Brasil continuará como grande fornecedor de alimentos, diz Delfim Netto
A abundância de água e outros recursos naturais e a alta produtividade vão garantir ao País o espaço conquistado como grande exportador mundial de alimentos, declarou o ex-ministro Delfim Netto, na abertura do Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (Siavs), em São Paulo, evento ocorreu entre os dias 28 e 30 de julho.
A solenidade de abertura também contou com as presenças dos ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, e da Secretaria de Portos, Edinho Araújo; dos governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin, do Paraná, Beto Richa, de Goiás, Marconi Perillo, de Santa Catarina, Raimundo Colombo, e do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, além de deputados, senadores, lideranças do agronegócio e outras autoridades.
De acordo com Delfim Netto, a China possui terra o suficiente para produzir a demanda interna de soja, mas não dispõe de água.
“O Brasil é um grande exportador de água. Para se ter uma ideia, cada quilo de carne bovina produzida consome 15 mil litros de água”, comentou.
Na ocasião, ele defendeu o ajuste fiscal como forma de o Brasil retomar o crescimento.
“Temos de cortar gastos, não podemos comprometer 8% a 9% do PIB (Produto Interno Bruto) com despesas discricionárias”, sugeriu Delfim Netto, apontando a necessidade de o Congresso Nacional retomar o papel de protagonista na aprovação de medidas econômicas.
Ainda conforme opinião do ex-ministro, o investimento em tecnologia é a chave para o contínuo crescimento nacional e deve ser direcionado a novas modificações de produtos, mais resistentes, em razão das mudanças climáticas.
“O papel do País como celeiro do mundo dependerá de se manter os recursos em pesquisa”, disse ele, destacando o papel da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), “que transformou nosso maior passivo em ativo, o Cerrado”.
PESQUISA E SANIDADE
Em seu discurso, a ministra Kátia Abreu também ressaltou o papel da entidade de pesquisa.
“Temos de aplaudir e reconhecer o trabalho realizado pela Embrapa, que foi criada na época do então ministro Delfim Netto”, elogiou.
Ela ainda destacou a importância da sanidade na cadeia de aves e suínos. Também apontou e garantiu que este é o foco principal do Mapa e da defesa agropecuária.
“Atualmente, o Ministério trabalha com outros problemas e demandas, mas de longe a defesa agropecuária é a prioridade”, reforçou Kátia Abreu.
Já o presidente executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, ressaltou os números positivos dos dois segmentos de proteínas (aves e suínos), em um momento em que outros setores enfrentam dificuldades.
“Se as previsões da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) se confirmarem, ou seja, que precisaremos produzir 70% a mais de alimentos até o ano de 2050, e que 40% virão do Brasil, temos muito para crescer”, disse.
Turra ainda ressaltou: “Nem sempre aproveitamos a oportunidade que o mercado nos oferece, pois temos limites logísticos, burocráticos e até de uma legislação inflexível, dura e custosa, que desafia os nossos empreendedores e nem sempre é adequada à realidade brasileira. Mas continuaremos gerando emprego e renda para o País e preservando o meio ambiente”.
O presidente da ABPA atribuiu as conquistas do setor à sanidade: “Somos o único país, entre os grandes produtores, a nunca registrar um só foco de doença aviária e também estamos livres de PED (diarreia suína epidêmica) e peste suína africana”.
De acordo com ele, “por esta razão, a sanidade garante a abertura de portas de qualquer mercado e não podemos falhar uma vez sequer, pois é da sanidade do nosso país que depende os milhões de empregos gerados pelo setor”.
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