Soja: Com conjunto de fatores, mercado em Chicago fecha em alta nesta 5ª feira

Publicado em 23/04/2015 17:24

Na sessão desta quinta-feira (23), o mercado da soja registrou um dia de altas significativas, chegou a subir mais de 13 pontos ao longo dos negócios, mas encerrou o dia com ganhos entre 7,75 e 8,25 pontos nos principais vencimentos. Os preços do óleo e do farelo de soja também fecharam o dia em campo positivo. 

O mercado, como explicou o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, foi até mesmo capaz de romper a barreira de US$ 9,80 que vinha sendo usado como resistência para as cotações. Porém, o mercado amenizou ligeiramente suas altas e, assim, o contrato maio/15, que fechou em US$ 9,78, chegou a US$ 9,83 na máxima da sessão, para o julho/15, o mais alto registrado foi de US$ 9,85 por bushel. Segundo explicaram analistas, os preços foram estimulados neste pregão por uma junção de fatores nesta quinta-feira. 

Greve dos Caminhoneiros - Um desses fatores, que acabou sendo uma novidade para o mercado, veio do início de uma nova greve dos caminhoneiros no Brasil. A informação, inclusive, foi destaque no noticiário internacional especializado. 

O movimento ganhou adesão em cinco estados - Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso e Paraná - e chamaram a atenção dos investidores para o fluxo do produto no país. Motoristas e o governo federal não chegaram a um acordo, principalmente, sobre um valor de preço mínimo para o frete e uma redução nos preços do óleo diesel, motivando essa nova paralisação.

Para Brandalizze, porém, o impacto para os preços e também para os embarques de soja no Brasil se essa greve se estender por quatro, cinco ou mais dias. 

Demanda - Paralelamente, há ainda a força da demanda exercendo influência positiva sobre as cotações. Quase toda a safra norte-americana já foi vendida, de acordo com o programa de exportações da temporada 2014/15 estimado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), e os importadores, não só a China, seguem mostrando o interesse pela oleaginosa. 

"Há uma necessidade de produto, não temos só a China comprando e isso tem dado um suporte para cima para o mercado em Chicago e teve ainda o leve apoio dessa greve no Brasil", disse o consultor da Brandalizze Consulting. E ainda segundo o consultor, a nação asiática deverá ampliar suas compras neste mês de maio em cerca de 10% e há perspectivas de maiores volumes também nos meses seguintes. 

Apesar das menores vendas para exportação registradas nesta semana nos EUA, o acumulado no ano comercial de soja já comprometida pelo país se aproxima do total projetado pelo USDA  para todo o ano comercial. 

Na semana que terminou em 16 de abril, os EUA venderam 110,3 mil toneladas de soja, contra das 538,8 mil toneladas da semana anterior. As expectativas do mercado, no entanto, eram de algo próximo de 270 mil toneladas. Foram 102,2 mil da safra 2014/15 e mais 8,1 mil da próxima temporada.

No acumulado do ano comercial, as vendas norte-americanas de soja já totalizam 48.638,8 milhões de toneladas, contra 44.609,8 milhões do mesmo período do ano anterior e frente à última projeção do USDA para esta temporada de 48,72 milhões de toneladas nas exportações totais. 

"Os chineses estão com uma nova política agrícola de aumentar seus estoques, já que temem que nas próximas safras podem ter problemas com o clima e podem ficar sem grãos para se abastecer. Eles já vão para 80 milhões de toneladas de grãos importados nesse próximo ano comercial e os fornecedores seguem sendo os mesmos, praticamente, EUA, Brasil e Argentina", explica Brandalizze.

Clima nos EUA - Há ainda expectativas para o início do plantio da nova de soja dos Estados Unidos - que deve começar nos próximos dias - e mais a atenção dos traders sobre o comportamento do clima no Meio-Oeste americano. As condições, que nesse momento são pontualmente adversas, já sinalizam um cenário melhor para as semanas a seguir e trazem alguma tranquilidade aos traders e produtores americanos nesse momento, segundo relatam analistas internacionais. 

Prêmios e Dólar - Outro fator que mostra que a demanda ainda segue forte como relatam os analistas são os prêmios positivos nos portos brasileiros e também no Golfo do México, principal canal de escoamento da safra norte-americana para exportação. Em Paranaguá, os valores pagos acima dos preços praticados em Chicago variam de 52 a 55 centavos de dólar e, no golfo, para a entrega maio, o valor é de 75 cents de dólar. 

Paralelamente, há ainda o dólar em baixa frente não só ao real, mas diante de importantes moedas mundiais que atuou também como fator de suporte para as cotações da soja e de mais algumas commodities nesta quinta. No Brasil, a moeda americana fechou com quase 1% de baixa frente à brasileira e fechou, pela primeira vez desde o início de março, abaixo dos R$ 3,00, cotada a R$ 2,9816. 

"A queda do dólar no mercado internacional ajudou a intensificar a desvalorização ante o real, que vinha encontrando dificuldade para se manter abaixo dos 3 reais", informou a agência de notícias Reuters.

Preços e Comercialização no Brasil 

Com esse quadro, os preços praticados no Brasil apresentaram poucas alterações. Se encontram suporte nos ganhos registrados em Chicago, de outro lado foram pressionados pela baixa do dólar. Em Paranaguá, alta de 1,49% para R$ 68,00 para a soja com entrega maio/15; em Rio Grande, a mesma referência terminou o dia com R$ 68,40 e queda de 0,29%. No terminal gaúcho, a soja disponível ficou com R$ 67,50 por saca e, em Santos, R$ 69,00. 

Ainda segundo Vlamir Brandalizze, os negócios no Brasil ainda mantêm um ritmo lento, com os produtores tendo os R$ 70,00 base porto como meta de preços para voltarem a vender. 

"O produtor brasileiro está retendo parte de sua safra para vender no segundo semestre, porque sabe que não é só o mercado internacional que faz os preços. No segundo semestre teremos uma demanda forte no mercado brasileiro tanto para farelo como para óleo e, automaticamente, em algumas regiões pode haver escassez de grãos então, o produtor pode ganhar vendendo regionalmente" explica. 

 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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