Previsões de preços de café e açúcar são reduzidas em até 31% com queda do real
Por Marcy Nicholson
NOVA YORK (Reuters) - Os bancos, incluindo Goldman Sachs e Citi, cortaram suas previsões para os preços do café e do açúcar em até 31 por cento no último mês, com a cotação do real frente ao dólar tendo caído ao menor patamar em 12 anos.
Com os preços do açúcar agora definhando perto dos níveis mais baixos em mais de seis anos, abaixo de 13 centavos de dólar por libra-peso, seis bancos estão prevendo uma média de cotações para o segundo trimestre de cerca de 13,6 centavos de dólar por libra-peso, uma queda de aproximadamente 3 centavos ante previsões anteriores, de acordo com dados coletados pela Reuters.
Previsão do Rabobank, a mais baixista, foi de 12,5 centavos.
Para o café arábica, a estimativa média caiu para 1,52 dólar por libra-peso, ante 1,90 dólar, mostraram os dados.
O Citi reduziu sua previsão para o segundo trimestre em 31 por cento, a maior redução feita por qualquer outro banco pesquisado, mas ainda manteve a estimativa mais otimista para o terceiro trimestre, de 1,75 dólar por libra-peso.
A principal causa da revisão para baixo foi a queda do real, a moeda do maior produtor do mundo de ambas as commodities.
O real caiu quase 30 por cento em relação ao dólar entre o final de janeiro e 20 de março, quando atingiu uma baixa de 12 anos, devido à força do dólar e também pela crescente incerteza política decorrente de um escândalo de corrupção na Petrobras.
"A subida do dólar reduz geralmente a demanda global por commodities denominadas em dólares, enquanto um real enfraquecido incentiva significativamente as exportações, aumentando os estoques mundiais", escreveu o Societe Generale em um relatório de 7 de abril.
Vários bancos também apontaram para abundantes suprimentos mundiais de açúcar como fonte de pressão sobre os preços.
A moeda fraca atrai exportações pesadas e vendas de produtores no Brasil.
"A fraqueza do real continua a reduzir os custos de produção de açúcar no mercado interno em dólares, pressionando o contrato No. 11 (do açúcar) e levando a uma revisão em nossa previsão de preço, enquanto os riscos do lado da oferta permanecem", escreveu o Rabobank no relatório de março.
Embora o preço de referência do contrato de café tenha caído 24 por cento desde o fim de 2014, para o nível mais baixo em mais em um ano, em dólares, tornando-se a segunda commodity com pior performance no índice Thomson Reuters CoreCommodity, ele só caiu 9 por cento em reais.
O que foi uma queda de 18 por cento no mercado de futuros de açúcar, para o mais baixo nível em mais de seis anos na moeda norte-americana, acabou sendo uma mera queda de 1 por cento em reais.
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