NA UTI, AGORA ESTA NA HORA DE TIRAR O PT DO GOVERNO E PRIVATIZAR A PETROBRAS, CORREIOS, ELETROBRAS E OUTRAS ESTATAIS QUE SÓ SERVEM PRA DAR PREJUÍZ
SINTO TRISTEZA SO ' DE PENSAR QUE APESAR DAS MAIORES FALCATRUAS JA' CONSTATADAS O POVO IGNORANTE VAI ELEGE-LO DE NOVO.