EL PAÍS: O muro que divide o PT (sobre o Congresso de Salvador)

Publicado em 14/06/2015 19:55
No poder há 12 anos, o partido faz seu Congresso com menos envolvimento da militância Sigla poupa Governo de críticas e expõe fosso entre dirigentes e base, que cobra debate (Na edição brasileira do EL PAÍS)

 

Há um muro que divide o PT. Ao mesmo tempo em que tenta se reaproximar de seus militantes e eleitores, lideranças petistas desenham um diagnóstico sobre a situação da legenda que se distancia do que pensam e querem muitos de seus filiados. O fosso entre os dois grupos era claro no V Congresso Nacional e se tornou concreto no documento final do encontro, que poupou críticas ao Governo Dilma Rousseff.

Nos últimos três dias, o EL PAÍS ouviu dez participantes do evento que ocorreu até este sábado, em Salvador. Os cinco líderes entrevistados, entre deputados e senadores, fizeram discursos bem semelhantes entre si e culparam, em parte, a mídia brasileira pela má avaliação da sigla diante da população. Só um deles reforçou que o partido precisa agir independentemente do GovernoJá os cinco militantes, todos delegados petistas, vindos de diferentes Estado brasileiros, são mais diretos na autocrítica e, quase que em uníssono,pediram uma maior aproximação da cúpula do PT com os movimentos sociais e suas bases.

Na “Carta de Salvador”, nome dado ao documento que vai pautar as ações dos petistas nos próximos meses, nenhuma crítica dura ao Governo Rousseff foi aprovada pelos delegados das diversas correntes da legenda —a única no Brasil a realizar um congresso com essas dimensões. Além disso, a única medida que parecia ser consenso entre os representantes das tendências, a renovação da CPMF (imposto sobre transações financeiras para financiar a saúde pública), acabou sendo excluída do texto final. O líder governista na Câmara, José Guimarães, e o deputado Carlos Zarattini foram dois dos principais defensores da estratégia do “deixa como está”. Assim, a presidenta conseguiu impedir que o fogo amigo de seu próprio partido desse munição para a oposição atacá-la. A tensão entre ser e sustentar um Governo de coalizão —especial um em dificuldades— e se manter um corpo dinâmico promotor de políticas públicas estava por todos os lados.

A maioria dos deputados e senadores ouvidos pela reportagem disse que parte do que ocorre com o PT hoje é culpa da mídia brasileira oposicionista e tem como objetivo influenciar nas eleições presidenciais que ocorrem daqui a quatro anos, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode concorrer à sucessão de Rousseff. “Massacrar o PT, fazer com que Dilma e Lula sangrem é única chance para evitar o retorno de Lula”, diz a deputada baiana Moema Gramacho.

O argumento também é usado por alguns militantes, mas a maioria deles diz que o principal erro do partido foi se distanciar de suas origens. “Temos de ir para uma ofensiva, resgatando a militância fazendo com que ela possa ser reanimada e fazer a transformação que esse país precisa e o PT já faz há 12 anos”, diz Írio Correia, microempresário em Santa Catarina que milita no PT desde sua fundação, há 35 anos.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT), o braço sindical petista, foi outro grupo interno do partido que criticou o posicionamento da legenda. Em um documento apresentado no Congresso, a entidade dizia que não admitia a retirada de direitos trabalhistas prevista no pacote de ajuste fiscal e reclama que há um distanciamento entre o Governo e as centrais sindicais. A entidade tentou incluir na “Carta de Salvador” uma crítica contra o ministro Joaquim Levy, mas na prática só conseguiu acrescentar que a política econômica precisava ser orientada no sentido garantir mais empregos.

Boa parte dos militantes que se manifestou no encontro do PT pedia uma alteração na política de alianças e uma guinada governamental para a esquerda. Essa tese também não evoluiu, apesar de até dos defensores dos aliados hostilizarem um de seus principais líderes, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Não é porque um oportunista de ocasião conseguiu se alçar à presidência da Câmara que vamos perder as conquistas de doze anos de governo”, disse Zarattini ao defender a manutenção da atual base governista.

Uma das poucas lideranças críticas à legenda é o deputado paulista Arlindo Chinaglia. Ex-presidente da Câmara e ex-líder dos governos Lula e Dilma no Congresso, Chinaglia diz que o PT acostumou-se a ser Governo. “O problema é que o PT perdeu o vigor da divergência. Ele se habituou a apresentar um rol de realizações governamentais”. Ao lado de 34 dos 66 deputados petistas, o parlamentar assinou uma carta pedindo que a legenda tenha em seu programa uma reavaliação das alianças eleitorais visando os pleitos de 2016 e 2018. As municipais do ano que vem são o desafio mais imediato, ao qual a legenda chega abaladapelo escândalo da Petrobras e titubeando sobre a questão das doações empresariais, no cerne tanto do escândalo atual como o do mensalão, que completou uma década.

Caravana petista

A cobrança feita pelos delegados petistas se refletiu no discurso que o ex-presidente Lula fez na sexta-feira durante o lançamento de uma campanha de arrecadação de fundos para o partido. Lula cobrou que os deputados e senadores não doem apenas dinheiro para a agremiação, mas também os seus tempos. “Os nossos deputados, os nossos senadores poderiam dar um final de semana por mês para viajar pelo PT”, disse Lula com um claro tom de insatisfação. “O deputado e o senador são autoridades. Quando eles chegam numa cidade fora do Estado dele, ele vai dar entrevista para a rádio local, para o jornal e vai ajudar o PT a voltar a ser o que era quando tínhamos só 20 caras rodando esse país”.

Segundo o ex-presidente, foi com o contato olho no olho, mesmo em período não eleitoral, que o partido foi forjado a partir da década de 1980 e assim se fortaleceu nos anos seguintes. “Naquele tempo [anos 1980] a gente fazia PT com mais intensidade do que a gente faz hoje”. A fala dele chegou aos militantes, mas ao que parece, desagradou aos parlamentares.

“Acho que esse momento é o do ressurgimento de nosso partido enquanto força política. Temos que colocar isso como questão de honra”, reforçou o ex-presidente.

Desânimo

Com participação de 756 de seus 800 delegados, foi visto como um dos encontros de mais baixo  envolvimento da militância de sua história recente, conforme três observadores que desde os anos 1990 participam dos debates da sigla.

O esvaziamento, de fato, não foi numérico, afinal 94,5% dos inscritos participaram. O desânimo apareceu no campo de debates de ideias e até na falta de empolgação nos discursos de seus líderes. Na abertura do Congresso cinco oradores falaram, mas apenas um deles teve a atenção total do público: Lula.

Enquanto o presidente do diretório baiano, Everaldo Anunciação, e o presidente do diretório nacional, Rui Falcão, falavam, dezenas de delegados conversavam como se estivessem em uma mesa de bar. Era até difícil ouvi-los, mesmo pelos alto-falantes. O anfitrião do encontro, o governador da Bahia, Rui Costa, enfrentou uma situação pior, enquanto discursava um grupo da juventude petista o vaiava e gritava a palavra Cabula, nome do bairro onde houve uma chacina praticada por policiais militares em fevereiro deste ano. Costa defendeu a atuação dos policiais. Mais revelador ainda foi o caso de Dilma Rousseff, que falou por mais de 50 minutos e se deparou com uma situação constrangedora. Vários militantes deitaram no chão. Alguns cochilaram enquanto ela defendia seu Governo e pedia o apoio de seu partido —uma relação que nunca foi fácil para a ex-militante do PDT. Mais de uma centena deixou o local do evento antes mesmo do fim do discurso da presidenta, ainda que a maioria dos delegados estivesse hospedada no mesmo hotel do encontro. Apesar dos esforços de acomodação, o muro apareceu de novo.

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Lula discursa no Congresso do PT. / RICARDO STUCKERT/ INSTITUTO LULA

 

A esquizofrenia de um partido

Camisetas anti-Levy, palmas para Vaccari e protestos de rua da direita são contradições registradas no encontro do PT

 

Pelos saguões do hotel da praia do Rio Vermelho, em Salvador, onde acontece o V Congresso Nacional do PT, legenda de Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta Dilma Rousseff, há militantes que passeiam com uma mensagem explícita na camiseta: "Fora o plano de Levy". O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é um liberal alheio ao partido, mas escolhido por Dilma, em janeiro, para conduzir o ajuste fiscal e a política econômica de corte de gastos que, na opinião dos dois, são necessários para que o país volte a crescer no próximo ano (no momento flerta com a recessão). As camisetas antiministro são um sintoma da peculiar esquizofrenia vivida pelo maior partido do Brasil, no poder há mais de 12 anos (oito com Lula e quatro com o primeiro mandato de Dilma).

Outro sintoma dessa contradição é a turbulenta redação do principal documento do congresso, a chamada Carta de Salvador, da qual foram retiradas, ao longo da semana, folha por folha, as críticas escritas em um primeiro momento contra a política econômica do Governo. A própria presidenta, há poucos dias, mandou um aviso de que não se pode criticar o ministro da Fazenda por tudo ("não se pode fazer isso, criar um Judas”) em um pronunciamento que, para especialistas, foi dirigido especialmente aos que estavam preparando o congresso.

O terceiro sinal de esquizofrenia de que padece o partido apareceu quando o presidente Rui Falcão aludiu ao tesoureiro João Vaccari, acusado de pertencer à trama corrupta da Petrobras e ter angariado dinheiro para o partido proveniente dos subornos das empresas que alardeavam contratos. Ao ouvir o nome de Vaccari, os participantes do Congresso aplaudiram. Entusiasticamente. Essa aclamação, que durou três minutos e serviu para redimir o tesoureiro, pelo menos aos olhos do partido, pode se compatibilizar mal com a promessa da presidenta Dilma Rousseff de perseguir a corrupção seja lá onde ela estiver.

Poderíamos falar de outra contradição: o PT, formação esquerdista de inspiração popular, perdeu o controle das ruas. As últimas manifestações de massa pertenceram aos adversários de Lula e Dilma Rousseff, que lotaram a Avenida Paulista. As centenas de militantes e os quadros dirigentes buscam nesse Congresso recuperar a pulsação vital das pessoas comuns. Mas isso às vezes é difícil quando se detém o poder por tanto tempo e a questão é discutida no salão de um hotel.

 

As vozes dos militantes (por EL PAÍS)

Cinco filiados do PT que foram ao Congresso da Bahia discutem os caminhos do partido

 

Delegados no Congresso do PT. / A. B.

 

 

 

 

 

 

 

 

Militantes petistas ouvidos pelo EL PAÍS, durante o V Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores, realizado em Salvador e que terminou neste sábado, discutem os rumos da legenda, que enfrenta uma crise institucional. Para os filiados, o partido precisa se abrir para mais diálogo e retornar às suas origens. Abaixo as entrevistas com cinco participantes do encontro.

“O povo tinha esperança no PT e nós erramos porque caímos numa armadilha”

Gilson Nunes Vitorio, 68, vendedor ambulante, membro do movimento negro de São Paulo. Filiado ao PT há 25 anos

Pergunta. Qual é a saída para o PT conseguir melhorar sua imagem?

Gilson, 68, vendedor ambulante.

Resposta. O descrédito é da política em geral. O povo tinha esperança no PT e nós erramos porque caímos numa armadilha que foi preparada há algum tempo no Congresso. Acho que para recuperar isso, precisamos ouvir nossas bases. As deliberações desse Congresso precisam ser ouvidas. Também precisávamos ter uma boa reforma política, reforma tributária. Os movimentos sociais precisam de mais espaço para se apresentarem, as centrais sindicais mais espaço para colocar suas pautas para serem discutidas. Quem constrói o país são os trabalhadores. Precisamos retomar nossas origens.

P. O PT, ao lado de outras siglas, está no centro do escândalo da Petrobras. Alguns dirigentes dizem que o partido está sendo injustamente criminalizado. O sr. concorda?

R. Isso acontece porque o PT defende a classe trabalhadora. Naturalmente a burguesia não quer perder o poder. Eles dominaram o Brasil desde 1500 e não querem deixar o poder de lado. Aí criminaliza o PT por erros que eles também têm. Querem nos acusar porque esse sistema foi implantado por quem sempre governou o país. Foram eles que impuseram os privilégios à burguesia, os privilégios aos amigos.


R. O PT tem de ter uma visão crítica de governos. Precisa saber como se governa. Nos Estados sempre tivemos críticas à Polícia Militar. E temos de saber controlá-la quando somos governo. Se ela comete uma chacina, independente de quem for, tem de apurar. Não dá para defender a questão sem uma apuração. O Governo aqui da Bahia errou ao defender a polícia sem ter uma investigação sobre ela. Sobre Minas Gerais, tudo deve ser aprofundado. Sem uma investigação decente, não se sabe a verdade. Não precisamos temer, se não devemos nada. Só temos de cobrar lisura de nossos filiados.P. Além do problema nacional, há Estados como a Bahia e Minas Gerais em que os governadores do PT enfrentam problemas. O primeiro foi criticado pela forma como reagiu a chacina de Cabula, pela qual PMs são acusados. O segundo tem sua mulher investigada pela PF. Como lidar com essas questões regionais?

“Temos de rediscutir como a política está no Brasil”

Cássio Maciel dos Santos, 26 anos, administrador, membro do movimento LGBT do Amapá. Filiado ao PT há seis anos.

Cássio, 26, do movimento LGBT do Amapá. / A.B.

Pergunta. Qual é a saída para o PT conseguir melhorar sua imagem?

Resposta. Temos de rediscutir como a política está no Brasil. Enfrentamos algumas dificuldades por conta da crise mundial. Precisamos estar preparados para administrar o Brasil. Sou da coordenação regional LGBT do Partido dos Trabalhadores e tenho trabalhado pela criminalização da homofobia. E hoje notamos que é necessário enfrentar um Congresso muito conservador. Por isso, o PT precisa se preparar, precisa ouvir bem suas bases, os movimentos sociais, dar espaço para que possamos nos manifestar. Quando o PT e o Governo nos escutam as coisas funcionam. Desde o Governo Lula já tivemos várias conferências LGBT, avançamos no combate das doenças sexualmente transmissíveis, mas queremos mais. Precisamos muito conseguir o apoio para a criminalização da homofobia.

P. O PT, ao lado de outras siglas, está no centro do escândalo da Petrobras. Alguns dirigentes dizem que o partido está sendo injustamente criminalizado. O sr. concorda?

R. As pessoas até do próprio PT começaram a acreditar no que a mídia fala. Acreditam que o partido é composto de ladrão. E sabemos que isso muitas vezes é mentira ou há um exagero. Alguns cometeram erros e isso tudo tem de ser discutido. Temos de saber ao certo quem errou e onde nós acertamos. Essa análise é pouco feita.

P. Além do problema nacional, há Estados como a Bahia e Minas Gerais em que os governadores do PT enfrentam problemas. O primeiro foi criticado pela forma como reagiu a chacina de Cabula, pela qual PMs são acusados. O segundo tem sua mulher investigada pela PF. Como lidar com essas questões regionais?

R. O problema nos Estados não são apenas do PT, tem sido geral. Não conheço esses casos específicos, mas em todas as regiões há o problema da crise econômica. Mas é claro quando somos de um partido do Governo, cabe a gente medir as estratégias de fazer a política.

“O partido tem de voltar para as bases e reacender a militância”

Írio Correia, 55, microempresário em Santa Catarina, cadeirante, filiado ao há 35 anos

Írio Correia, 55, microempresário. / A. B.

Pergunta. Qual é a saída para o PT conseguir melhorar sua imagem?

Resposta. O partido tem de voltar para as bases e reacender a militância que ele sempre teve. É fundamental a gente ter ciência de o que sofremos hoje é uma série de ataques que coloca o partido na defensiva. Temos de ir para uma ofensiva, resgatando a militância fazendo com que ela possa ser reanimada e fazer a transformação que esse país precisa e o PT já faz há 12 anos.

P. O PT, ao lado de outras siglas, está no centro do escândalo da Petrobras. Alguns dirigentes dizem que o partido está sendo injustamente criminalizado. O sr. concorda?

R. A elite e a mídia desse país acham que já perderam demais. Eles acham que as pessoas não possam mais ascender. Nesses 12 anos mais de 32 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza e isso choca a elite do país, que vem disputando com a classe trabalhadora os aeroportos, as rodovias, que agora podem comprar carro, podem viajar de avião, estudar. Isso choca a elite que sempre teve o país em suas mãos, administrando ao seu bel prazer.

P. Além do problema nacional, há Estados como a Bahia e Minas Gerais em que os governadores do PT enfrentam problemas. O primeiro foi criticado pela forma como reagiu a chacina de Cabula, pela qual PMs são acusados. O segundo tem sua mulher investigada pela PF. Como lidar com essas questões regionais?

R. O PT tem de agir nos Estados e no país com bastante transparência. Esse Congresso vem reforçar a transparência e a luta do partido que tem em sua origem a classe trabalhadora. Precisa resgatar as origens para lidar com qualquer problema de gestão.

“Para sair dessa crise precisamos defender o trabalhador”

Maria Lúcia Machado, 57, professora no Pará, filiada ao PT há 27 anos

Maria Lúcia Machado, 57, professora no Pará. / A. B.

Pergunta. Qual é a saída para o PT conseguir melhorar sua imagem?

Resposta. A sociedade tem de entender que quando se governa não governa sozinho. Os interesses no Governo são de diversos setores, de várias camadas. Há bons a maus momentos. Estamos passando por um momento desfavorável, mas não em função simplesmente do PT. Só que precisamos entender que para sair dessa crise precisamos defender o trabalhador. Precisamos ouvir nossas bases. Infelizmente, tudo de ruim que sempre ocorreu na política só cai para o lado do PT. Com os outros partidos a Justiça não vê. O PT é sempre o único castigado.

P. O PT, ao lado de outras siglas, está no centro do escândalo da Petrobras. Alguns dirigentes dizem que o partido está sendo injustamente criminalizado. O sr. concorda?

R. Porque o leme do barco conduzido pelo PT segue na direção dos trabalhadores. Não está mais no sentido das elites. Segue para os mais pobres e isso incomoda. A postura que a mídia toma mostra que só há dois projetos em jogo. Mesmo que o nosso tenha sido mal feito em alguns momentos, ainda é melhor do que o projeto das elites. Por isso, queimar o PT agora seria a alternativa para 2018. Essa tática é para evitar não só o Lula, mas qualquer representante da legenda que queira se candidatar.

P. Além do problema nacional, há Estados como a Bahia e Minas Gerais em que os governadores do PT enfrentam problemas. O primeiro foi criticado pela forma como reagiu a chacina de Cabula, pela qual PMs são acusados. O segundo tem sua mulher investigada pela PF. Como lidar com essas questões regionais?

R. O PT tem de ser o mais correto possível e por isso o povo cobra muito ainda o PT, em qualquer esfera, municipal, estadual, nacional. Podemos ter falhas, mas precisamos corrigir nossos rumos. Temos de mostrar para os outros que os partidos têm de ser sérios e precisam ser valorizados. O que tem sido feito no Brasil é para que ninguém tenha um partido. E as instituições precisam ser valorizadas.

“O partido precisa repensar a forma de comunicação com a militância”

Neide Aparecida da Silva, 62, professora em Goiás, filiada ao PT há 29 anos

Pergunta. Qual é a saída para o PT conseguir melhorar sua imagem?

Neide, 62, professora em Goiás. / A. B.

Resposta. Temos sofridos duros ataques de uma parte da imprensa, a mesma que dizia que quando o partido foi criado na década de 80 não conseguiria se estruturar. Aquela que sempre diz que o partido vai acabar. Esse Congresso mostra que isso não é verdadeiro. Sem dizer de forma alguma que o partido cometeu vários erros, como todos nós. Acho que o ataque maior é porque não houve ainda uma questão bem resolvida com relação às últimas eleições. Aqueles que perderam não se conformam que perderam no voto e uma forma de desgastar o governo é desgastando o partido de quem está no governo. E isso acaba se impregnando na militância, que não faz uma leitura do que ocorre de verdade. Que só acredita na mídia. De qualquer forma, nossa militância, nossa base social, os movimentos que nos apoiaram precisam ser mais ouvidos. O partido precisa repensar a forma de comunicação com a militância. Tem de se aproximar da juventude para não perdermos nossos referenciais. Em 2005 [na crise do mensalão], com todas as denúncias que sofremos corríamos o sério risco de perder o Governo. Mas com nossa militância atuando, conseguimos manter o presidente Lula. Isso precisa ser lembrado e usado como exemplo. O Governo vive um paradoxo porque se afasta dos movimentos que sempre o apoiaram para se aproximar de alguns aliados que exigem cargos em troca de apoio.

P. O PT, ao lado de outras siglas, está no centro do escândalo da Petrobras. Alguns dirigentes dizem que o partido está sendo injustamente criminalizado. O sr. concorda?

R. O objetivo inicial era para derrubar a presidenta Dilma. Mas isso está cada vez mais difícil. Agora, está na ordem do dia o ex-presidente Lula porque é um possível nome para 2018. É uma forma da oposição se fortalecer para 2018.

P. Além do problema nacional, há Estados como a Bahia e Minas Gerais em que os governadores do PT enfrentam problemas. O primeiro foi criticado pela forma como reagiu a chacina de Cabula, pela qual PMs são acusados. O segundo tem sua mulher investigada pela PF. Como lidar com essas questões regionais?

R. Qualquer denúncia deve ser apurada. Agora, o rigor com os membros do PT é maior do que o rigor com os filiados aos outros partidos. Vejo partidos que recebem as verbas, as doações das mesmas empresas que doam para o Partido dos Trabalhadores e nada acontece com eles. Eles nunca são vistos como corruptos. As mesmas empresas financiaram todos os partidos, de maneira legal. Mas para o PT, sempre olham de outra maneira. Não acho que o PT tenha mais ou menos erros do que outros partidos.

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Fonte:
EL PAÍS

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1 comentário

  • Sebastião Ferreira Santos Fátima do Sul - MS

    Ainda existem pessoas - como essa professora - que vai para a sala de aula colocar na cabeça dos jovens e adolescentes que o melhor caminho é esse que estamos vivendo atualmente... é muita cara de pau de uma pessoa que está dentro de uma sala de aula para orientar os jovens, dando à eles uma BASE, que é o alicerce de suas vidas, é o inicio de tudo na vida de um garoto. São pessoas que nunca deveriam ter conseguido essas atribuições de educadora na vida, pois mostra que é mais ligada a ideologia bandida do que a educação de que um jovem precisa no seu inicio de vida. Espero um dia que pessoas desse tipo sejam excluídas da classe educadora brasileira, aí sim poderemos ter uma educação justa e decente no Brasil. Ontem vi uma reportagem do JAPÃO, de como são educadas as crianças lá, é de dar inveja a qualquer um que vê a educação que um filho seu recebe no Brasil, onde ele não é educado mas induzido a ter um futuro de convivência com a miséria, violência,roubos, drogas, corrupção,desordens e etc,etc,etc.......QUE VERGONHA BRASIL!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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