Rabobank estima preços mais altos para o açúcar , mas menores para grãos e café
O banco internacional Rabobank reportou, nesta segunda-feira (28) novas perspectivas de preços para as commodities e revisou para cima suas projeções para o açúcar e para baixo as de grãos, café e cacau.
Açúcar
Para o açúcar, a expectativa melhor para as cotações se deu em função de "condições adversas de clima" nos principais produtores mundiais como a Índia e o Brasil. Assim, estima valores 0,60 cents de dólar por libra-peso em alguns dos futuros da commodity, acima dos atuais patamares praticados em Nova York.
Para o contrato julho/16, por exemplo, a instituição já espera uma alta dos 12,20 cents/lb para 12,40 cents nos próximos meses. "Os fundamentos do mercado do açúcar estão se tornando bastante sustentáveis para os preços", diz o reporte do Rabobank.
O banco estima um déficit na produção mundial de açúcar de 4,8 milhões de toneladas na temporada 2015/16, o que configura uma baixa bem maior do que a estimada por algumas outras instituições. A Platts Kingsman, por exemplo, espera algo em torno de 3,2 milhões de toneladas.
"O clima adverso que vai da Índia ao Brasil, além de outras origens importantes, sugere que o déficit na produção pode ser ainda maior caso do El Niño continue a se intensificar", disse o Rabobank. O El Niño, com suas principais características, traz uma clima excessivamente úmido para a região Centro-Sul do Brasil, mantendo o risco para a colheita da cana no país.
Na Índia, segundo maior produtor mundial, a safra 2015/16 parece que será menor do que 27 milhões de toneladas, ou seja, 5% a menos do que a produção recorde do ano passado em função das "deficientes chuvas de monção", que deixaram a principal região produtora de Uttar Pradesh com apenas 54% do acumulado típico do local, bem como aconteceu na área de Maharashtra com 70%.
Cacau
O Rabobank aposta em preços menores também para o cacau negociado na Bolsa de Nova York. O banco acredita que as cotações devem voltar a trabalhar novamente abaixo dos US$ 3 mil por tonelada no trimestre de abril a junho, com uma média de US$ 2850,00/t.
Apesar de uma seca persistente ter vindo dando suporte aos preços, "acreditamos em uma correção para baixo desses valores, principalmente depois das eleições na Costa do Marfim", maior produtor mundial da commodity, e onde, atualmente, os temores sobre o futuro da política tambem foi citado como um fator de suporte para os atuais valores praticados.
A projeção do banco para a produção global de cacau é de 113 mil toneladas na temporada 2015/16, depois de um déficit de 50 mil toneladas no atual ano safra, que termina na próxima quarta-feira, 30 de setembro.
Café
Já para o café, o Rabobank reduziu sua estimativa para os futuros do arábica negociados na Bolsa de Nova York na casa de 10 cents por libra-peso, citando "as excelentes chuvas" no Brasil, favorecendo a florada para a colheita da safra 2016, que já está sendo iniciada, além do real mais fraco frente ao dólar, que também é visto como um fator de pressão.
No entanto, as expectativas do banco internacional para os preços estão acima da atual curva dos futuros, com a instituição ainda considerando "problemas climáticos" em alguns países produtores importantes, em particular a falta de chuvas na Colômbia, o segundo maior produtor global de arábica, e na Indonésia.
Em ambas as nações, os períodos de El Niño têm provocado sérios episódios de estiagem.
Grãos
O Rabobank reduziu em US$ 0,20 por bushel sua perspectiva de preços para o trigo negociado na Bolsa de Chicago, levando as cotações a preços ligeiramente mais baixos do que os utilizados atualmente pelos investidores. Assim, a média esperada para o período de outubro a dezembro, de acordo com o banco, ficou em US$ 5,10/bushel. Nesta segunda (28), o contrato dezembro vinha cotado a US$ 5,14.
"Rallies significativos para os preços serão difíceis de se sustentar ainda com as informações do clima adverso neste ano de 2015", disse o banco, ainda reforçando a pressão sobre as cotações de uma combinação de amplas exportações e a fraqueza das moedas locais de regiões produtoras como Rússia, Ucrânia e a União Europeia.
"Os preços do trigo seguirão pressionados até novembro, quando as exportações russas tendem a passar por um declínio sazonal", disse ainda o relatório do banco internacional.
O Rabobank reduziu ainda suas estimativas para os preços da da soja na Bolsa de Chicago em US$ 0,50 por bushel, entretanto, ainda mantendo, porém, a perspectiva mais otimistra para as cotações da oleaginosa do que a dos investidores.
A instituição acredita que os preços devem voltar a operar abaixo dos US$ 9,00 por bushel no início do próximo ano. Porém, alertou para uma onda de calor nos Estados Unidos em meados de setembro e voltou a questionar o rendimento da soja no país colocado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em 47,1 bushels por acre, com a produtividade estimada em 45 bushels.
"Além disso, os produtores norte-americanos irão, mais uma vez, armazenar grandes volumes de sua safra depois da colheita, o que poderia ajustar o mercado nos EUA temporariamente e dar suporte aos futuros da soja e também aos prêmios", informou o Rabobank em nota.
Tradução: Notícias Agrícolas
Por Carla Mendes
Na Reuters: Soja deve atingir nova mínima em Chicago nas próximas semanas, diz analista Mielke
(Por Rajendra Jadhav)
MUMBAI (Reuters) - Os contratos futuros de soja deverão atingir novas mínimas de contrato nos Estados Unidos nas próximas semanas devido a um excedente de oferta, disse o conceituado analista do setor de óleos vegetais Thomas Mielke, em uma conferência.
Ele disse também que o crescimento da produção de óleo de palma irá desacelerar no próximo ano devido ao fenômeno climático El Niño, que deverá afetar plantações na Malásia e na Indonésia, importantes produtores.
El Niño influencia primavera e pode ter reflexos na agricultura, alerta Inmet
Inmet avalia que é ainda é cedo para classificar fenômeno como severo
Chuvas acima da média nos estados do Sul e partes do Sudeste e Centro-Oeste, e o agravamento da seca no Norte e Nordeste. Esse é o prognóstico do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) para a primavera, que começou no dia 23 de setembro influenciada pelo El Niño. O fenômeno, que deixa a temperatura acima do normal em diversas regiões do planeta, pode ter reflexos na agricultura.
A primavera é a estação em que os agricultores colhem as lavouras de inverno na Região Sul, além de realizar o preparo e o plantio das culturas de verão. Nesta estação, eles também fazem o preparo e o plantio das culturas de verão. Precipitações acima da média no Sul podem provocar perdas na produtividade e na qualidade das lavouras de inverno.
O El Niño deste ano ainda não pode ser considerado severo, segundo a meteorologista Danielle Barros Ferreira, da Coordenação de Desenvolvimento e Pesquisa do Inmet. Ela ressalta que é preciso aguardar a evolução da anomalia positiva da temperatura das águas do Oceano Pacífico nos próximos dois meses.
"Atualmente, este El Niño está classificado como moderado, porém as projeções até novembro indicam uma probabilidade de atingir o máximo no verão, enfraquecendo gradualmente até meados do outono de 2016", explica a meteorologista.
Alguns reflexos foram notados nos três últimos meses (junho, julho e agosto), como chuvas predominantemente abaixo da média histórica na Região Norte e em parte do Nordeste e acima da média no Sul do Brasil.
Os fenômenos considerados mais fortes dos últimos 60 anos ocorreram nos anos de 1972-1973, 1982-1983 e 1997-1998.
Os distritos meteorológicos do Inmet, vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), trocam informações e emitem alertas para que os agricultores se preparem para possíveis tempestades que possam afetar a produção agrícola.
Saiba mais
O El Niño é um fenômeno caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico e que pode afetar o clima mudando os padrões de vento e influenciar os regimes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias.
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