El Niño é similar ao de 1957/58 e deve ocasionar redução de chuvas para a região Centro-Oeste
O grande volume de chuvas que atingiu diversos estados do país no inicio de setembro deve permanecer por todo o mês no sul de Minas Gerais e São Paulo.
Segundo o climatologista Luiz Carlos Molion, quando o El Niño ocorre mais próximo à costa da América do Sul - como é o caso deste que estamos vivenciando - os impactos sobre o clima no Brasil são maiores.
Essa formação do El Niño é parecida com as condições encontrada no fenômeno que ocorreu em 1957 "quando a temperatura chegou aproximadamente a 2° acima do normal", afirma Molion. O El Niño de 1957 provocou chuvas intensas no sul e sudeste no período junho-outubro semelhante ao que está ocorrendo agora.
De acordo com os mapas do clima em 1957 a partir de setembro o registro de chuvas em setembro para as regiões do sul de Minas Gerais e São Paulo "ficaram de 100% a 150% acima da média para o mês", ressalta Molion declarando que pela previsão de similaridade esse fenômeno deve ocorrer também neste ano.
No entanto, é possível que a partir do final de dezembro se instale um veranico que pode perdurar durante os meses de janeiro e fevereiro "que é um período preocupante onde a carga de radiação solar é muito grande para a planta", avalia o climatologista.
Pela previsão de similaridade as chuvas devem retomar com maior regularidade a partir de março, podendo as precipitações ficar até acima da média. Segundo ele, o clima vive um ciclo de aproximadamente nove anos, onde se altera os períodos de chuva e veranico.
"Então começando em 2011 a 2020 deveremos ter um clima se comportando com chuvas nos meses de setembro a novembro e a partir do terceiro decênio de dezembro a janeiro ocorre uma redução nas chuvas", explica Molion ressaltando que essa redução das precipitações deve ser na ordem de 15% a 20%.
Para a região Sul, a previsão por similaridade aponta uma redução das chuvas "no centro do Rio Grande do Sul e Santa Catarina de setembro a novembro, retornando - particularmente no sudoeste do RS somente em janeiro", enquanto no Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul “devem ter excesso de chuvas de setembro-novembro e redução a partir do final de dezembro a janeiro", declara Molion.
Com isso o cultivo da soja na safra 2015/16 na região Centro-Oeste pode sofrer uma queda de produtividade por conta da redução das chuvas em dezembro, janeiro e fevereiro.
Na norte do país, especificamente na região de Boa Vista (RR), a previsão é de que as chuvas permaneçam abaixo da média dos meses de setembro a março de 2016.
Confira o mapa de previsão por similaridade de julho a janeiro 2016:
1 comentário
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Eduardo Lima Porto Porto Alegre - RS
Excelente entrevista! O Prof. Molion é um grande estudioso. Desde o início do ano, ele vem alertando para a probabilidade de confirmação de um El Niño intenso.