Bovespa recua 2,8% e fecha na menor cotação desde 2009 por aversão global a risco
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO, (Reuters) - A Bovespa fechou a segunda-feira com o seu principal índice em queda de 3 por cento e no menor patamar em mais de seis anos, afetado pela onda de aversão a risco nos mercados globais, devido a temores crescentes com a economia chinesa.
O Ibovespa caiu 3,03 por cento, a 44.336 pontos, menor nível desde 8 de abril de 2009. O giro financeiro totalizou 8,2 bilhões de reais, acima da média diária do ano de 6,7 bilhões de reais.
No pior momento, logo após a abertura, o índice de referência do mercado acionário brasileiro desabou 6,50 por cento, caindo abaixo de 43 mil pontos.
A reação na bolsa brasileira acompanhou a redução das perdas nas praças acionárias no exterior, que voltaram a perder fôlego no final do pregão, mas ainda assim fecharam acima das mínimas do dia.
Nos Estados Unidos, o S&P <.SPX> fechou em queda de 3,94 por cento, após recuar mais de 5 por cento no pior momento do dia. Na Europa, o FTSEurofirst 300 recuou 5,44 por cento.
A liquidação de ativos de risco como ações e commodities foi deflagrada por nova queda acentuada nas bolsas chinesas, visto que as medidas do governo para frear a desaceleração da atividade da segunda maior economia do mundo não têm surtido efeito.
O índice da bolsa de Xangai caiu 8,5 por cento.
"Passado o 'modo pânico', a bolsa tende a reagir um pouco conforme os investidores começam a fazer contas", disse o chefe da mesa de renda variável da corretora de um banco estrangeiro em São Paulo, que pediu para não ser identificado.
O quadro político doméstico também esteve no radar, com anúncio de que o governo federal fará uma reforma administrativa que deve incluir a redução de 10 dos 39 ministérios existentes, entre outras medidas.
Também repercutiu a saída do vice-presidente Michel Temer da articulação política do governo, segundo disse à Reuters uma fonte próxima ao setor de articulação do Planalto.
DESTAQUES
=VALE fechou com queda de 7,96 por cento nas preferenciais de classe A, em meio a temores sobre a China, uma vez que uma desaceleração mais forte naquele país tende a impactar negativamente os preços de commodities. Os preços do minério de ferro na China recuaram nesta segunda-feira, com os contratos futuros atingindo limite diário de queda. Na mínima, Vale PNA caiu 11,6 por cento.
=USIMINAS caiu mais de 10 por cento, figurando entre as maiores quedas do Ibovespa, também afetada pelas apreensões ligadas à economia chinesa, com relatórios do Itaú BBA e do Credit Suisse negativos sobre o setor siderúrgico. No caso do Itaú BBA, o analista abre sua análise afirmando que boas notícias para as siderúrgicas e mineradoras brasileiras são improváveis por ora. CSN perdeu 7,21 por cento e GERDAU cedeu 7,38 por cento.
=PETROBRAS encerrou com recuo de 6,51 por cento nas preferenciais em meio ao declínio acentuado dos preços do petróleo no exterior. Na mínima da sessão, a Petrobras PN chegou a recuar mais de 9 por cento.
=ITAÚ UNIBANCO também devolveu parte das perdas e fechou o dia em baixa de 1,97 por cento, enquanto o BRADESCO encerrou em queda de 1,76 por cento.
=TIM PARTICIPAÇÕES recuou 6,33 por cento, também afetada pela notícia de que a TELEFÔNICA BRASIL não está mais disposta a fatiar a companhia controlada pela Telecom Italia e mira a Sky, do grupo AT&T, segundo reportagem publicada pelo jornal Valor Econômico nesta segunda-feira.
=OI caiu 9,67 por cento, com o Credit Suisse avaliando, em nota a clientes, que a notícia sobre a Telfônica Brasil também é negativa para a operadora, pois uma potencial compra da empresa não é mencionada. Além disso, o Goldman Sachs cortou previsões e o preço-alvo do ADR (recibo de ação negociado nos EUA) da empresa de 1,60 para 0,60 dólar, citando que a estratégia da empresa de preservar a lucratividade e o caixa no curto prazo vai gerar impacto negativo nos resultados do médio e longo prazos.
=NATURA avançou 2,18 por cento e CIA HERING ganhou 1,17 por cento, as únicas ações a fecharem no azul. Ambas estão na lista de papéis difíceis de encontrar para alugar, o que pode amparar a alta das mesmas. No caso da Cia Hering, há também o efeito da notícia recente de que a gestora Gávea Investimentos ampliou para 5,32 por cento sua participação nas ações da varejista.
1 comentário
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Vilson Ambrozi Chapadinha - MA
Chinês deixando de construir até imagino que existirá, mas voltar a comer insetos??!! ... duvido.
Caro Wilson..tenho colocado e repetido que..com mundo abastecido de soja...safras normais..demanda normal...previsão de aumento de áreas...e mundo quebrado o soja viria a 8..e veio...fiquem atentos a dólar e tem que torcer contra ajuste fiscal para dar errado..pois se souberem fazer o dolar vai cair e aí o preço da soja volta a 45,00 por saca...então analisem..acompanhem...e procurem parcelar as vendas aproveitando os picos...mas vão vendendo..embora acredito que até a nova safra o ajuste fez pouco efeito ainda e o dolar deva estar na faixa de 3,40...
Dalzir, veja só que curioso, diziamos que a soja iria abaixo de 9, e chega abaixo de 9. Mesmo assim muitos não acreditam, falam do premio, do preço nos portos, e alguns até de coisas que ninguém falou, como o fim da produção dos grãos. É uma coisa assim, você diz: o consumo interno vai diminuir na China por conta de desvalorização cambial, e eles respondem: o Chinês não vai voltar a comer inseto! Mesmo sabendo que a desvalorização cambial diminuiu o consumo interno do Brasil e foi catastrófica para o setor leiteiro, e já mostra seus efeitos sobre a produção de suinos e aves, e mesmo assim os lideres sindicalistas, para quem o governo é uma maravilha e o MAPA funciona, esses setores vão muito bem obrigado. Essa conversa de que se as coisas vão bem para os produtores de grãos, vão bem para toda a sociedade é balela inventada para tirar dinheiro do "povão", que está ficando cada vez pior. Na China ocorre a mesma coisa, no entanto, dizem, os resultados serão diferentes. Entendo, lá o País é comunista, a economia é planificada e sem sombra de dúvida muito melhor que o capitalismo. Isso resume.