Milho: Comportamento do dólar garante mais uma semana de alta aos preços no interior do Brasil
No mercado interno brasileiro, a volatilidade do câmbio resultou em mais uma semana de alta aos preços do milho. Em Tangará da Serra (MT), a valorização semanal foi de 8,11%, com a saca do cereal negociada a R$ 20,00 nesta sexta-feira (2). No Porto de Paranaguá, o ganho foi de 4,48% e a saca do grão para entrega em outubro/15 fechou o dia a R$ 35,00.
Nas praças paranaenses, Ubiratã, Londrina e Cascavel, as cotações subiram 2% nessa semana, com a saca negociada a R$ 25,50. Já em São Gabriel do Oeste (MS), a valorização ficou em 2,13% e a saca do cereal a R$ 24,00. Em Não-me-toque (RS), a alta foi menor, de 1,89%, com a saca a R$ 27,00. Na contramão desse cenário, os preços recuaram 2,70% em Campo Novo do Parecis (MT) e a saca de milho terminou a semana a R$ 18,00. As informações fazem parte do levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas.
Paralelamente, o câmbio fechou a sexta-feira a R$ 3,9457 na venda, com queda de 1,42%. A queda foi motivada pelos dados fracos sobre o mercado de trabalho nos EUA, o que aumentou as especulações de que os juros norte-americanos sejam elevados somente no próximo ano. Na última segunda-feira (28), a moeda norte-americana encerrou a sessão a R$ 4,1095 frente ao real. Na semana, o dólar acumulou queda de 0,75%, depois de subir mais de 14,14% nas últimas seis semanas, segundo informou a Reuters.
O câmbio também tem contribuído para as exportações brasileiras, que começam a ganhar ritmo. No acumulado de setembro, os produtores embarcaram 3.455,2 milhões de toneladas do grão, com média diária de 164,500 mil toneladas, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
A quantidade diária representa um crescimento de 51,3% em relação ao indicado no mês anterior, de 108,8 mil toneladas. No mesmo intervalo, as exportações renderam ao país uma receita de US$ 580,2 mil, com média diária de US$ 27,6 mil. Em setembro de 2014, os produtores exportaram 2.683,9 milhões de toneladas do grão, com média diária de 122 mil toneladas.
As projeções são bastante favoráveis aos embarques brasileiros nesta temporada. Os analistas ressaltam que, a cada ano o Brasil tem se consolidado como um grande player no mercado de milho. A perspectiva é que o volume embarcado seja recorde nesta temporada e supere as 26 milhões de toneladas registradas em 2013.
Bolsa de Chicago
Após testar os dois lados da tabela, as cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam a sessão desta sexta-feira (2) com ligeiras perdas entre 0,25 e 0,50 pontos. Apenas o vencimento dezembro/15 finalizou o dia a US$ 3,89 por bushel, com leve alta, de 0,50 pontos. No início do pregão, o contrato era cotado a US$ 3,88 por bushel.
No balanço semanal, os futuros da commodity acumularam leves desvalorizações entre 0,19% e 0,61%. As informações das agências internacionais dão conta de que nas últimas horas de negociação, o destaque no mercado foi sobre o índice de empregos nos EUA. Em setembro, a criação de vagas foi de 142 mil, frente as 200 mil vagas esperadas pelo mercado.
"Conforme o reporte dos analistas os dados acabou gerando compras rápidas de futuros de milho e soja, mas não conseguiu mover os preços de forma significativa", informou a Grimaldi Grassi Corretora, segundo divulgado pelo site Infocampo.
Nesse instante, os analistas estão focados no andamento da colheita norte-americana e também no comportamento do clima no Meio-Oeste. No início dessa semana, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) estimou a colheita completa em 18% da área semeada nesta temporada. O órgão atualiza os números na próxima segunda-feira.
Por enquanto, a maioria dos produtores está relatando os rendimentos das lavouras melhores do que o esperado, mas abaixo do registrado no último ano. A produtividade para essa temporada é estimada em 177,27 sacas por hectare e uma produção ao redor de 345,08 milhões de toneladas, conforme dados oficiais. Já a INTL FCStone, estimou o rendimento das plantações de milho em 176,75 sacas por hectare, com uma produção total de 343,96 milhões de toneladas, contras as 341,83 milhões de toneladas projetadas anteriormente.
"Até o momento, a produtividade das lavouras estão até acima da média dos dados oficiais, mas são áreas que não sofreram com as enchentes. Nos próximos 10 dias começaremos a colheita de áreas que sofreram mais com o clima, onde os produtores já relatam problemas com a formação das espigas", disse o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.
Em relação ao clima, as previsões climáticas voltaram a indicar chuvas para o Meio-Oeste do país nesse final de semana, após um período pouco mais seco, que favoreceu o avanço dos trabalhos dos campos. Já no intervalo dos dias 07 a 11 de outubro, as chuvas poderão ficar até 40% acima da média. Do mesmo modo, as temperaturas poderão ficar mais altas em até 50% no mesmo período. O cenário é mantido na semana seguinte, nos dias 9 a 15 de outubro, conforme projeções do NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia.
Ainda essa semana outro número que influenciou o andamento dos negócios foi o volume dos estoques trimestrais. O USDA indicou os estoques, até 1º de setembro, em 43,97 milhões de toneladas. Os investidores apostavam em números ao redor de 41,84 milhões a 45,72 milhões de toneladas. No mesmo período do ano anterior, os estoques estavam em 31,4 milhões de toneladas.
Milho na França
Enquanto isso, na França a colheita do milho tem caminhado de maneira lenta e atingiu 9% da área até 28 de setembro, de acordo com informações reportadas pelo governo do país. Além disso, nem toda a produção deverá ser destinada ao mercado, com uma grande proporção sendo direcionada para a produção de silagem. É importante destacar que a produção francesa foi severamente afetada pelo clima mais seco.
Confira como fecharam os preços nesta sexta-feira:
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