Bovespa fecha em queda de 1,7% com cena externa negativa e incertezas locais persistentes
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa fechou em queda nesta sexta-feira, afetada pelo cenário externo negativo e tendo como pano de fundo um ambiente doméstico fragilizado no campo político e com perspectivas deterioradas no âmbito econômico, sem sinais claros de reversão.
O Ibovespa caiu 1,83 por cento, a 46.497 pontos. O giro financeiro totalizou 8,9 bilhões de reais. Na semana, o índice de referência do mercado acionário brasileiro contabilizou um declínio de 1,39 por cento.
Dados de emprego nos Estados Unidos divulgados pela manhã deixaram em aberto perspectivas de uma alta dos juros pelo Federal Reserve, o banco central norte-americano, ainda este mês, adicionando pressão ao negócios.
Investidores também terminaram a semana na expectativa da reabertura dos mercados chineses na segunda-feira, conforme permanecem os receios sobre a saúde daquela economia, após feriado suspender as negociações nos últimos dias.
Tanto os pregões nos EUA como o da Bovespa estarão fechados na segunda-feira por feriados nacionais.
No Brasil, o cenário político segue sustentando incertezas, com o mercado ainda avaliando que a sinalização vinda de Brasília é de que existe pouca margem de manobra para produzir o ajuste fiscal necessário para colocar o país de volta aos trilhos.
Há dúvidas também sobre próximas medidas do governo da presidente Dilma Rousseff, principalmente potenciais aumentos de tributação.
Para o gestor Marcello Paixão, sócio da gestora Constancia NP, será difícil o mercado acionário brasileiro apresentar uma melhora consistente com a economia em forte retração, o dólar e a inflação em alta e a desaceleração global em commodities.
"Esse cenário indica queda continuada do resultado das empresas, com raras exceções", avaliou.
Paixão disse que há ações locais com preços atrativos e casos interessantes de empresas boas e baratas, mas pondera que uma parte das ações são "value trap", ou seja, empresas baratas mas que destroem valor.
A divulgação da prévia final da carteira do Ibovespa que irá vigorar de 8 de setembro a 30 de dezembro também afetou os negócios nesta sexta-feira, tendo como novidade a saída de Eletrobras PNB e Duratex ON e a permanência da unit do Santander Brasil, ante parcial anterior.[L1N11A0L1]
DESTAQUES
=ITAÚ UNIBANCO e BRADESCO caíram 4,07 e 4,24 por cento, guiando as perdas do Ibovespa, dada a relevante fatia que detêm na composição do índice, em sessão de fortes perdas no setor bancário como um todo. BANCO DO BRASIL perdeu 4,43 por cento. SANTANDER BRASIL caiu 5,59 por cento, também afetado pelos ajustes ligados à divulgação da terceira prévia do Ibovespa, que manteve as units, enquanto as primeiras prévias para o índice previam a saída das mesmas.
=PETROBRAS terminou com as preferenciais em queda de 2,85 por cento e as ordinárias com declínio de 3,32 por cento, acompanhando a debilidade dos preços do petróleo no mercado externo. Também pesou nos papéis o risco de reajuste da Cide sobre combustíveis, o que, por sua vez, ajudou COSAN, que subiu 3,92 por cento, uma vez que a medida é avaliada como positiva para o setor de etanol.
=VALE fechou com as preferenciais de classe A em baixa de 3,09 por cento e com as ordinárias recuando 2,62 por cento, após fortes altas nos últimos dois pregões. Vale PNA acumulou na quarta e quinta-feira elevação de mais de 10 por cento.
=USIMINAS saltou 8,13 por cento, guiando os ganhos do setor siderúrgico no Ibovespa, com a forte alta do dólar frente ao real dando suporte a nova recuperação das ações do setor. CSN e GERDAU subiram 4,68 e 2,36 por cento, respectivamente.
=FIBRIA e SUZANO PAPEL E CELULOSE avançaram 2,21 e 2,06 por cento, respectivamente, também beneficiadas pelo câmbio, com o dólar subindo mais de 2,5 por cento.
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