"Lula é um suspeito como tantos outros. Se condenado, será um preso comum"... por AUGUSTO NUNES

Publicado em 11/09/2015 18:01
EM VEJA.COM

O abraço de afogado já não pode ser desfeito. Dilma Rousseff será para Lula o que Celso Pitta foi para Paulo Maluf

Lula é o pai do naufrágio econômico que chegou com a mãe agarrada à proa da nau dos condenados. O desastre começou a desenhar-se em 2008, quando o então presidente fez de conta que não passava de marolinha o tsunami financeiro internacional. Transformou-se em questão de tempo no ano seguinte.

Ambos de olho na eleição de 2010, o padrinho e a afilhada passaram a jurar de meia em meia hora que o Brasil fora o último país a entrar e o primeiro a sair da crise. Já encerrada no universo das nações sérias, a crise que Lula proibiu de atravessar o Atlântico hoje é responsabilizada por todos os equívocos, embrulhadas e crimes produzidos pelos embusteiros no poder.

Agora, com a água inundando os porões desse Titanic infestado de ineptos e corruptos, Lula resolveu criticar a sucessora para fingir que não tem nada a ver com o poste que fabricou e instalou no Palácio do Planalto. Tarde demais, constata o comentário de 1 minuto para o site de VEJA. Esgotou-se o estoque de truques. O ilusionista malandro não tapeia sequer plateia amestrada. Como informam todas as pesquisas, o chefão da seita e sua cria estão afundando juntos.

Esta coluna avisou faz alguns anos que Dilma Rousseff seria o Celso Pitta do Lula. Já é. O estadista de galinheiro não vai safar-se do abraço de afogado que antecipará a morte política. Se tiver juízo, logo estará concentrado em tempo integral no esforço para preservar o direito de ir e vir. Nesta sexta-feira, a Polícia Federal avisou que quer ouvir o homem que sabe de tudo sobre a roubalheira do mensalão.

O injustificável pedido de autorização ao Supremo Tribunal Federal informa que a PF ainda ignora que ex-presidentes não têm direito a foro especial. Lula é um suspeito como tantos outros. Se condenado, será um preso comum.

Por que pedir ao STF para investigar Lula? Ou: O surrealismo interpretativo que garante impunidade a um presidente reeleito

Por que o delegado Josélio Azevedo de Sousa pede ao STF a autorização para ouvir Luiz Inácio Lula da Silva se ele não dispõe mais de foro especial por prerrogativa de função? Porque o pedido se dá no âmbito do inquérito que investiga parlamentares que detêm o tal foro. Assim, há uma espécie de contaminação. Embora Lula pudesse, sim, ser ouvido na primeira instância, é evidente que o melhor é reunir numa mesma corte coisas conexas.

No pedido, o delegado afirma não haver evidência do envolvimento direto do ex-presidente no escândalo, mas diz ser necessário apurar se ele não acabou “obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo, com a manutenção de uma base de apoio partidário sustentada à custa de negócios ilícitos na referida estatal”.

Teori Zavascki, o relator, vai decidir. Acho difícil que, dados os termos da petição, o ministro concorde. Eu acharia muito bom que sim. Ocorre que, com esses critérios, pode-se ouvir quase qualquer pessoa. A ressalva, convenham, não era necessária. Vai acabar produzindo mais calor do que luz. Ou o delegado acha que há motivos para ouvi-lo ou acha que não.

O que me parece impressionante, aí sim, é que nem Polícia Federal nem Ministério Público tenham arrumado até agora um motivo mais forte para, ao menos, chamar Lula como testemunha, não é?  Sigamos.

Dilma e a Constituição
Há um dado da petição que explica por que não se pede para ouvir Dilma, que quero aqui contestar pela enésima vez. De fato, o Parágrafo 4º do Artigo 86 da Constituição traz o seguinte:
“§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.”

Pela ordem:
1 – Foi redigido antes da emenda da reeleição. Havendo reeleição, considerar que o que um presidente fez num primeiro mandato é estranho ao seu segundo mandato é uma estupidez.
2 – Ainda que prevaleça essa leitura absurda, jurisprudência do Supremo diz que um presidente da República pode, sim, ser investigado em inquérito. E pode mesmo ser denunciado — o que só teria consequência depois que deixasse o mandato.
3 – De toda sorte, tal questão nunca foi tratada a contento. O presidente do OAB, por exemplo, poderia se mobilizar é para dar tratamento adequado e realmente conforme a Constituição a esse caso. Ou será que a Carta garantiu a impunidade a um presidente reeleito?
4 – Pensem: as pedaladas fiscais dadas por Dilma tinham o objetivo de esconder a situação fiscal do país e garantiram a manutenção de alguns programas, mesmo sem dinheiro. Isso foi feito no primeiro mandato. Teve ou não influência no segundo, inclusive para conquistá-lo? Tenham paciência!

Que fique claro de novo:
1 – Nada impede, nem mesmo a leitura obtusa da Constituição, que o Ministério Público peça ao Supremo  abertura de inquérito contra Dilma;
2 – Nada impede, nem mesmo a leitura obtusa da Constituição, que o Ministério Público ofereça denúncia contra Dilma. Ainda que prevaleça a obtusidade, a dita-cuja pode ser aceita, sim. Mas as consequências só viriam depois de terminado o mandato.

Chegou a hora de enfrentar esse surrealismo interpretativo.

Lembrança de 1,99

dilma

Ações da Petrobras valem 1,96 dólar

A desvalorização da Petrobras, cujas ações preferenciais chegaram a 7,62 reais hoje, o menor nível desde 2004, deve lembrar Dilma Rousseff de outra malsucedida empreitada sua como gestora: a de dona de loja de artigos de 1,99.

Uma conta simples com a cotação de hoje do dólar, 3,88 reais, mostra que a ação da Petrobras vale, neste momento, 1,96 dólar.

"É a Política, estúpido!!!", por GERALDO SAMOR

A famosa frase do marqueteiro James Carville que elegeu Bill Clinton — “É a economia, estúpido” — é incapaz de dar conta da crise brasileira.

A perda do grau de investimento que o País sofreu ontem à noite foi muito mais um veredito do mundo sobre nossa ingovernabilidade atual do que propriamente um ‘basta’ ao cenário fiscal preocupante.Dilma Rousseff

As agências de risco, por natureza, pisam em ovos ao fazer suas análises, e tendem a responder aos eventos com muito mais vagar que os mercados. Assim, se a Política estivesse sendo capaz de formular e pactuar as soluções da economia, a S&P muito provavelmente daria mais tempo ao Executivo para encaminhar ao Congresso as medidas necessárias, e para que estas, uma vez aprovadas, surtissem efeito.

Mas no Brasil de hoje, a Política está em córner nos principais polos onde o poder é exercido.

A Presidente não tem capital político para propor os remédios amargos para uma doença que ela mesma ajudou a criar.

O Congresso é uma aglomeração entrópica de agendas pessoais voltadas para a autopreservação e a reeleição — e, claro, buscando sempre arranjar dinheiro para estes nobres objetivos. (Uma fonte com amplo trânsito no Congresso relatou à coluna que, nas últimas semanas, quando perguntava a deputados sobre ‘o ajuste’, ouvia de volta: “Não… o assunto aqui é CPI.”)

Os empresários, da última vez que abriram a boca, adotaram uma postura contemporizadora.Munidos aparentemente das melhores intenções, pediram à sociedade que desse espaço de manobra para o Executivo fazer o que tinha (e ainda tem) que ser feito. Mas com a recente tentativa de inflexão da política econômica — autopsiada por meu colega Cristiano Romero em sua coluna no Valor Econômico de ontem — é provável que os mesmos empresários estejam hoje revendo suas posições sobre o que vale a pena preservar num Governo que, além de ser incapaz de um mero mea culpa sincero e abrangente, nunca terá a convicção intelectual necessária para transitar do ‘free lunch economics’ para uma abordagem ‘you get what you pay for.’

Nelson BarbosaAliás, a ideia defendida por Nelson Barbosa de que “o ajuste fiscal só é possível com crescimento” lembra a definição de insanidade feita por Einstein: “fazer a mesma coisa repetidas vezes e esperar obter resultados diferentes.”

Já o povo, o quarto polo de poder — segundo a Constituição, aquele “do qual todo o poder emana e em cujo nome será exercido” — está dividido entre a anestesia e a revolta.

Alguns setores da sociedade — a ‘elite branca’ para uns, e ‘os que simplesmente lêem os jornais’ para outros — continuam se mobilizando e indo às ruas, mas com números que ainda não convenceram o mundo político. O debate é se uma popularidade de 7% abre espaço para que se avance sobre um mandato conquistado com 51,64% dos votos.

Mas se os números ainda não convencem, uma coisa parece certa: a S&P vai botar mais gente na rua — nos dois sentidos.

Se até ontem a confiança numa solução política era tão vagabunda quanto um vinho barato, ontem à noite ela se tornou vinagre. O cerceamento do crédito internacional e o ‘writeoff’ do Brasil como um País sério vão aumentar a quebradeira entre as empresas e, infelizmente, fazer o desemprego subir.

Para além das repercussões de hoje no mercado, a perda do grau de investimento também convida a uma reflexão sobre o tipo de sociedade que temos e queremos, como o Ministro Joaquim Levy explicou didaticamente em sua heroica entrevista — pasmem, ao vivo — ao Jornal da Globo ontem à noite. Em vez de se esconder debaixo de uma pedra ou alegar uma gripe, Levy deu a cara à tapa e passou o recado certo.Joaquim Levy 1

A frase que resume esta reflexão é: “Temos que escolher o que queremos”. Incentivos à indústria (com juros de mentira), que prevaleceram por anos sem que ninguém se insurgisse contra isso, têm que ser pagos por alguém. Desonerações fiscais — e cada um de nós ganhou a sua — abrem um buraco nas contas ao longo do tempo, e há que se encontrar o dinheiro para tapá-lo. Políticas de ‘conteúdo nacional’ (lindas no palanque e horrorosas na planilha de custos) e gasolina a preço de cachaça custam uma Petrobras quebrada e usinas de etanol de joelhos.

Para além da discussão circunstancial — se o superávit deste ano será menos 0,15% ou mais 0,7% — a escolha colocada por Levy é a discussão que importa, e a única que pode, um dia, nos devolver o status ora perdido.

Por fim, resta lamentar o custo social da perda do grau de investimento, a maior tragédia dessa história toda. Como sempre acontece quando a economia brasileira fica desorganizada — e se você nasceu depois de 1994, você não sabe o que é isso — quem mais sofre não é a tal elite branca (esta que estaria ‘defendendo seus interesses’ ou ‘sendo hipócrita’ ao se manifestar).

Os próximos meses mostrarão que ontem foi uma data simbólica. Foi o dia em que o quarto Governo consecutivo do PT, por seus atos e omissões, tirou de muitos brasileiros a capacidade de pagar a prestação da casa própria, do carro, o cursinho de inglês do filho — mas acima de tudo, o sentimento de dignidade que só existe quando há crescimento econômico, emprego e moeda forte.

Quando James Carville dizia que “é a economia, estúpido,” ele apontava uma verdade fácil de aceitar: as pessoas votam com o bolso, e quanto mais emprego e renda, maior a chance de quem está no Poder continuar nele.

No Brasil, a economia amanheceu hoje mais próxima de mudar a Política.

 

A melhor arma contra a esquerda: deixá-la se expressar! (por RODRIGO CONSTANTINO)

Alguns leitores discordam do espaço que dou a gente como Gregorio Duvivier. Entendo o argumento, mas discordo dele. Também adoraria só navegar por mares mais limpos ou voar em céus mais elevados, debater conservadorismo contra liberalismo, falar de Dalrymple, Mises, Hayek e Scruton (coisas que faço também). Mas considero importante expor a esquerda, mostrar até onde vai sua estupidez econômica, mostrar sua hipocrisia e sua canalhice.

Vários antes de mim já entenderam isso: uma das melhores armas contra a esquerda é deixá-la se expressar. Como sai besteira! Claro, a retórica sensacionalista pode seduzir um ou outro incauto, mas qualquer pessoa minimamente preparada percebe o vazio intelectual, o duplo padrão moral, a cara de pau desses que ainda conseguem defender o indefensável: o socialismo, o PT, a presidente Dilma.

É o caso justamente de Greg, aquele que recebe verbas estatais pelo Banco do Brasil e pensa pela Porta dos Fundos. Se um rapaz medíocre como ele virou “intelectual” representante da nossa esquerda moderninha, isso diz muito sobre a gravidade da crise intelectual e moral do Brasil, não é mesmo? Então claro que preciso dar holofote ao sujeito: ele ilustra com perfeição o fracasso brasileiro! Vejam com os próprios olhos:

Isso mesmo, leitor. O “inteligentinho” adorado pela esquerda caviar acha que Dilma está sendo atacada não pela roubalheira que se instalou no estado, tampouco pela desgraça econômica que sua incompetência ideológica produziu, mas por não ser conivente com a corrupção! O leitor decente tem somente duas opções diante dessa afirmação: chorar de tanto rir, ou chorar de desespero por gente assim ser considerada por aí como “intelectual”. De qualquer forma, o choro é inevitável.

Esqueçam mensalão, petrolão, a institucionalização da corrupção pela máquina estatal toda, a banalização da roubalheira, os escândalos nunca antes vistos na história deste país, o cinismo dos petistas, o estelionato eleitoral de Dilma, Dirceu, Pinóquia e Pixuleco. Nada disso tem ligação com a revolta popular, com a indignação do povo. É tudo um complô de gente ainda mais corrupta que não tolera Dilma, pois ela não “transige com os malfeitos”.

Juro que nunca ri tanto assim com qualquer esquete escrita pelo Porta dos Fundos. Convenhamos: é hilário alguém contar uma piada dessas. Sim, o fato de ela não ser vista como uma grande piada por alguns debilóides é triste, e nos lembra de como o Brasil é um país intelectualmente atrasado, palco perfeito para oportunistas de plantão. Mas que é engraçado, isso é!

E é justo o humorista receber para entreter o público, não é verdade? O problema, naturalmente, é a fonte dessa grana ser nossos impostos. Aí a coisa também perde totalmente a graça…

Rodrigo Constantino

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