"Com Cunha, impeachment vira lorota", diz Jarbas Vasconcelos, do PMDB

Publicado em 09/10/2015 09:02
por Josias de Souza, do UOL

Único congressista do PMDB a pregar abertamente a cassação de Eduardo Cunha, o deputado pernambucano Jarbas Vasconcelos se diz “estarrecido” com a aliança firmada pela oposição com o presidente da Câmara.

“Espanta que a oposição esteja convencida de que o processo de impeachment será facilitado por Cunha'', disse ele ao blog. “Ocorre justamente o contrário. Com Cunha, o impeachment vira lorota, fica mambembe. É o sujo achando que vai ajudar a afastar a mal lavada.”

A ótima relação que Jarbas mantém com lideranças da oposição potencializa o seu espanto. “Me dá um desânimo danado ver pessoas como Mendonça Filho (DEM), que foi meu vice no governo de Pernambuco; Aécio Neves, que acaba de sair bem-posto de uma disputa presidencial; Carlos Sampaio, que é promotor de Justiça, toda essa gente sendo ludibriada por Eduardo Cunha. É triste.”

Jarbas prossegue: “Cunha é doente, psicopata, um cínico. Como confiar numa pessoa que mente sobre contas bancárias na Suíça, já confirmadas pela Procuradoria? A oposição acaba de fazer mais uma reunião com esse personagem para discutir o impeachment. As pessoas continuam acreditando nele. Se for bom para ele, Cunha atropela Dilma. Se não for conveniente, ele posterga. E a oposição está nesse jogo, que tira a legitimidade do impeachment.”

Por ora, a única providência tomada contra Eduardo Cunha em âmbito legislativo foi um pedido de abertura de processo de cassação protocolado na Corregedoria da Câmara. Assinam a peça 30 deputados, o que equivale a 5,7% dos 513 que integram a Casa. Signatário do documento, o próprio Jarbas reconhece sua ineficácia.

“O pedido foi protocolado nesta quarta-feira. Mas não tem nenhuma chance de prosperar. O Corregedor [deputado Carlos Manato, do SD-ES] é membro da Mesa diretora. Ele vai despachar o pedido para Eduardo Cunha, o presidente. Ou seja, tudo vira uma grande brincadeira de mau gosto.”

O PSOL se equipa para requerer a cassação de Cunha no Conselho de Ética da Câmara, algo que só pode ser feito por partidos políticos. Mas Jarbas avalia que Cunha só correrá riscos se o movimento contra ele ganhar corpo. “Ou essa coisa se avoluma, ganhando a forma de um movimento sério e contundente, ou o problema vai se arrastar. Hoje, a Câmara fede. Daqui a pouco, vai apodrecer.”

Defensor do impeachment de Dilma, Jarbas avalia que a derrocada de Cunha não beneficia a presidente da República. “Uma coisa não tem nada a ver com a outra. A Dilma fica mais precária a cada dia por conta de um conjunto de práticas inaceitáveis. O caso de Cunha é uma aberração. Temos que ter a clareza de que é impossível tratar de um caso sem cuidar do outro.”

Sem Levy, reunião ministerial trata de impeachment e ignora o ajuste fiscal

A primeira reunião ministerial convocada por Dilma Rousseff depois da reforma do seu gabinete teve uma ausência notável: Joaquim Levy. O ministro da Fazenda está em Lima. Participa na capital peruana da reunião anual do FMI e do Banco Mundial. Nesta quinta-feira, Levy realçou num debate a importância de manter o foco nos ajustes que o novo ambiente econômico exige. Em Brasília, Dilma e os colegas de Levy deslocaram o foco para outro tema: o impeachment. Nas palavras de Dilma, “um golpe democrático à paraguaia.''

Em conversa com um dos ministros que se reuniram com Dilma, o blog perguntou qual foi a orientação da presidente sobre as medidas do ajuste fiscal ainda pendentes de votação no Congresso. E ele: “Para minha surpresa, esse matéria perdeu espaço para o impeachment e para o esforço que o governo fará com o propósito de reverter no Congresso a decisão do TCU de rejeitar as contas de 2014.”

Membro da equipe econômica, o ministro Nelson Barbosa (Planejamento) estava no encontro com Dilma. Mas limitou-se a fornecer, a pedido da chefe, uma longa explicação sobre a dor de cabeça do TCU. Foi auxiliado pelo advogado-geral da União, Luis Inácio Adams. Ambos tacharam de equivocada a decisão do tribunal de contas. E voltaram a esgrimir a tese segundo a qual governos anteriores também “pedalaram” sobre os cofres de bancos estatais, sem que o TCU os incomodasse.

Em privado, Levy e seus auxiliares têm manifestado o receio de que a crise política leve o governo a negligenciar o ajuste fiscal. Afora a recriação da CPMF, tão difícil de aprovar quanto vital para o êxito dos planos do governo, há outras tentativas de cavar novas receitas que não saem do lugar. Entre elas a proposta que autoriza a repatriação de dinheiro enviado ilegalmente ao exterior por brasileiros. Embora tramite em regime de urgência, o projeto está na Câmara desde o início de setembro. E ainda não saiu do lugar, frustrando uma perspectiva de receita de R$ 11,4 bilhões.

Nada disso foi mencionado na reunião ministerial. Dilma soou mais preocupada em pedir aos seus ministros que mobilizem as respectivas bancadas no Congresso para deter a tentativa da oposição de apeá-la da poltrona de presidente. O impechment também frequentou o debate de que participou Levy em Lima. Vai acontecer?, perguntaram a Levy. E ele, lacônico: “Não sei.”

Acompanha Levy na viagem a Lima o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Ele disse claramente que a política envenena a economia: “A parte fiscal de nosso ajuste está numa velocidade menor que a pensada originalmente. Isso tem a ver com dificuldades políticas. Mas há consenso crescente em torno da necessidade de esse ajuste fiscal ser processado o mais rápido possível.''

(por Josias de Souza, do UOL)

 

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