Começa o plantio! Vazio sanitário termina hoje (15) e Aprosoja orienta sobre ferrugem
O vazio sanitário da soja em Mato Grosso termina nesta terça-feira (15). Neste ano, o período de proibição da presença de plantas vivas de soja e do plantio da cultura no estado teve início no dia 6 de junho. A proibição é uma medida fitossanitária, principalmente para prevenção e controle da ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi), doença que atinge a lavoura e é disseminada a partir de plantas vivas, servindo de ponte verde entre uma safra e outra.
Para orientar os agricultores, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) divulgou no dia 1º de setembro informe técnico com alertas necessários neste início do plantio. A entidade lembra que o Estado ocupa o primeiro lugar nacional em produção de soja (31%) e milho (42%). Para sucesso na produção, no entanto, é necessário seguir as orientações. Para acessar o informe, clique AQUI.
Além do informe, outra medida fundamental durante 2015 foram as rodadas técnicas, realizadas com o objetivo de verificar incidência de pragas e doenças durante o vazio sanitário. Foram visitadas pelo PhD em Fitopatologia, José Tadashi, e pelo analista técnico da Aprosoja, Eduardo Vaz, lavouras em municípios das regiões Norte, Oeste e Sul de Mato Grosso, nos meses de junho, julho e setembro.
Em todas as ocasiões, a equipe encontrou soja guaxa com ferrugem asiática. Pelas chuvas iniciadas em setembro, a última rodada verificou também sojas em diferentes estágios fenológicos, de recém germinadas a pleno enchimento de grãos.
Para Tadashi, a germinação da soja justifica o alerta de ferrugem asiática. “Na Bolívia, eles começam a plantar nos meses de julho e agosto. Ou seja, a ferrugem chega lá antes, o que faz com que ela também tenha a tendência de chegar aqui bem antes. Aliado aos ventos da Região Sul do Brasil, isso pode comprometer o produtor mato-grossense. O recado é que todos tenham atenção redobrada neste início de plantio”, explica.
Safra de soja 2015/16 começa com retorno financeiro (em reais) positivo em todas as regiões
"O produtor vai entrar em uma safra positiva", afirma o consultor Vlamir Brandalizze , da Brandalizze Consulting, no final do vazio sanitário da soja para a safra 2015/16. Nesta terça-feira (15), termina o período proibitivo do plantio em alguns dos principais estados produtores do país, como Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e as expectativas, novamente, são de uma temporada importante para os sojicultores brasileiros, acreditam analistas e consultores.
No entanto, esse novo ano começa com um cenário político e econômico turbulento no país e a espera de ainda muita volatilidade na taxa cambial. No mês, a moeda norte-americana já acumula um ganho de 5,15% e, no ano, essa valorização já chega a 43,45% até esta segunda-feira (14), quando fechou o dia valendo R$ 3,8138. Na sessão desta terça-feira, novas altas.
Em um cenário de dólar futuro, a moeda já chega a R$ 4,15 e potencializa o retorno financeiro da oleaginosa em reais, como mostra um estudo feito pela Agrinvest Commodities. O quadro para o retorno em dólares, por outro lado, já não é tão promissor e exige cautela.
E a variação da taxa cambial toma toda a atenção dos produtores neste momento, uma vez que seu impacto é avaliado não somente na formação dos preços de venda, mas principalmente nos custos de produção desta nova temporada.
Considerando custos de produção que variam de R$ 2.451,52 - no Mato Grosso do Sul - a R$ 3.063,78 - no Sudeste de Mato Grosso - por hectare - com um dólar de R$ 3,11 na compra dos insumos - a Agrinvest traçou dois cenários para o retorno financeiro da soja. Em reais, as principais regiões produtoras da oleaginosa contam com lucros em todas elas; enquanto em dólares, os prejuízos já são esperados.
Safra de Soja 2015/16 - Custos - Fonte: Agrinvest Commodities
"O segmento da alimentação brasileira, ou mundial, não vai parar, vai continuar crescendo. A grande questão neste ano comercial é que o produtor está entrando em uma safra onde os preços atuais em Chicago estão abaixo dos US$ 9,00, bem abaixo do que se via há um ano. Então, a situação é de um quadro com sinais de que ele vai continuar a ganhar, mas, aparentemente, os ganhos em dólar serão menores e a saída do produtor para continuar ganhando bem é fazer o melhor possível dentro da lavoura", explica Brandalizze.
Assim, em um cenário com o contrato maio/16, referência para a safra brasileira, valendo US$ 8,74 por bushel na Bolsa de Chicago, mais um dólar futuro de R$ 4,15 e prêmios variando entre 15 e 40 centavos de dólar sobre os valores da CBOT nos principais portos do país, o retorno em real da soja é positivo em todas as praças. O destaque é o estado do Paraná - com R$ 1.108,75 por hectare, e o valor mais baixo registrado ficou por conta do nordeste de Mato Grosso, onde o resultado seria de R$ 354,30/ha.
Safra de Soja 2015/16 - Retorno em Real - Fonte: Agrinvest Commodities
Ao mesmo tempo, considerando exatamente as mesmas condições de mercado, o retorno em dólar, ainda de acordo com o levantamento feito pela Agrinvest, seria positivo somente no Paraná, no sul de Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul. Os valores de retorno, nestes casos, seriam de US$ 60,48; US$ 34,33 e US$ 22,26 por hectare, respectivamente. No Rio Grande do Sul, em Goiás, no Oeste, Norte, Sudeste e Nordeste de MT, o quadro já seria de prejuízos variando de US$ 18,89 a US$ 131,52/ha.
Safra de Soja 2015/16 - Retorno em Dólar - Fonte: Agrinvest Commodities
Diante desse cenário, o consultor da Brandalizze Consuluting volta a afirmar que a alternativa do produtor, além de uma comercialização bem planejada, é a garantia de uma boa produtividade. Ele explica ainda que o produtor que colhe de 58 a 65 sacas de soja por hectare continua ganhando.
"Temos condições de melhorar a produtividade. O produtor vai hoje para uma safra de soja e em seguida uma safrinha de milho, que já se mostra positivo para 2016 (...) Para o produtor garantir essas duas safras ele tem que fazer um bom plantio da soja no período recomendado, para entrar na sequência com o milho safrinha e ganhar com ele também", diz.
Comercialização
Até o início de setembro, o Brasil já havia comercializado pouco mais de 30% da safra 2015/16 de soja. O índice é elevado e reflete a postura do produtor diante dos últimos rallies registrados, principalmente do dólar, além dos melhores preços que vinham sendo praticados em Chicago. Com o suporte do câmbio e dos prêmios, no melhor momento do ano, as cotações nos portos chegaram aos R$ 85,00 por saca.
"No primeiro rally do dólar no Brasil que o dólar subiu a R$ 3,10 e elevou o dólar futuro para a safra a R$ 3,40, motivou vários sojicultores a fazer venda de soja futura, e quem teve que fazer um hedge nesse dólar foram os compradores, ou seja, as tradings, as cooperativas, cerealistas (...) Então, para essas empresas que têm que margear essse dólar futura na bolsa ou nos bancos, isso requer uma grande linha de financiamento", explica Marcos Araújo, analista de mercado da Agrinvest Commodities.
O momento agora, porém, é de um ritmo de vendas bem menor do que o que vinha sendo observado há alguns meses. "Boa parte dos produtores está esperando agora o desenrolar de toda essa incerteza política que está impactando sobre o dólar; temos todo o risco climático de produção, então, os produtores estão reticentes a efetuar novas vendas aguardando o início do plantio da soja e uma recuperação dos preços em Chicago", diz o analista.
Araújo afirma ainda que esse pode não ser o melhor momento para que novas vendas sejam efeutadas dado que o padrão, em 30 anos de negócios em Chicago, é de que as mínimas para os preços da soja sejam apresentadas agora no final de setembro, com uma recuperação vindo depois desse período. "Eu não diria, portanto, que esse seja um momento de tomar grandes decisões de venda olhando isoladamente Chicago. Mas, se o sojicultor olhar a curva de dólar futuro, é muito favorável para aquele que tem seus custos em reais", conclui.
Na Reuters: Produtores começam período de plantio de soja com cautela sobre clima
Por Gustavo Bonato
SÃO PAULO (Reuters) - Produtores de soja das duas principais regiões de plantio do país entram nesta terça-feira no período autorizado para semear a oleaginosa cheios de cautela em relação ao clima e observando os efeitos do fenômeno El Niño, com a atividade ainda limitada nos campos devido a chuvas consideradas escassas para as atividades.
O dia 15 de setembro marca o fim do período de vazio sanitário em Mato Grosso, Paraná e alguns outros Estados, durante o qual é proibida a presença de plantas vivas nos campos que podem perpetuar a presença de doenças, especialmente a ferrugem da soja.
Em Mato Grosso, houve algumas pancadas de chuva na primeira metade do mês, mas elas foram insuficientes para dar segurança aos agricultores.
"Na secura que estava, foi como colocar água na esponja", descreveu o diretor técnico da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) de Mato Grosso, Nery Ribas.
"Todo mundo está com as máquinas em revisão final, em programação, estão fazendo o planejamento, e aguardando o clima", completou.
A região de Sapezal, no oeste de Mato Grosso, foi a que começou o plantio de forma mais acelerada em 2014, mas nestes primeiros dias da segunda metade de setembro a atividade deverá ser praticamente nula.
"Tem que dar uma chuva geral, com umidade de 60, 80 a 100 mm. Tem que ter umidade para uma semana, mas está seco ainda. Não tem ninguém plantando ainda, não", afirmou o presidente do Sindicato Rural de Sapezal, José Guarino.
Segundo o serviço Agricultura Weather Dashboard, da Thomson Reuters, o acumulado de chuvas previsto para Mato Grosso de quarta-feira até o final do mês é de apenas 4,8 milímetros.
Em 2014, o início do plantio também foi retardado em Mato Grosso devido a um período mais seco que o normal. Houve agricultores que apostaram no plantio logo nas primeiras chuvas, que não se sustentaram, afetando as produtividades.
"Com o alto custo de produção deste ano, não dá para ninguém correr risco", destacou Ribas, lembrando a elevação dos preços de insumos como fertilizantes e defensivos, na esteira da desvalorização do real ante o dólar. "O pessoal está muito atento."
O segundo semestre de 2015 está sendo caracterizado por uma forte ocorrência do fenômeno climático El Niño.
"Este ano, devido ao El Niño, não haverá a seca de outubro de 2014 (no Centro-Oeste), mas apesar de uma frequência maior de chuvas, elas continuarão irregulares, porque os maiores volumes ficarão concentrados no Sul do Brasil", disse o agrometerologista Marco Antônio dos Santos, da Somar Meteorologia.
PARANÁ
O Paraná, que fica atrás apenas de Mato Grosso na produção de soja, também deve registrar pouca atividade de plantio nos primeiros dias após o fim do vazio sanitário.
Os trabalhos geralmente começam pelo oeste do Estado, onde muitos produtores buscam antecipar o ciclo para garantir uma boa janela de plantio para uma segunda safra com milho.
"Em outros anos, é trator para todo lado saindo para plantar, nessa época. Mas os produtores falaram que está um pouco seco, não tem umidade suficiente", disse o coordenador técnico da Ocepar, organização que reúne cooperativas do Paraná, Robson Mafioletti.
Na avaliação da cooperativa C-Vale, uma das maiores do Brasil, com forte atuação no oeste paranaense, o clima é de cautela entre os produtores.
"Existe alguma coisa (sendo plantada), mas muito pouco. O produtor está aguardando um pouco mais em relação ao ano passado, porque quem plantou muito cedo colheu um pouco menos", disse o gerente do departamento agronômico da cooperativa, Ronaldo Vendrame.
Segundo ele, a expectativa é de chuvas que permitam aceleração do plantio nos últimos dias do mês.
"A partir do dia 25 vai ter muito plantio. Se tivermos condições, vamos ter plantado 50 a 60 por cento da área na região até o fim do mês", projetou.
Segundo o Weather Dashboard, as chuvas na regiões oeste do Paraná terão acumulado de 76 milímetros na segunda quinzena de setembro, com concentração na última semana do mês.
A tendência para o período de cultivo da soja no Sul do Brasil, em função do El Niño, é de chuvas mais abundantes, garantindo um bom potencial para a safra da região.
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