Grãos: No Brasil, comportamento dos negócios deve ainda ser influenciado pelas incertezas vividas pelos produtores sobre o crédito
O avanço no plantio de milho e soja nos Estados Unidos, aliados as condições climáticas favoráveis, são os principais influenciadores de baixas no mercado internacional. O boletim semanal do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) de acompanhamento de safra - que sai nesta segunda-feira (18) - deve mostrar novos avanços no cultivo da soja, e um número próximo de conclusão do plantio de milho, é o que considera Carlos Cogo da consultoria Agroeconômica.
De acordo com Cogo, o rápido avanço no plantio do milho pode ser considerado um fator altista para o mercado da soja, já que "se conseguir concluir todo o plantio de milho, não temos aquela tendência de migração de área de milho para o cultivo de soja, porém o avanço rápido também é um sinal baixista, pois mostra que as coisas estão indo bem", explica.
Até o momento, o clima também tem sido favorável para a evolução do plantio, e posteriormente o desenvolvimento das culturas. A perspectiva da formação de um El Niño tem confirmado que nesta temporada o clima não deve ter interferir negativamente na safra norte-americana.
O dólar tenta se manter no patamar dos R$ 3,00 e sem perspectiva de novas altas, também tem prejudicado as cotações de soja.
Visto esse cenário, Cogo afirma que a tendência é de cotações mais pressionadas, "não resta mais dúvida, a pressão se acelerou, fechamos a sexta-feira com contrato novembro na linha dos US$ 9,30 por bushel, e isso já vem mostrando uma aproximação de novo daquele piso anterior dos US$ 9/bushel".
Mercado Físico
Os dados divulgados pelo Banco Central mostram uma redução de quase 20% nas concessões de crédito pré-custeio no primeiro quadrimestre deste ano. A linha de crédito de 7 bilhões disponível pelo Banco do Brasil atendem uma taxa de juros de 9,5%, dificultando o acesso dos produtores.
"É um tombo forte que leva a retração no número de recursos para a aquisição de insumos básicos, principalmente fertilizantes e defensivos. E as agências que tem o recurso disponível oferecem isso a juros de mercado que está em torno dos 15% a 16% ao ano, e é proibitivo em termos de agricultura para ser tomado como pré-custeio", declara Cogo.
Além de problemas com o pré-custeio, os produtores tem que se preocupar com a indefinição da taxa de juros para o Plano Safra 2015/16. Para Cogo, a taxa deve ficar em torno dos 9% ao ano, porque "alegam que não há condições de cobrir o subsídio do diferencial de taxa de juros de 6,5% com a Selic acima dos 12%".
Diante dessas incertezas, o analista considera que os produtores de soja estão aguardando os US$ 10 por bushel - na soma com prêmio - para retornar ao mercado.
Milho
O bom desenvolvimento do milho nos Estados Unidos e no Brasil, e a expectativa de uma produção recorde em torno de 50 milhões de toneladas na segunda safra brasileira, devem manter o mercado com pressão de baixa.
Cogo afirma que o volume de estoques é elevado, por isso "que quem tiver condições deve sair do mercado, estocar e voltar a planejar vendas a partir de outubro", declara.
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