CNC: Alta do dólar frente ao real favorece recuperação do café no mercado físico
SAFRA 2015 — O Conselho Nacional do Café vem a público reiterar que a safra 2015 do Brasil se situará mais próxima do intervalo de baixa de 40,3 milhões de sacas de 60 kg, conforme apresentado em trabalho que contratamos em março deste ano.
Na condição de representantes da produção nacional, temos o dever de trabalhar com os números mais realistas possíveis, não incentivando a geração de especulações em um mercado já extremamente especulativo por sua essência.
Dessa forma, assim como repudiamos alguns players e empresas internacionais que superestimam nossas produções com o intento de pressionar as cotações e adquirir o produto a níveis baixos, também não creditamos pessoas e instituições que conduzem seus cenários regionais à esfera nacional, haja vista que um panorama local não corresponde à realidade total da safra.
A respeito de informarmos que nossa produção se situará ao redor de 40 milhões de sacas, o fazemos em função da consulta junto às nossas bases produtivas, que nos reportam a grande incidência de cafés miúdos e a consequente necessidade de mais grãos para se encher uma saca, conforme divulgamos em nosso balanço anterior (clique aqui e confira).
Esse fator afetou a rentabilidade da produção nacional e ocasionou perdas, mas não ao ponto de fazer o Brasil colher menos de 40 milhões de sacas neste ano. Por fim, o CNC reitera, ainda, que esse volume, somado aos estoques existentes, é satisfatório para que honremos nossos compromissos com o consumo interno e com a exportação, embora tenhamos chegado ao menor volume armazenado da história cafeeira do País.
IMPORTAÇÃO DE CAFÉ — Na quarta-feira, dia 5, a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) aprovou o Projeto de Decreto Legislativo nº 81/15, de autoria do deputado Max Filho e que teve o deputado Dilceu Sperafico como relator. O PDL sustou a Instrução Normativa nº 6 do Ministério da Agricultura, que aprovava exigências fitossanitárias para a importação de café arábica produzido no Peru. Agora, o Projeto será analisado pela Comissão de Constituição de Justiça da Câmara dos Deputados e pelo Plenário da Casa.
A respeito desta matéria, o CNC entende a necessidade de debate e não cria objeção inicial às discussões. Por outro lado, não concordamos com medidas que sejam adotadas sem consultas prévias ao setor produtivo, haja vista que uma ação que vise a algo positivo, como a agregação de valor, poderá ter impactos reversos e gerar prejuízos aos cafeicultores, o que agravaria ainda mais o cenário financeiro crítico, dentro do qual eles já se encontram com dificuldade para obter renda na atividade, devido à baixa cotação do café no mercado.
Concluindo, o CNC pontua que a falta de renda aos produtores impactará diretamente nas economias de centenas de municípios, haja vista que nos depararemos com o crescimento do desemprego e os subsequentes desaquecimento do comércio nessas localidades — a cafeicultura é a principal fonte de renda em muitas delas — e o inchaço nas cidades grandes e suas consequências, como o aumento dos índices de violência, em função da busca desses desempregados por melhores oportunidades nos maiores centros urbanos.
FUNCAFÉ 2015 — Até o fechamento desta semana, chegou a 23 o número de contratos assinados pelo Ministério da Agricultura com os agentes financeiros para repasse dos recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) na safra 2015. O volume contratado pelas instituições alcançou R$ 3,011 bilhões, respondendo por 72,80% do total de R$ 4,136 bilhões disponível.
Do montante autorizado pelo Mapa, R$ 1,126 bilhão se destinam à linha de financiamento de Estocagem, R$ R$ 717 milhões para Custeio, R$ 571,5 milhões à Aquisição de Café (FAC) e R$ 596,5 milhões para Capital de Giro voltado a Cooperativas de Produção e a Indústrias de Torrefação e Moagem e de Café Solúvel, conforme ilustra gráfico abaixo. Para conferir a tabela completa com os agentes e os valores destinados a cada linha, clique aqui.
MERCADO – As cotações de fechamento dos futuros do arábica negociados em Nova York oscilaram ao redor de US$ 1,25 nesta semana. O dólar voltou a fortalecer-se no Brasil, auxiliando na recuperação dos preços do café no mercado físico.
Influenciada pelas incertezas nos cenários político e econômico do País e pelas especulações sobre a alta dos juros nos Estados Unidos, a moeda norte-americana encerrou a sessão de ontem a R$ 3,5374, com variação de 3,3% em relação à última sexta-feira e atingindo o maior valor desde março de 2003.
Na ICE Futures US, o vencimento setembro do Contrato C foi cotado, ontem, a US$ 1,2425 por libra-peso, acumulando leve variação negativa de 100 pontos em relação ao fechamento da semana passada. As cotações do robusta, negociadas na ICE Futures Europe, também não registraram variação significativa. O vencimento setembro/2015 encerrou o pregão a US$ 1.640 por tonelada, com alta de US$ 2 desde a última sexta-feira.
No mercado físico nacional, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) avalia que houve aumento dos negócios devido à valorização da saca de café. Os produtores de arábica têm ofertado preferencialmente grãos de qualidade inferior, como o rio, já que reservam os cafés com classificação mais elevada para o cumprimento de contratos. Ontem, os indicadores calculados pela instituição para as variedades arábica e conilon foram cotados a R$ 444,17/saca e a R$ 323,02/saca, respectivamente, com variação de 7% e 3% em relação à semana antecedente.
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