Petistas na cadeia, ação penal contra Dilma, pedido de impeachment, delação do homem-bomba
Agenda da semana: Petistas na cadeia, ação penal contra Dilma, pedido de impeachment, delação do homem-bomba
As novas vaias recebidas pelo ex-ministro e rei das pedaladas Guido Mantega no sábado, ao sair de um restaurante italiano em São Paulo, onde havia jantado com sua mulher, foram o prenúncio de uma semana que promete ser divertida. Eis uma página da agenda:
Segunda-feira
Dia da chegada a Brasília do empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, amigo de Lula e homem-bomba para o PT.
Disposto a apontar, em acordo de delação premiada, os políticos envolvidos no esquema de pagamento de propina sobre contratos firmados com a Petrobras, ele já antecipou que pagou despesas pessoais do ex-ministro José Dirceu e deu 30 milhões de reais, em 2014, a candidaturas do PT, sendo 7,5 milhões de reais à campanha de Dilma Rousseff temendo sofrer represálias do partido.
Kabum!
Terça-feira
a) Dia da transferência do tesoureiro petista João Vaccari Neto e dos deputados André Vargas, do PT, Luiz Argôlo, do Solidariedade, e Pedro Corrêa, do PP, da carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR) para o Complexo Médico-Penal do Paraná – um presídio em Pinhais, com capacidade para 350 detentos, 346 dos quais terão de tomar cuidado para não serem roubados pelos calouros.
Boa sorte a todos.
b) Dia, também, em que o PSDB protocola na Procuradoria Geral da República um pedido de abertura de ação penal contra Dilma Rousseff pelas “peladadas fiscais” em desobediência à Lei de Responsabilidade Fiscal.
A pressão pelo impeachment está tão grande sobre os tucanos que até o senador Aloysio Nunes Ferreira, que dizia não ser este o seu “objetivo estratégico”, divulgou um vídeo para explicar que o partido não desistiu do pedido, apenas “procurou um outro caminho”, solicitando uma investigação por crime comum.
Ele só esqueceu de explicar:
- Por que não o PSDB seguiu por ambas as vias (criminal e política) ao mesmo tempo, já que os dois processos, se abertos, acabariam no Congresso;
- Por que o PSDB prefere culpar Rodrigo Janot pela eventual recusa da ação penal a Eduardo Cunha pela do impeachment;
- Por que o PSDB só funciona – e muito mal – à base de pressão.
Quarta-feira
Dia em que o Movimento Brasil Livre - que deixou São Paulo no dia 24 de abril na chamada Marcha Pela Liberdade e chegou a Brasília neste domingo, 24 de maio - protocola no Congresso Nacional o pedido de impeachment de Dilma Rousseff, para atazanar petistas e tucanos.
A semana no Congresso:
No Senado, as medidas provisórias do ajuste fiscal tendem a sofrer mais mudanças, o que vai reduzir a economia prevista pelo governo.
Na Câmara, como mostrou o site de VEJA, deverá avançar a minirreforma política, que traz pontos divergentes aos defendidos pelo PT, como o sistema eleitoral no modelo distritão e a permissão de doações empresariais durante as campanhas eleitorais.
E a “agenda positiva” do PT?
Essa só vêm a partir de junho com o anúncio do Plano Safra, programa nacional de investimentos em infraestrutura, e a terceira fase do Minha Casa Minha Vida, que está atrasada graças à roubalheiras e à má gestão petistas. Novos planos de exportações e concessões também são aguardados pela cúpula do suposto partido, que quer acreditar no potencial de reduzir os danos à imagem do desgoverno de Dilma Rousseff.
Para o Brasil, como se sabe, “agenda positiva” é petista preso ou “impichado”.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
O doente imaginário, por GERALDO SAMOR
Quando Joaquim Levy pega uma gripe, o Brasil pega uma pneumonia.
E como é impossível saber o que separa um ‘ministro descontente’ de um ‘ex-ministro’, é muito provável que a semana comece com muita volatilidade — dólar e juros em alta e Bolsa na direção oposta — dado o vasto noticiário no fim de semana dando conta da insatisfação de Levy com o tamanho do contingenciamento anunciado pelo Governo bem como as projeções irreais de arrecadação para este ano.
A narrativa que emerge do noticiário é de que a Presidente Dilma e o Ministro Nelson Barbosa compartilham uma visão mais benigna da situação fiscal do que Levy.
Trata-se de uma divergência que sempre existiu, mas que o mercado julgava estar sob controle, sob a égide da busca de um denominador comum em favor da estabilidade.
A Presidente não deve ter o que reclamar do ministro gripado. Levy tem sido praticamente o ‘funcionário do mês’ desde que o Governo Dilma 2 começou: segurou na mão dos analistas das agências de risco e, olhando em seus olhos, garantiu sozinho a manutenção do rating do País, uma batalha que a maioria do mercado já considerava perdida. Depois disso, foi ao Congresso para o corpo a corpo insalubre com os deputados, que frequentemente não têm o preparo técnico para entender que a soma de 2 + 2 é igual a 4, e que não há emenda que faça o resultado dar 5.
No fim de semana, um corretor de um grande banco internacional — que mora fora do País e ganha a vida conversando com investidores internacionais com dinheiro no Brasil — enviou ao colunista um email com as reportagens sobre Levy. No topo da mensagem, a gentil recomendação: “Se ele sair, mude de País”.
Mas não será preciso mudar do Brasil para se estar em um País diferente, porque, se Levy sair, o Brasil definitivamente será outro: terá uma moeda mais fraca, juros mais altos, inflação mais virulenta, e uma crise política ainda mais cabeluda do que a esquizofrenia atual.
O Congresso e o próprio PT têm brincado com fogo e aumentado o custo do ajuste. Além do enfraquecimento das medidas fiscais — um sinal de que o Congresso não entende o tamanho do estrago causado nos últimos anos e do que está em jogo agora — o exemplo mais ilustrativo do ânimo populista foi o senador petista Lindbergh Farias questionar semana passada o custo político dos cortes de gastos.
“Será que a presidente Dilma e o Aloizio Mercadante [chefe da Casa Civil] acham mesmo que, acabado esse ajuste do Levy, a situação vai melhorar?” Farias disse ao repórter Josias de Souza. “Não sei o que passa pela cabeça da Dilma e do Mercadante. Mas creio que eles não estão se dando conta de que essa política econômica vai nos afundar. Isso não será ruim apenas para o PT, mas para toda a esquerda brasileira.”
É verdade que o ajuste fiscal é procíclico, isto é, tende a acentuar ainda mais a recessão que já está encomendada. É verdade também que, uma vez feito o ajuste, resta ao Governo esperar (rezar?) para que os empresários recuperem a confiança e voltem a investir — em outras palavras, o ajuste não garante a retomada, apenas cria as condições mais lógicas para que ela aconteça.
A verdade que o senador não quer discutir é que foi o próprio Governo e seu próprio partido que se colocaram nesta situação ao longo dos últimos anos, e agora suas opções são demasiadamente limitadas. Por exemplo: se agora o BC cortasse os juros rapidamente, quem voltaria galopando primeiro: os empregos ou a inflação? E o fato de que o setor público simplesmente não tem mais dinheiro para estimular quem quer que seja?
Assumindo que Levy saia e que o caos não se instale imediatamente no preço dos ativos, a promoção de Nelson Barbosa para a cadeira da Fazenda não teria nem de longe a octanagem necessária para restaurar a credibilidade que seu colega trouxe para a mesa.
“Quando o Levy assumiu, ele olhou para o que foi feito nos últimos quatro anos e disse, inequivocamente, que estava tudo errado. Já o Nelson, em suas palestras antes e depois de virar ministro, olha para os últimos quatro anos e diz que houve excessos, mas que o modelo estava correto,” diz um economista que tem trânsito junto a ambos. “Todo mundo sabia que esse era um casamento de validade muito curta, mas eu não esperava que eles batessem cabeça tão cedo.”
Mesmo com Levy, entregar o ajuste fiscal já é tarefa quase impossível dadas as limitações da política, o tamanho do rombo, e a fraqueza da economia. Sem ele…
Se Levy sair, os constrangimento sofridos por Dilma até agora — as acusações de estelionato eleitoral por parte da oposição e de ‘vira-casaca’ por setores do próprio PT — terão sido em vão. Também terão sido em vão os cortes na educação, na saúde e em outras áreas socialmente sensíveis: o custo da dívida (do Governo e das empresas) subirá exponencialmente com a reprecificação dos mercados de câmbio e de renda fixa. A Presidente tem (muito) mais a perder do que o ministro.
Felizmente, tudo indica que nesta segunda-feira Joaquim Levy vai aparecer pra trabalhar e negar (ou minimizar) as discordâncias aos repórteres que cobrem a Fazenda, munido daquele sorriso fugaz que esconde mais do que revela. Em algum momento do dia, Aloizio Mercadante dará uma entrevista reafirmando o ‘apoio total’ da Presidente ao ministro. (Um dos dois, com certeza, culpará a imprensa por ‘exagerar’ na cobertura.)
Sua gripe já terá passado e o recado terá sido dado. Mas a infecção continua.
Por Geraldo Samor
Assessoria de Maria do Rosário ameaça me processar. Ui, ui, ui, deputada! (por Felipe Moura Brasil)
Recebo a seguinte ameaça aqui no blog, no post sobre a apreensão do menor suspeito de matar a facadas o médico Jaime Gold na Lagoa:
“Olá, Sr Felipe Moura, somos da assessoria da deputada Maria do Rosário. Vimos que o senhor cita informação difamatória contra a deputada. A informação divulgada é falsa. Somos favoráveis a liberdade de expressão em suas mais diversas manifestações. Ocorre que a informação antes de ser divulgada deve ser verificada, pois a divulgação de informação falsa é crime, podendo se caracterizar como calúnia, art. 138 do Código Penal, ou difamação, art. 139 do Código Penal. Assim, solicitamos que o Sr. retire estas informações e comunique aos seus leitores/as e seguidores o engano. Aproveitamos para informá-lo que os canais oficiais da Deputada que divulgam suas ações, projetos e pronunciamentos são: (…).”
Assessoria de Comunicação Maria do Rosário
177.18.116.138
Pois bem.
Imagino que a assessoria de Rosário (PT- RS) tenha o parágrafo acima prontinho para copiar e colar nas páginas que a criticam, de modo que muda apenas o nome do sujeito, jornalista ou não, a ser intimidado com a ameaça de processo.
Não fosse assim, o texto apontaria qual é a “informação difamatória contra a deputada”, em vez de simplesmente dizer que eu cito uma – e que, seja lá qual for, ela é falsa.
A única informação sobre Rosário no meu post original é que ela é uma das pessoas que defendem o Estatuto da Criança e do Adolescente, o que é público e notório - e, obviamente, eu critico os defensores do ECA, de modo geral, como também é público e notório. Especialmente, aliás, se eles preferem atacar a imprensa a exigir a prisão de assassinos.
Em mais uma demonstração do autoritarismo petista, a assessoria da deputada quer – para usar uma palavra cara ao PT - “criminalizar” a crítica e a própria descrição de suas bandeiras políticas, posando cinicamente, ao mesmo tempo, de paladina da liberdade de expressão.
Não vou solicitar que Rosário retire estas informações e comunique aos seus eleitores o “engano”, porque sei que não se trata de engano algum, mas de método para exercer o controle ao menos psicológico da mídia.
Mas eu - que não me lembro de ver a deputada verificar se Jair Bolsonaro é um “estuprador” antes de xingá-lo de tal coisa, nem se Aécio Neves e José Ivo Sartori iam acabar com o Bolsa-Família antes de sua secretária de comitê ser flagrada em áudio dizendo essa mentira a uma beneficiária -, aproveito para informar a ela e sua equipe de que, neste blog, não passarão.
Aqui, a maioridade moral e intelectual não será reduzida para abarcar essa gente.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
“Abraços grátis” ou “Tiros grátis”? Policiais alvejados em áreas de UPP ironizam campanha da PM
Para melhorar a imagem da PM, o Comando de Polícia Pacificadora fez uma campanha na sexta-feira, 22 de maio, Dia do Abraço, em que policiais carregaram cartazes de “Abraços grátis”/”Free hugs” no morro Dona Marta e foram abraçados pelos moradores locais.
Resultado: diante da divulgação do vídeo (veja no fim do post) e das fotos nas redes sociais, policiais alvejados em outras áreas tidas como “pacificadas” ficaram indignados e espalharam em grupos de whatsapp uma porção de montagens que ironizam a campanha, a começar por uma de vagabundos armados empunhando cartazes de “Tiros grátis”/”Shots for free”.
Este blog teve acesso às imagens e entende seus motivos. A campanha da PM virou chacota porque não reflete nem de longe a realidades das UPPs.
Somente nos cinco meses deste ano, foram 50 policiais baleados e 5 mortos em áreas com UPP - uma média de 10 baleados e um morto por mês nos territórios “pacificados”.
O CPP explora as melhorias que realmente aconteceram no Dona Marta como se elas fossem sinônimo de sucesso da “pacificação”, assim como fez o governador Luiz Fernando Pezão em entrevista à TVeja e sempre faz o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.
É a estratégia do marqueiteiro do governo desde o ínicio do processo, de modo que, se você pedir para conhecer uma UPP, é para lá que será levado, exatamente como fazem com a impressa estrangeira para sair bem na foto no exterior.
O motivo é simples: ao contrário do Alemão ou da Rocinha, o Dona Marta é um morro micro, o que facilitou a ocupação. Isso não quer dizer, no entanto, que a guerra só aconteça nas comunidades grandes.
Há menos de duas semanas, como mostrei em vídeos tragicômicos aqui e aqui, estourou uma nos morros do Fallet-Fogueteiro e da Coroa, mesmo havendo mais PMs (193) que no Dona Marta (123) e menos habitantes (9 mil contra estimados 12 mil).
Os policiais sabem que o abraço no Dona Marta é cusparada, pedrada e tiro em outras favelas.
E, muito embora prezem a boa relação com moradores de bem, eles não podiam perder a piada.
Abaixo, o vídeo do “Abraço grátis”:
Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
Governo Dilma corta bilhões de educação e investimento, mas não corta na própria carne
O governo anunciou o esperado corte de quase R$ 70 bilhões no orçamento, sendo que o grosso será tirado dos setores de saúde e educação, além dos investimentos públicos. Em parte, isso se deve ao fato de que cerca de 90% do orçamento é fixo, sobrando aos demais 10% maior poder discricionário do governo para mexer. Todo ajuste fiscal, portanto, acaba recaindo sobre saúde, educação e investimentos, além de aumento de impostos. Essa tem sido nossa triste história antes mesmo do PT, que apenas piorou, e muito, aquilo que já era ruim.
Mas se o pagador de impostos e o consumidor brasileiro são sempre “convidados” para pagar a fatura da irresponsabilidade estatal, o mesmo raramente ocorre com o consumidor de impostos, ou seja, aqueles que vivem das benesses distribuídas pelo estado no setor público. O desperdício, as vantagens, as mordomias do andar de cima no poder acabam invariavelmente mantidas, preservadas por aqueles que parecem ter perdido o elo com o povo que os elegeu.
Em sua coluna na VEJA desta semana, Pompeu Toledo fala de algumas dessas mordomias, que não entraram nos cortes do ajuste fiscal de Dilma:
Um cínico poderia perguntar: isso dá bilhão? Dá sim, muitos bilhões. Mas ainda mais importante é o aspecto simbólico da coisa. O povo brasileiro está sendo obrigado a pagar pelos erros do governo Dilma, que em parte são seus próprios erros, ao menos daqueles que votaram no PT. Mas não observa a mesma postura austera vinda do poder, daqueles que decidem os cortes. Suas mordomias são intocáveis, e o hiato entre poder e povo cada vez se abre mais. Aqueles que abusam do poder parecem não se dar conta de que um dia esse abuso poderá se voltar contra eles como um bumerangue. Um dia o povo vai cansar de verdade…
Outro exemplo de completa falta de sensibilidade dos poderosos? J.R. Guzzo, na mesma VEJA, resenha o livro novo de Eugenio Bucci, que fala sobre o uso dos recursos voltados teoricamente para a “comunicação pública”. Eles se transformaram em nada mais do que pura propaganda partidária. São bilhões de reais, caso o mesmo cínico questione se dá bilhão. Com a desculpa de informar melhor o eleitor sobre os feitos estatais, o estado usa nossos impostos para fazer propaganda política e partidária. Diz Guzzo:
As empresas estatais não fogem à regra, e entre os dez maiores anunciantes do país, três são do estado. Uma vez mais, estamos falando de mais de bilhão. Por que a Petrobras, em situação quase monopolista, precisa investir tanto em propaganda? Por que a Caixa e o BB, com suas vantagens de estatais que não precisam se preocupar tanto com a lucratividade, emprestando bilhões a taxas subsidiadas, precisam investir tanto em propaganda?
Um governo que age assim parece realmente disposto a “cortar na carne” para colocar as finanças em ordem e a economia de volta nos trilhos? Claro que não! O que o governo Dilma faz é jogar para os ombros dos trabalhadores o fardo de sua irresponsabilidade e seus próprios equívocos. Mas nada muda em Brasília para os mais poderosos. O povo paga a conta de seus erros e abusos, mas o clima dos políticos no poder continua o mesmo: como se vivessem num oásis separado do restante do país, blindados contra a crise que causaram.
Rodrigo Constantino
E se Aécio tivesse ganhado a eleição?
Manifestantes ligados ao PT e às centrais sindicais pararam ontem a Avenida Paulista, em São Paulo, em protesto contra o anúncio do governo federal de cortar 70 bilhões de reais do orçamento. Também houve manifestações em Brasília, onde cerca de 400 pessoas tentaram impedir a reunião do presidente Aécio Neves com a chefe do FMI, Christine Lagarde.
O ex-presidente Lula classificou a reunião com o FMI como um ato de submissão do Brasil ao sistema financeiro internacional. “As elites conseguiram o que queriam: curvar o país ao FMI e tirar o dinheiro da saúde e da educação”, disse Lula. “Não podemos interromper a nossa luta contra o sistema neoliberal tucano.”
Paredes de sete ministérios amanheceram pichadas com as frases “Contra o ajuste neoliberal”, “Fora Aécio, Fora FMI”, “Volta, Dilma” e “Fora, tucanos”.
Em protesto contra o corte do orçamento da Educação, pelo menos quarenta universidades federais decidiram manter a greve que já completa três meses. “Se Dilma tivesse sido reeleita, não estaríamos passando esse vexame”, afirmou o presidente do sindicato dos professores.
Celebridades ligadas à esquerda também se pronunciaram. Segundo a coluna de Mônica Bergamo, o ator José de Abreu e o escritor Fernando Morais preparam uma marcha de intelectuais a Brasília. O cantor Chico Buarque publicou nas redes sociais uma foto vestindo uma camiseta com a frase “Ajuste fiscal não”.
Em Porto Alegre, a ex-presidente Dilma Rousseff classificou o corte de gastos como absurdo e inadmissível. Ao lado de Arno Augustin, ex-secretário do Tesouro Nacional, ela disse: “O que eu posso dizer a vocês, no sentido de afirmar mesmo, é que o Brasil está numa posição, ou melhor, num posicionamento de atitudes que jamais aconteceriam se a eleição tivesse outro resultado, não aquele resultado que teve efetivamente”. Pelo que a reportagem conseguiu entender da declaração, a presidente quis dizer que jamais colocaria um banqueiro no Ministério da Fazenda ou concordaria com cortes de gastos.
(por Leandro Narloch, de veja.com @lnarloch)
Uma previsão pessimista
Eu costumo ser otimista – acho que o mundo será cada vez mais próspero, saudável, confortável, interessante, abundante, barato e divertido. Mas hoje cheguei a uma conclusão terrível. Antevi um fato que arruína todas as minhas previsões cor-de-rosa. No futuro, a tecnologia e o aumento da produtividade darão às pessoas mais tempo livre para ler, pensar e discutir. Intelectuais e gente que se considera assim, essas pessoas irritantes que acham que entendem do mundo e passam o dia problematizando, dando lição de moral e enchendo o Facebook de textão (ou seja, essas pessoas como eu) vão proliferar sem controle.
O fenômeno não é grande novidade. Até a Revolução Industrial, só reis e nobres tinham tempo livre para pensar e escrever. Se hoje a quantidade de intelectuais já inferniza a nossa vida, no futuro será insuportável. Já imagino o mundo em 2050: a turma tomando champanhe, fazendo festas com banquetes e fogos de artifício toda segunda, quarta e sexta, mas tendo que aturar inteligentinhos reclamando que está tudo errado, que faz mal, que oprimimos ou fomos oprimidos, que decepcionamos nos parâmetros de igualdade e vida correta que eles criaram, que precisamos seguir mais regras para evitar um castigo imaginário.
O maior problema do futuro não será o excesso de carros na marginal ou de metais pesados no aquífero Guarani, mas a proliferação descontrolada de intelectuais.
(por Leandro Narloch, de veja.com @lnarloch)
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