Soja: Mercado brasileiro fecha semana com altos preços nos portos e quase 30% da nova safra vendida

Publicado em 17/07/2015 17:26

Os negócios desta semana foram marcados por uma forte volatilidade na Bolsa de Chicago. Já no Brasil, com os preços caminhando de lado no mercado futuro norte-americano, e o dólar registrando ganhos significativos somente no final da semana, os valores encerraram fecharam com estabilidade, mas ainda mantendo patamares interessantes. 

Em um dos melhores momentos da temporada, nesta sexta-feira (17), a soja da safra nova bateu em R$ 77,50 por saca, chegando, ao longo dos dias, em R$ 78,00 para alguns negócios. Porém, o preço fechou a semana em R$ 76,50, com ganho acumulado de 0,66% em relação à última segunda-feira (13). Já no porto de Paranaguá, a oleaginosa ficou estável em R$ 75,00. Para a soja disponível, foi registrado um avanço de 0,68% para R$ 73,50/saca no terminal paranaense; enquanto no gaúcho, uma baixa de de 0,40% para R$ 74,70. 

Soja na Semana - Físico

Apesar de ligeiramente atrasada em relação a anos anterioes, a comercialização da safra 2015/16 evolui bem nas últimas três semanas e parte deste atraso foi recuperado, segundo relatou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. Assim, até esta sexta-feira, foram vendidas perto de 20 milhões de toneladas. 

"Temos pouco menos de 30% da nova safra brasileira já vendida, em anos anteriores, esse índice já estava em 35%. Mas nos últimos dias, as vendas se recuperaram bem com a puxada dos preços", diz. "A comercialização externa está muito forte, fluindo bem", completa. 

No cenário da safra 2014/15, os negócios ainda são pontuais, porém, também fortes. Segundo Brandalizze, os produtores que possuem soja da safra velha estão bem capitalizados e "não vão vender com facilidade" essa oferta. Além disso, o consultor destaca ainda os bons negócios no interior do país, onde a demanda também é grande por parte das indústrias de farelo e óleo, bem como as de biodiesel. 

No interior do país, também estabilidade entre as principais praças de comercialização, segundo um levantamento feito pelo Notícias Agrícolas junto às cooperativas e aos sindicatos rurais. O destaque fica para Londrina/PR, com alta acumulada de 0,80% para R$ 63,00 por saca, e Jataí/GO, onde o ganho foi de 0,03% para R$ 57,62.

"O setor de rações - com o aumento do consumo das proteínas animais - está a todo o vapor e o de biodiesel vai precisar de muito óleo de soja", explica o consultor. 

Dólar - A alta do dólar nesta sexta-feira influenciou de forma bastante positiva os preços no Brasil. A moeda americana fechou o dia com alta de 1,13% frente ao real em R$ 3,1939, após bater em R$ 3,2040 na sessão. Na semana, a divisa conseguiu acumular uma alta de 1,03%. 

Segundo especialistas, o avanço do dólar foi, principalmente, uma reação às turbulências políticas que têm sido registradas no Brasil e explodiram nesta sexta com o rompimento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, com o governo de Dilma Rousseff após ter sido acusado de receber R$ 5 milhões em propina. 

O mercado também avalia o resultado da chamada "prévia do PIB", divulgada mais cedo pelo Banco Central, que indica que a economia brasileira ficou estagnada em maio, como informou o  G1. 

Mercado Internacional 

Na Bolsa de Chicago, o resultado semanal foi negativo. Os futuros da soja entre as posições mais negociadas fecharam com baixas acumuladas superando os 2%, porém, ainda acima dos US$ 10,00 por bushel. O contrato agosto/15 fechou em US$ 10,04; o novembro/15 em US$ 10,06 e o março/16 em US$ 10,07 por bushel. Na sessão desta sexta-feira (17), o mercado fechou em campo negativo, com pequenas baixas de 4,25 a 6,75 pontos.

Soja na Semana - Bolsa de Chicago

A volatilidade foi o principal componente para o andamento dos negócios na CBOT nesta última semana, motivada pelo atual momento do clima nos Estados Unidos e as previsões climáticas dos mais diferentes modelos focando quadros distintos.

No Meio-Oeste americano, as chuvas continuam intensas e ao menos durante a próxima semana os dias ainda serão muito úmidos. No entanto, já começa a ganhar a atenção dos meteorologistas e traders a chegada de uma onda de forte calor no país. E para completar, há ainda a influência do El Niño mais forte dos últimos 50 anos causando adversidades climáticas em diversas regiões produtoras ao redor de todo o mundo. 

"Pelos próximos dias, os traders devem continuar comentando essa onda de calor, porém, enquanto isso algumas novas frentes se formam, como mostram os mapas meteorológicos divulgados hoje pelo NOAA para os próximos sete dias, o que ainda deve manter o Meio-Oeste americano muito úmido na próxima semana", explicou o analista de mercado Bryce Knorr, do site internacional Farm Futures.

Ainda nesta semana, as informações que vieram do mercado financeiro também mostraram mais tranquilidade e tiveram menos peso sobre os negócios na Bolsa de Chicago. O acordo na Grécia e uma nova ajuda da União Europeia, as preocupações com a China foram amenizadas e, nesta sexta, bons números sobre a economia dos EUA favoreceram também. 

"Até que se tenha uma notícia mais acertiva, o mercado vai ficar nesse compasso, de US$ 10 para baixo, de US$ 10 para cima", acredita Fernando Pimentel, consultor de mercado da Agrosecurity. Pimentel afirma ainda que, entre os especuladores, nessas baixas pontuais que levam os preços a se aproximarem de seus suportes e do patamar dos US$ 10,00 por bushel, os fundos podem voltar à ponta compradora do mercado e levar as cotações à novas altas. "Acredito que o mercado esteja limitado para grandes quedas. Esse é um movimento de mercado especulativo, de gráficos, e fica nesse sobe e desce", diz. 

Para Bob Burgdorfer, também do internacional Farm Futures, "os traders vão agora se focar no clima durante o final de semana, o qual poderia trazer mais chuvas para o Meio-Oeste, antes de um padrão mais quente e seco chegar e se instalar". 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Fiz uma conta rápida aqui, considerando a desvalorização cambial, e cheguei à conclusão de que, no caso da soja, a rentabilidade vai cair 50% este ano (isso se os preços continuarem nesses patamares). Havendo nova desvalorização no câmbio, o produtor que já comprou os insumos para a próxima safra, embolsará um valor correspondente à desvalorização a mais, neste ano. No ano que vem o que virá é outra redução nas margens, com efeitos cada vez maiores na lucratividade, até zerar ou negativar. A inflação diminuirá o consumo e deprimirá os preços pagos aos produtores.

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