Dólar amplia alta e vai a R$ 3,75, por cena fiscal
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar ampliava a alta a mais de 1,5 por cento, batendo o patamar de 3,75 reais nesta quarta-feira pela primeira vez desde o fim de 2002, pressionado por preocupações com as contas públicas do Brasil e o risco de o país perder o selo internacional de bom pagador.
Às 11:54, o dólar avançava 1,56 por cento, a 3,7455 reais na venda, quarta alta consecutiva. Na máxima da sessão, a moeda norte-americana atingiu 3,7571 reais, maior nível intradia desde 13 de dezembro de 2002 (3,7750 reais).
"Tanto na política quanto na economia, a situação está muito difícil. É provável que o dólar suba ainda mais", afirmou o superintendente de câmbio da corretora TOV, Reginaldo Siaca, que espera que a moeda norte-americana se aproxime de 4 reais nas próximas semanas.
Na segunda-feira, o governo enviou ao Congresso proposta de Orçamento de 2016 prevendo gastos maiores do que receitas. Operadores entenderam que a decisão aumenta a chance de o Brasil perder seu grau de investimento nos próximos meses, o que pode provocar fuga de capitais do país.
Essa perspectiva vem levando investidores a venderem ativos denominados em reais, pressionando o câmbio. Esse movimento resistia mesmo à queda do dólar em relação a outras moedas emergentes, um respiro após fortes altas recentes provocadas por preocupações com a desaceleração da economia chinesa.
A atuação do Banco Central também tem sido um foco importante para o mercado, que questiona se pode aumentar sua intervenção no câmbio para desacelerar o avanço da moeda norte-americana. Cotações mais altas tendem a pressionar a inflação ao encarecer importados.
"A questão é que o BC não vai usar armas poderosas demais, como leilões (de dólares) no mercado à vista, porque aí a sinalização vai fazer o mercado testar a disposição dele (de intervir cada vez mais)", afirmou o operador de um importante banco nacional.
"Mas, por outro lado, os leilões de linha não têm grande impacto no mercado e ele já está rolando totalmente o lote de swaps", acrescentou.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 9,45 mil contratos de swap cambial tradicional, que equivalem a venda futura de dólares, para a rolagem do lote que vence no próximo mês. Ao todo, o BC já rolou 915 milhões de dólares, ou cerca de 10 por cento do total de 9,458 bilhões de dólares e, se continuar neste ritmo, vai recolocar o todo o lote.
Na segunda-feira, o BC fez leilão de venda de até 2,4 bilhões de dólares com compromisso de recompra, mas não anunciou outros até agora.
(Por Bruno Federowski)
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