O ministro das Finanças, Lou Jiwei, afirmou que o gasto do governo central vai aumentar 10 por cento neste ano, mais do que os 7 por cento de crescimento previstos no início do ano, segundo um comunicado no fim deste sábado no site do Banco do Povo da China. O país vai elevar os pagamentos de dividendos de empresas estatais selecionadas para compensar perdas.
Em 2015, a China caminha para a sua expansão econômica mais lenta em 25 anos, e os mercados do país caíram 40 por cento desde meados de junho.
As ações chinesas derrubaram os mercados em Hong Kong para o seu fechamento mais baixo em dois anos na quarta-feira. Os mercados na China ficaram fechados na quinta e na sexta-feira por conta da celebração dos 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.
O crescimento da China vai permanecer ao redor de 7 por cento, como previsto no início do ano, e essa nova situação econômica pode durar quatro ou cinco anos, disse Lou. O governo não vai se preocupar de forma particular com flutuações econômicas trimestrais e vai manter estável a política macroeconômica, acrescentou.
A China não pode mais contar com suportes de política para alcançar crescimento de 9 a 10 por cento, já que pode levar vários anos para digerir o excesso de capacidade industrial e os estoques, disse ele.
A China anunciou nesta segunda (7) que revisou de 7,4% para 7,3% a estimativa de crescimento de 2014, o que pode elevar o grau de nervosismo dos mercados e as dúvidas sobre o estado da segunda maior economia do mundo.
O departamento nacional de estatísticas da China informou que o PIB (Produto Interno Bruto) do país foi de 65,3 trilhões de yuans (US$ 10 trilhões), 35 bilhões de yuans a menos que o número anunciado em janeiro. Também disse que o dado pode ser alterado mais uma vez, na revisão final sobre 2014, a ser anunciada em janeiro.
A revisão deixou o PIB um pouco mais longe da meta de crescimento do ano passado, que era "ao redor de 7,5%". O resultado foi o mais baixo desde 1990.
Para este ano, o governo tem como alvo um crescimento de 7%. No segundo trimestre, o país cresceu 7% em relação a igual período de 2014.
Em agosto, o banco central da China surpreendeu os mercados ao anunciar uma inédita desvalorização de 1,9% no yuan, o que foi interpretado como uma tentativa de estimular a economia via aumento das exportações.
As Bolsas chinesas têm sofrido quedas expressivas nas últimas semanas e levado instabilidade aos mercados mundiais.
O presidente do Banco Central da China, Zhou Xiaochuan, disse em comunicado que o "processo de correção" nas Bolsas chinesas já quase terminou e previu "maior estabilidade" no mercado financeiro a partir de agora.
O comunicado faz parte da estratégia da China de tranquilizar os investidores e os demais países do mundo.
Na reunião do G-20, que terminou sábado (5) em Ancara na Turquia, Zhou garantiu que as medidas implementadas pelo governo chinês para deter a queda das bolsas ajudaram "a prevenir riscos sistemáticos".
Ele afirmou ainda no encontro, que reuniu as maiores economias do planeta, que a moeda chinesa está perto de estabilizar e insistiu que não há razão para uma desvalorização persistente.
Segundo o governo chinês, a perda de valor recente do yuan faz parte do esforço de tornar a economia do país mais orientada pelo mercado e não foi feita para incentivar as exportações.
Representantes de nações europeias pareciam convencidos das boas intenções chinesas. Wolfgang Schäube, ministro das finanças da Alemanha, disse que o G-20 concordou que não há razão para temer a desaceleração da economia chinesa.
Pierre Moscovici, comissário de Assuntos Econômicos da União Europeia, comemorou "o comprometimento das autoridades chinesas com o crescimento sustentado".
Também presente ao encontro do G-20, Lou disse que Pequim não está especialmente preocupada com flutuações de curto prazo e que seu país manterá os planos de reforma nos mercados e na economia. A China tenta inverter os motores do seu crescimento, substituindo investimento em infraestrutura e exportações por consumo.
Por Randall Palmer e Nick Tattersall
ANCARA (Reuters) - Líderes financeiros das 20 maiores economias do mundo concordaram, neste sábado, com a aceleração de reformas para melhorar o decepcionantemente baixo crescimento, dizendo que a confiança em taxas de juros muito baixas não será o suficiente para acelerar a expansão econômica.
Mas também disseram que estão confiantes que o crescimento vai acelerar e, como resultado disso, as taxas de juros em "algumas economias avançadas" -código para os Estados Unidos-- teriam que subir.
"As políticas monetárias vão continuar a sustentar a atividade econômica consistentes com os mandatos dos bancos centrais, mas a política monetária sozinha não pode levar a um crescimento equilibrado", apontou o comunicado dos ministros das Finanças e membros de bancos centrais do G20.
"Nós observamos que, em linha com a perspectiva econômica melhor, o aperto de política monetária é mais provável em algumas economias avançadas."
O discurso desafiou a pressão de mercados emergentes para classificar o esperado aumento da taxa de juros dos Estados Unidos como um risco ao crescimento.
"Ouvimos opiniões diferentes sobre a possível decisão do Fed (banco central norte-americano). Alguns acreditam que o Fed precisa tomar a decisão assim que possível, enquanto outros acreditam que ele deveria esperar um pouco", afirmou o vice-ministro turco Cevdet Yilmaz, em uma entrevista coletiva.
Para limitar a volatilidade da saída de capital de mercados emergentes para ativos em dólar --a causa da preocupação sobre uma futura alta dos juros pelo Federal Reserve-- líderes financeiros do G20 disseram que evitariam qualquer surpresa ou medidas excessivas.
"Vamos calibrar com cuidado e comunicar claramente as nossas ações, especialmente sobre o pano de fundo de grandes decisões monetárias e de outras políticas, para minimizar os efeitos negativos, suavizar as incertezas e promover a transparência", disseram.
Preocupações sobre a turbulência que uma possível alta dos juros pelo Fed poderia causar foram amplificadas pela preocupação dos investidores com a desaceleração econômica da China, a segunda maior economia do mundo.
Autoridades do G20 disseram que houve uma discussão sobre a desvalorização do renminbi (moeda chinesa) pela China em agosto, uma medida que alguns podem ver como um realinhamento às taxas de mercado mais do que uma ajuda às exportações.
"Muitos apoiaram as medidas que a China tomou...os ministros foram muito tolerantes", disse o vice-ministro de finanças da Rússia, Sergei Storchak.
A desvalorização chinesa, assim como a forte queda do mercado de ações devido ao nervosismo com o crescimento, foram parte de um caminho difícil rumo a uma economia mais liberal, disseram as autoridades do G20.
"É uma transformação inacreditavelmente difícil e não é surpreendente que haja solavancos, porque não é um processo totalmente suave e acho que tivemos muitas explicações, oportunidades para fazer perguntas, e foi um diálogo muito franco", disse a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, após a reunião.
Mas nem todos ficaram tão impressionados.
"As explicações não foram muito boas. Eles deveriam ter sido muito mais claros", disse o ministro das Finanças do Japão, Taro Aso.
Lagarde, do FMI, diz que Fed não deve apressar decisão sobre taxa de juros
ANCARA (Reuters) - O Federal Reserve dos Estados Unidos não deveria apressar a decisão de aumentar a taxa de juros e deveria tomá-la apenas quando for improvável que a decisão seja revertida posteriormente, disse a chefe do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, neste sábado.
Muitas economias de mercados emergentes estão preocupadas que um aumento dos juros pelo Fed seria o gatilho para o capital sair de economias emergentes em direção a ativos em dólar, criando uma agitação no mercado que prejudicaria o crescimento.
Ministros das Finanças e chefes de bancos centrais das 20 maiores economias do mundo discutiram o assunto meticulosamente em uma reunião do G20 em Ancara, disse Lagarde, depois das conversas na capital turca.
"Deveria ser feito de uma vez só, se posso dizer assim", disse Lagarde. "Em outras palavras, não podem tentar e depois voltar atrás".
"Então, o que dissemos foi que o FMI acredita que é melhor ter certeza de que as informações estão absolutamente confirmadas, que não há incerteza, nem na questão da estabilidade dos preços, nem do emprego e desemprego, antes de realmente tomar essa decisão", acrescentou.
"Isso significaria estar na curva em vez de necessariamente à frente da curva, ou, na verdade, atrás da curva".
Ainda a tempestade (editorial da FOLHA)
A expectativa de alta dos juros nos EUA e a incerteza em relação à desaceleração chinesa afetam economias debilitadas como a brasileira
Nas últimas semanas, os mercados globais passaram por novas turbulências. A combinação da expectativa de iminente alta de juros nos Estados Unidos com incertezas sobre o ritmo de desaceleração da economia chinesa provocou abalos financeiros em toda parte –mas que afetam com maior intensidade os países com economia mais debilitada, como o Brasil.
Vêm dos EUA evidências de que sua recuperação econômica se consolida: o desemprego se aproxima do patamar de normalidade, ao passo que crédito e confiança estão em alta. Debate-se, agora, em que momento o Fed (o banco central americano) começará a elevar suas taxas de juros; imagina-se que isso deva ocorrer ainda neste ano.
Será um movimento gradual, em todo caso. Como ainda não há sinais de inflação no país e os salários permanecem contidos, não há razão para um grande aperto na política monetária, com diminuição de moeda em circulação.
Mesmo assim, os investidores buscam proteção –o dólar se valoriza desde meados de 2014 e acelera-se a fuga de capitais que foram direcionados para países emergentes nos últimos anos. Quem está endividado na moeda americana passa a ter mais dificuldades para arcar com as obrigações.
Trata-se de fenômeno recorrente na economia mundial. Desta vez, porém, o risco é maior, pois o aumento de dívidas desde a crise de 2008 foi o maior da história –estima-se que os emergentes (empresas e governos) tenham emitido US$ 8 trilhões no período, incentivados pelo juro zero nos EUA.
Nesse ponto entra a China. O país asiático experimenta longa desaceleração, com o esgotamento do ciclo de investimentos em infraestrutura. Dívidas contraídas para financiar tais projetos agora precisam ser roladas e, ao longo do tempo, reduzidas.
Por isso, além de medidas que incentivem o consumo, a economia chinesa precisa de uma política econômica expansiva: juros baixos, gastos públicos e, possivelmente, câmbio menos valorizado.
Não por acaso as autoridades tentaram, no início de agosto, flexibilizar seu regime de câmbio, que até então mantinha o yuan em patamar fixo em relação ao dólar.
Os mercados globais reagiram mal à mudança, que parece sugerir uma desaceleração maior que a esperada na economia chinesa.
Para os emergentes, fornecedores de matérias-primas ou de produtos industriais, uma desvalorização do yuan reforça ainda mais a fraqueza de suas próprias moedas.
Há pelo menos dois anos o tempo vem fechando para o Brasil. Não faltaram alertas de que a irresponsabilidade do governo Dilma Rousseff (PT) com suas contas expunha o país ao risco de ser apanhado por uma tempestade perfeita: a combinação de juros em alta nos Estados Unidos com desaceleração acentuada da China.
A tempestade chegou.
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Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC
Para limitar a volatilidade da saída de capital de mercados emergentes para ativos em dólar --a causa da preocupação sobre uma futura alta dos juros pelo Federal Reserve-- líderes financeiros do G20 disseram que evitariam qualquer surpresa ou medidas excessivas.
"Vamos calibrar com cuidado e comunicar claramente as nossas ações, especialmente sobre o pano de fundo de grandes decisões monetárias e de outras políticas, para minimizar os efeitos negativos, suavizar as incertezas e promover a transparência", disseram. Essa afirmação acima é verdadeira? Ou será só a fumaça do capeta para encobrir outras intenções? Reparem na mensagem de otimismo e confiança que ela transmite. É como se dissessem: Não se preocupem, tomaremos todas as medidas para que... para que mesmo? No fundo não dizem, as medidas tomadas serão boas para quem? Ora, no meu entender, serão boas para aqueles que tomam as medidas, para a economia dos que tomam as medidas, para o bolso daqueles que tomam as medidas. Por que então aceitamos declarações dessa natureza, apenas baseados na "autoridade" dessas pessoas? Se sequer sabemos suas reais intenções. São fabricadores de crises os pregadores de falsas doutrinas. Se alguém manisfesta seu desacordo quanto à isso é logo taxado de pessimista, de estar contra o progresso, de estar aliado à misteriosas forças com interesses escusos, etc... Assim quebram toda e qualquer resistência que possa haver. E continuam com suas falcatruas, a anunciar amanhãs gloriosos e feitos extraordinários.