Dólar mais alto incrementa custo de fertilizantes para commodities agrícolas
O novo patamar do dólar traz benefícios para o setor agrícola, tradicionalmente exportador, mas também implica em novos desafios. No caso dos fertilizantes, a produção doméstica restrita e a alta dependência externa para a aquisição (75% do consumo é pautado em material importado), associada as margens apertadas envolvidas na importação das commodities agrícolas, tornam a variação cambial um componente de influência direta sobre os preços em reais. ‘Há diversos insumos dolarizados usados no cultivo de commodities, o que tem encarecido seu custo de produção’, afirma a consultoria INTL FCStone em novo relatório, ‘Impactos do dólar’, que avaliou como o repasse cambial para os preços de fertilizantes tem afetado os custos de produção de commodities agrícolas.
No caso do milho, este cenário implica na limitação do repasse da alta do câmbio no preço doméstico, em razão da ampla oferta doméstica e sazonalidade dos preços. A perspectiva para os próximos seis meses aponta para a manutenção da relação de troca com os fertilizantes no atual patamar, com possibilidade de deterioração de acordo com a produtividade da segunda safra de milho.
Considerando que os fertilizantes refletem totalmente a desvalorização da moeda brasileira, a relação de troca com a soja ficou pior para o produtor. A principal condicionante é o atraso no repasse da alta do câmbio no preço doméstico, em razão da ampla oferta doméstica e sazonalidade dos preços, além da queda nos preços internacionais (em US$) da soja. ‘Como estamos em uma época em que sazonalmente se observa uma queda nos preços e nos prêmios internos, houve uma limitação na transmissão da alta do câmbio nos preços domésticos’, explica.
Já a relação de troca entre fertilizantes e açúcar evidencia a situação desfavorável que o novo patamar alcançado pelo câmbio gerou para a produção do segundo. Além da expressiva participação no mercado internacional, a produção brasileira de açúcar pode ser substituída pela de etanol, visando o mercado interno do biocombustível. Isso aumenta ainda mais a influência da variação cambial real-dólar nos preços internacionais do adoçante.
Por ser voltado principalmente ao mercado doméstico e negociado em reais, a depreciação da moeda brasileira e a consequente variação no preço interno dos fertilizantes é integralmente transmitida aos custos de produção do etanol. Para os próximos seis meses, espera-se manutenção da relação atual, com possibilidade de deterioração de acordo com a variação cambial.
‘Impactos do dólar’ é uma trilogia de relatórios com o objetivo de explorar os desdobramentos do novo patamar do dólar sobre o setor agrícola brasileiro. O tema escolhido para o primeiro estudo foi o impacto sobre os preços dos fertilizantes - cujas cotações são totalmente atreladas ao dólar - sobre a soja, o milho e a cana-de-açúcar.
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