Depois da morte de índio, sedes de fazendas em Antonio João (MS) são desocupadas
As circunstâncias da morte de Semião ainda não foram esclarecidas, mas segundo o Departamento de Operações de Fronteira (DOF) e a Polícia Civil confirmaram que o indígena foi morto com um tiro na cabeça. Ele bebia água perto de um córrego, na Fazenda Barra, quando foi atingido.
Proprietários rurais, que negam que estavam armados durante o confronto, chegaram a afirmar que o corpo de Semião já estava na fazenda antes da reocupação liderada pelos ruralistas, no entanto, a informação é contestada pelo DOF.
Segundo o sargente Arguelho, da comunicação do DOF, o índio foi morto durante o confronto. “Esse índio pode ter sido morto pelos fazendeiros ou pelos próprios índios”, disse.
O corpo de Semião foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Ponta Porã. O caso continua sendo investigado.
Além de Semião, pelo menos mais 10 indígenas se feriram durante o confronto. Muitos deles, inclusive crianças e mulheres, estão com ferimentos de bala de borracha pelo corpo.
OCUPAÇÃO
Depois da reocupação liderada pelos produtores rurais no início da tarde de ontem (29), os indígenas saíram da sede das Fazendas Fronteira e Barra. Todos os produtores rurais da região se concentram nessas duas propriedades e não mais na estrada, como estava a situação até ontem.
Os indígenas continuam nas terras ocupadas, no entanto, no caso das Fazendas Barra e Fronteira, eles estão fora da sede. Entre os índios e os produtores rurais está a Força Nacional de Segurança, que chegou ontem em Antônio João.
O Exército também chegou na região e nesta manhã fez inspeções para avaliar onde será montada a base de segurança. Os militares ainda não fazem patrulhamento na região.
Além do DOF e da Força Nacional, equipes da Polícia Rodoviária Federal também contribui par evitar novos conflitos.
ÁREA
Há 10 anos, em 2005, o Governo Federal homologou parte das propriedades rurais da cidade como terra indígena. A partir daí, houve série de cobranças por parte dos índios para que a área fosse demarcada, no entanto, nada foi feito.
No final da semana passada, indígenas invadiram fazendas e fizeram famílias de produtores reféns. Na quarta-feira (26), o clima ficou ainda mais tenso e produtores rurais bloquearam estradas que dão acesso à cidade em forma de protesto. As rodovias foram liberadas durante a noite.
No dia seguinte, a situação era menos tensa na região, mas a invasão continuava e policiais do DOF fizeram a segurança para evitar confrontos entre indígenas e fazendeiros.
Amanhã (31), está previsto acontecer reunião entre representantes da Polícia Federal, Exército e forças de segurança estaduais para debater a questão.
TENSAO
Depois da morte do indígena Semião Fernandes Vilhalva, de 24 anos, no sábado (29) o clima continua tenso em cinco fazendas da região. Proprietários de ao menos duas delas conseguiram voltar para as sedes das propriedades, mas os índios continuam nas terras monitoradas pelo Departamento de Operações de Fronteira (DOF), Força Nacional, Exército e Fundação Nacional do Índio (Funai).
Há 10 anos, em 2005, o Governo Federal homologou parte das propriedades como terra indígena. A partir daí, houve série de cobranças por parte dos índios para que a área fosse demarcada, no entanto, nada foi feito.
No final da semana passada, indígenas invadiram fazendas e fizeram famílias de produtores reféns. Houve bloqueio de rodovias e enfrentamentos. Reunião estratégica das forças de segurança, no entanto, pretende aprofundar as ações a serem tomadas no local na segunda-feira (31).
INDENIZAÇÃO
Produtores rurais devem ser indenizados pela terra nua e benfeitorias, conforme o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), para que se resolva impasse gerado pela demarcação de terras indígenas em Mato Grosso do Sul. Conflito em Antônio João, a 402 quilômetros de Campo Grande, reforça a urgência de que a União coloque em prática plano de indenizações.
"O conflito é muito ruim. Conseguimos com que a presidenta Dilma Rousseff (PT) liberasse o Exército, que vai descer para a região e criar zona para proteger índios e produtores, mas a solução definitiva depende de que a União adquira aquelas terras e indenize a terra nua e benfeitorias", pontuou Azambuja, durante a Caravana da Saúde em Nova Andradina.
Diálogo com os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Defesa, Jaques Vagner, seriam constantes no intuito de sair do aspecto "simpatia" para "ação efetiva" que resulte na redução do conflito.
Azambuja pontuou ainda que a presença do Exército, intermediada pela bancadas de deputadores e senadores, colabora para organizar a segurança em área tão sensível como a fronteira com o Paraguai. Isso porque haveria suspeita da atuação de guerrilhas paraguaias em meio ao conflito em Antônio João.
2 comentários
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Alex Baum Montevidiu - GO
A propriedade é sagrada e como tal deve ser defendida. O Estado já era, não tem poder divino. Já os índios, o que produzem ?
Com o que eles contribuem com a sociedade ? Que impostos pagam ?Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC
Vou repetir aqui, o MPF tem poder legal para acabar com os conflitos entre os guaranis e os produtores rurais do sul do MS (região de Antonio João). Mas, no Governo (ministério da Justiça) José Eduardo Cardoso e Jacques Wagner (ministério da Defesa) são defensores da ideologia terrorista em curso dentro do governo, portanto, como podem resolver aquilo que ajudaram a criar? É esse tipo de coisa que querem, que estimulam, que protegem. E a bancada ruralista, colocando o exército para expulsar indios armados com arco e flecha (??!!!)..., e com autorização de Dilma!!!. Deputados e senadores omissos, calados diante do avanço totalitário do PT, querem apenas aparecer como salvadores da pátria. Vão lá fazer de conta que estão preocupados, vão aparecer, dão entrevistas, para depois virarem as costas aos produtores, irem para casa esperar o próximo confronto, a próxima morte, tudo no intuito de conseguirem palanque para se promoverem. Bando de hipócritas.
E a madame Kátia Abreu? Sumiu porque? Porque Sumiu? O dinheiro da CNA é para isto? Para esta covardia toda?