Dilma está no 'volume morto', diz Lula em encontro com líderes religiosos (Folha/O Globo)

Publicado em 20/06/2015 15:38
Manchete da Folha deste sábado, repercutindo relato de O Globo, sobre confisssões de Lula...

Reunido com líderes religiosos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula afirmou, na quinta (18), que a presidente Dilma Rousseff "está no volume morto". Em tom de desabafo, referiu-se à gestão da sucessora como "um governo de mudos".

Durante o encontro, realizado no auditório do Instituto Lula, o ex-presidente falou de promessas descumpridas por Dilma, como a de "não mexer no direito dos trabalhadores". E listou notícias negativas, como a alta da inflação e aumentos de tarifas.

"Dilma está no volume morto, o PT está abaixo do volume morto e eu estou no volume morto", reclamou Lula, segundo conversa reproduzida pelo jornal "O Globo".

"Aquele gabinete presidencial é uma desgraça. Não entra ninguém para contar uma notícia boa", queixou-se.

Lula lamentou também a resistência de Dilma em viajar. "O [ex-ministro] Gilberto [Carvalho] sabe do sacrifício que é pedir para a companheira Dilma viajar e falar".

O ex-presidente relatou suas reuniões com Dilma. "Fiz essa pergunta a Dilma: 'Companheira, você lembra qual foi a última notícia boa que demos ao país?'. Ela não lembrava."

Numa dessas reuniões, Lula apresentou a Dilma uma pesquisa segundo a qual o governo só tem 7% de aprovação e sofre 75% de rejeição entre os eleitores do ABC.

"Isso não é para você desanimar. É para você saber que a gente tem que mudar", disse ele a Dilma, sempre segundo o relato feito aos religiosos e reproduzido pelo jornal "O Globo".

Participante do encontro, o padre Julio Lancelotti, da pastoral do Povo da Rua, descreveu a conversa como informal: "Contundente, mas não agressiva", sintetizou.

Para o bispo d. Pedro Stringhini, da diocese de Mogi das Cruzes, o encontro foi uma oportunidade para reflexão. "Ele [Lula] disse mesmo que o Governo está no volume morto e deveria voltar às origens".

Essa não é a primeira vez em que Lula expressa sua insatisfação com o governo Dilma. Ele tem reclamado da concentração de poder nas mãos do chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da falta de declarações em defesa do governo.

"Pelo amor de Deus, Aloizio, você é um tremendo orador. É certo que é pouco simpático", disse Lula, em outro trecho da descrição da conversa com o ministro.

Lula também não poupa o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Ele responsabiliza o ministro e o governo Dilma pelos desdobramentos da Operação Lava Jato. O ex-presidente tem dito a aliados não ter dúvida de que será o próximo alvo das investigações.

Ele disse que o PT errou, já no processo do mensalão, ao tratar o caso juridicamente. E afirmou que o momento atual é ainda mais dramático. Segundo Lula, existe um "mau humor na sociedade", com petistas sendo hostilizados nas ruas. "Jamais vi o ódio que está na sociedade. Companheiro do PT não podendo entrar em restaurante."

Procurado, o Instituto Lula não quis se manifestar sobre o teor da conversa entre Lula e representantes religiosos. 

 

Para especialista, rigor da punição definirá 'transformação' no país

FERNANDO CANZIAN,  DA FOLHA DE SÃO PAULO

 

O rigor das punições aos empreiteiros presos na Operação Lava Jato determinará se o Brasil passará por um momento de "transformação". Em que o clientelismo público-privado oferecerá riscos a ponto de impedir novos escândalos de corrupção como no caso da Petrobras.

Para Sérgio Lazzarini, professor do Insper e autor de "Capitalismo de Laços", obra que esmiuçou esse tipo de relação em mais de 800 empresas, a Lava Jato já colocou as investigações "em outro patamar". "O que vai resultar disso obviamente vai depender do avanço processual", diz em entrevista à Folha:

*

Folha - A prisão dos presidentes das duas maiores empreiteiras do país é uma sinalização de que o Brasil pode estar a caminho de uma ruptura da relação de clientelismo público-privado?
Sérgio Lazzarini - Precisamos primeiro ver como vão andar essas investigações. De fato, em havendo provas e demonstrações efetivas de atos ilícitos, o crucial seria termos punições mais severas do que temos tido no Brasil recentemente. Isso pode dar sinais para outras pessoas de que existe um risco considerável de punição. Isso nos levaria a um momento importante de transformação do Brasil.

Pelo que vimos até aqui na Lava Jato, as prisões, provas, recursos de advogados, você diria que já estamos entrando neste estágio de transformação?
Na Lava Jato certamente entramos em outro patamar a partir da instituição da delação premiada e do envolvimento de um conjunto muito grande de órgãos de fiscalização. Ministério Público, Polícia Federal, TCU, órgãos de controle financeiro, mídia, gente da academia analisando o caso e uma pressão popular muito grande. São vários fatores. Eles não só melhoraram o esforço investigativo como levam a população a querer resultados. O que vai resultar disso, obviamente vai depender do avanço processual. E o que vai gerar exemplo são as punições.

O histórico mais recente que temos foi a investigação e o processo que resultaram nas prisões de políticos ligados ao mensalão. Se olharmos agora, estão quase todos soltos e preservaram seus patrimônios. Não é um mal sinal?
Vamos ver daqui para frente e observar. Há toda uma discussão sobre se essas empreiteiras envolvidas se tornam inelegíveis para novas obras com o governo ou não. Esse debate está acontecendo e vamos ter de ver como vai evoluir. Vamos impedir a empresa de participar? Ou vamos preservar a empresa e punir com mais rigor o controlador?

A PF vem adotando a estratégia de focar primeiro nos empresários corruptores e, numa segunda fase, nos políticos. Em perspectiva, qual as implicações mais adiante no financiamento de campanhas?
Será necessária uma discussão a respeito de limites. Eliminar o financiamento privado completamente não resolverá o problema. Hoje, 75% do financiamento das campanhas é feito por empresas. Se eliminarmos isso, o político não vai baixar o custo de sua campanha. Vai buscar alternativas.
O que não entrar pelo oficial vai entrar pelo caixa dois.
Teríamos que buscar alternativas. O código eleitoral brasileiro já diz que não podem doar empresas que são permissionárias ou concessionárias de serviços públicos. Mas a lei só se aplica à empresa que foi criada para gerir o negócio. Se há um grupo que é sócio ou que controla essa empresa, ele pode doar. O que é um absurdo, já que o grupo tem interesse em comum com a concessionária. Uma medida muito salutar seria estender a proibição aos controladores, ao grupo. 

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Fonte:
Folha de S. Paulo + O Globo

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2 comentários

  • salvador reis neto santa teresa do oeste - PR

    AMIGOS, VCS. NÃO PERCEBERAM QUE O LULA JÁ ESTA EM CAMPANHA??!!!, O PIOR É QUE MUITA GENTE AINDA ACREDITA NELE... COMO O PAI DOS POBRES (??!!).

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  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Esses, que se reuniram com Lula, não são religiosos - no sentido estrito da palavra. São, na verdade, militantes comunistas. Pesquisem e saberão. Pois bem, li reportagens afirmando que nem a oposição conseguiu realizar um diagnóstico tão bom sobre o governo Dilma como fez Lula. Só que é tudo mentira..., as palavras dele tem força por ele saber antecipadamente tudo que Dilma iria fazer. Todas as pessoas minimamente informadas sabiam que o País estava e continua falido, no sentido figurado é claro, já que um Estado não pode falir por ter o poder de tributar. Lula sabia de tudo, ajudou a promover a farsa e agora critica Dilma como se não tivesse nada com isso. Com cadeia ou sem cadeia, ele é o principal responsável pela situação do País hoje, e pelo engodo que levou à traição, principalmente do pobres que acreditaram nessa farsa.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. Rodrigo, na minha "casinha" vejo o mito Lula na forma de uma grande estátua, grande para fornecer uma grande área de pousos e decolagens para pombos, exposto em praça pública. No inicio todos cuidavam da estátua, limpando-a e mantendo-a limpa, polida, linda, era um brilho só! Nos tempos atuais, continua estátua, mas não recebe mais os mimos de tempos passados, atualmente só os pombos a enxergam: "PARA DEFECAR EM CIMA"! Vai chegar o momento que muitos vão evitá-la, pois o cheiro de fezes vai afastá-los. Imagine qual vai ser o final da "estátua"!

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Dá uma olhada nisso Sr. Rensi, e me diga como pode ser qualificado um negócio desses?

      http://www.blogdogarotinho.com.br/lartigo.aspx?id=12566#.VYX9H-qnuM0.facebook

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Putaria com dinheiro público, malversação, desperdicio? Mas essa Rose deve ser boa mesmo.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. Rodrigo, esta pessoa tem o seu nome no diminutivo "garotinho" e, a sua biografia segue os padrões de seu nome. Devemos ficar com um pé atrás.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Sem dúvida Sr. Rensi, mas que é uma esculhambação isso é.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      O que acho estranho é que a sociedade taxa como uma esculhambação, mas nós (povo) ficamos sabendo que a dona Rose era responsável pelo escritório da presidência da república, após a PF deflagrar uma Operação e, ela estar no centro do escândalo, onde estavam esses políticos da oposição quando ela foi indicada e empossada num cargo de tal envergadura, porque nada foi dito pela "boca oposicionista"? ACHO QUE A ESCULHAMBAÇÃO ESTÁ AÍ !!!

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Exatamente, quando digo esculhambação não falo só do PT, parece que vai sair muita coisa sobre o PSDB por aí. Também já se fala que os duzentos e tantos novos deputados que entraram na Câmara, estão todos, utilizando as mesmas velhas práticas dos que sairam. É uma praga, uma desgraça pestilenta.

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    • ARLINDO ALBRECHT Campo Alegre de Goiás - GO

      Pois é,Rodrigo Polo Pires, no ano passado eu afirmava que trocar Dilma por Aécio,era trocar seis por meia dúzia.A ficha caiu e agora falta pouco para concordarem.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Ficha caiu é o caralho. Você é um dos que já sabia do petrolão e mesmo assim apoiou esses bandidos. E para variar, como bom petista, já está acusando Aécio sem saber de nada. Até agora ninguém disse que Aécio é chefe de quadrilha de criminosos.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Veja aqui Arlindo: http://folhacentrosul.com.br/post-politica/7455/paulo-roberto-costa-delata-dilma-ela-acompanhou-tudo

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Vê se tem algum tucano com uma manchete dessas:http://ucho.info/gleisi-hoffmann-pode-ter-usado-beneficiarios-do-bolsa-familia-em-sua-campanha-ao-governo-do-parana

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      O que quis dizer foi: Os políticos que têm assessoria, que recebem diariamente as informações dos atos do Executivo e outros "ivos", não enxergou o "malfeito" do Lula em arrumar uma boquinha para a sua "boquinha". Só para posicionar: SR. ARLINDO VOTO NÃO É COISA PARA SE USAR... VOTO É CONVICÇÃO!!! Qualquer dúvida, veja no dicionário qual é a acepção do vocábulo CONVICÇÃO. Penso que está aí a raiz de toda essa realidade politica que vivenciamos; o conceito de "trocar seis por meia dúzia". Os políticos e seus apadrinhados têm a mania de quando se encontram em dificuldades usar a frase: Sabe com quem está falando? Nós "povo" devemos lhes perguntar: Quem você pensa que é ? Inclusive esta pergunta deve ser dirigida ao ex-presidente Lula, que quer foro privilegiado! ELE QUE VÁ PARA O "FORO SÃO PAULO"!!!

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    • ARLINDO ALBRECHT Campo Alegre de Goiás - GO

      Paulo Roberto Rensi,foi bom o Sr. falar em convicção e voto,pois estou convicto que poucas pessoas tem esta precaução ou preocupação.Talvez o Sr. seja uma delas,pois a maioria do eleitores do Aécio tem a convicção que o bolsa família é cheia de fraudes e vícios.Na campanha eleitoral do ano passado o Aécio,estava convicto que o bolsa família era a soma ou a junção de vários programas sociais do FHC e que sendo eleito não acabaria com o bolsa família,e aumentaria o numero de pessoas atendidas pelo programa.No dia da eleição o Sr. vota no Aécio,convicto de se eleito o Aécio não cumpria a promessa de aumentar os beníficiários do bolsa família.Não consultei o dicionário mas,convicção é mais ou menos isso.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. Arlindo acredito que o senhor não precisa fazer uso do dicionário, pois o senhor é perspicacíssimo.

      A escola que o senhor estudou não foi a minha escola, mas esta técnica de condicionamento deve tido bons resultados nos discentes, pois o senhor demonstra um bom aprendizado.

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