MT: sojicultores ainda precisam de R$ 12 bi para garantir a próxima safra, diz Famato

Publicado em 05/06/2015 08:02

Faltam quatro meses para começar a safra de soja 2015/2016 e os produtores rurais de Mato Grosso ainda precisam desembolsar R$ 12,72 bilhões para compra de insumos. Se não fosse o cenário econômico negativo do Brasil e a não disponibilização do pré-custeio, o recurso que faltaria para fechar a safra poderia ser de R$ 3,8 bilhões, ou seja, 334,6% menor em comparação ao ocorrido na safra passada. Os dados fazem parte do estudo feito pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) sobre o impacto do atraso da liberação do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2015/2016 para a sojicultora de Mato Grosso.


O presidente do Sistema Famato/Senar, Rui Prado, acompanhou o lançamento do PAP 2015/2016 nesta terça-feira (02.06), em Brasília. Os recursos disponibilizados para as operações de custeio, investimento e comercialização da agricultura empresarial no país serão de R$ 187,7 bilhões – volume 20% maior do que o que foi ofertado na safra passada (R$ 156,1 bilhões).

“O aumento do volume de recursos é importante, em função do momento econômico em que o país vive, mas levando em consideração o custo de produção e a inflação acaba não mudando muita coisa. A expectativa do produtor agora é pela implantação efetiva desse plano, pois a safra está próxima”, avalia Prado.

Conforme o estudo do Imea, o impacto financeiro já consolidado em Mato Grosso em função da demora da liberação do crédito oficial soma R$ 1 bilhão. “Esse atraso refletiu numa baixa comercialização dos insumos, uma situação considerada atípica para o período. Isso nos preocupa muito, pois faltam apenas quatro meses para começar o plantio da safra 2015/2016 e ainda precisamos de crédito oficial”, acrescenta Prado.

Os insumos necessários para a formação da lavoura, que englobam sementes, fertilizantes e defensivos agrícolas, têm a maior participação do custo total da produção agrícola, representando 58% em média nas últimas três safras.

O estudo apontou que entre os principais insumos que compõem os custos de produção o maior impacto do atraso vem dos defensivos agrícolas com participação de 53,30%. Em seguida estão os fertilizantes (29,42%) e as sementes (17,29%).
 
“Além de segurar o dinheiro, o governo segurou as condições do mercado, principalmente a taxa de juros, já que alguns agentes financiadores e os próprios produtores aguardavam as mudanças do PAP para redefinir suas estratégias. Se não houvesse o atraso, até abril os produtores já teriam comprado 69,5% dos insumos e não apenas 22,28%, como ocorreu”, observa Prado. 

Conjuntura – Outros fatores também têm contribuído para os produtores rurais de Mato Grosso terem mais cautela na definição da próxima safra. Entre eles está a alta cambial ocorrida nos últimos meses, motivada pelas políticas governamentais, e a insegurança por parte dos investidores que contribuiu para a elevação dos custos dos insumos, cujos preços são fixados em dólar.

“Um dos principais direcionadores para o atraso foi o cenário do mercado econômico que não está favorável aos produtores. A taxa de juros, a Selic subiu e isso impactou em algumas negociações do agronegócio. Os preços da soja já estão menores e mesmo que o dólar segure os preços a um patamar razoável, isso não deverá cobrir os custos. A junção da falta de crédito mais o cenário negativo fez com que a comercialização de insumos freasse no Estado”, avalia o gestor de Projetos do Imea, Daniel Latorraca.

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Fonte:
Famato

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