Soja: Mercado opera em Chicago no aguardo dos novos números do USDA nesta 5ª feira
Em dia de novo boletim do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago trabalham em campo negativo, com oscilações pouco expressivas. Por volta das 7h45 (horário de Brasília), as cotações da oleaginosa caíam entre 4,25 e 5 pontos nas posições mais negociadas.
O USDA traz hoje seu novo boletim mensal de oferta e demanda e as expectativas do mercado apontam para uma redução dos estoques finais norte-americanos de soja e uma manutenção para os estoques mundiais. Além disso, chegam ainda os números atualizados das vendas semanais para exportação também trazidos pelo departamento agrícola norte-americano.
Veja como fechou o mercado nesta quarta-feira:
Soja fecha em campo misto na CBOT e baixa do dólar pressiona cotações nos portos do BR
O mercado da soja na Bolsa de Chicago, nesta quarta-feira (8), fechou a sessão com estabilidade e sem direção definida para as posições mais negociadas. Buscando manter o patamar dos US$ 9,70 por bushel, as cotações terminaram o dia com pequenas altas nos dois primeiros contratos - maio e julho/15 - e ligeiro recuo nos dois últimos - agosto e setembro/15.
Durante todo o pregão, o mercado trabalhou com oscilações limitadas nesta quarta, uma vez que, os investidores ainda trabalham na defensiva à espera dos novos números que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulga nesta quinta-feira (9) em seu novo boletim mensal de oferta e demanda. E as expectativas são de que o reporte traga uma redução nos estoques finais de soja dos EUA e uma manutenção nos números globais, como mostram as projeções divulgadas por consultorias privadas.
Para os estoques finais norte-americanos de soja, as expectativas apontam para uma redução dos números em relação ao boletim anterior e variam entre 9,444 milhões e 10,859 milhões de toneladas, com média de 10,07 milhões. Em março, o USDA estimou 10,48 milhões de toneladas. Sobre os estoques mundiais, há uma perspectiva ainda de manutenção dos números dos estoques finais globais de soja em 89,5 milhões de toneladas para a safra 2014/15. As expectativas - com média de 89,5 milhões também - variam de 88 milhões a 91,15 milhões de toneladas.
Esse reporte será o último com as atenções voltadas para a temporada 2014/15, antes que elas se transfiram para o início e desenvolvimento da safra 2015/16 dos Estados Unidos, segundo explicam analistas. E no aguardo por esses números, segundo Camilo Motter, analista e economista da Granoeste Corretora, os preços da soja se vêem confinados em Chicago em um intervalo de US$ 9,50 a US$ 10,00 por bushel.
Paralelamente, o mercado observa também, ainda de acordo com o analista, o desenvolvimento da nova safra dos Estados Unidos e, com mais atenção ainda, o comportamento do clima no país, uma vez, que esses deverão ser os próximos fatores responsáveis pela nova configuração dos preços na CBOT.
"Mas não há espaço para o mercado cair muito, porque os produtores mais retraídos poderiam aumentar a área do milho em detrimento da soja. Há uma tendência nos últimos meses que mostra que a relação entre os preços da soja e do milho, que ainda favorece a soja, de aproximação dos preços a níveis mais históricos em torno de 2,10 / 2,20 bushels de milho para 1 bushel de soja. Hoje, essa relação já está mais próxima de 2,40 / 2,50, mas já esteve muito mais alta", explica Motter. "E tudo isso significa ampliação da área de soja", completa.
Sobre o clima, o analista define esse fator como o "decisivo para a reorientação dos preços", uma vez que poderá ser observada a movimentação dos fundos de investimentos ligada a esse comportamento climático. "Hoje, os fundos estão com posições líquidas vendidas em maior número, e isso pode ser revertido ao menor sinal de fundamento, principalmente sobre o clima, e recompor suas carteiras com posições líquidas compradas", diz, mostrando uma possibilidade desse movimento positivo para as cotações. Além disso, as condições de clima poderiam ainda influenciar nas decisões finais sobre a área de plantio da safra 2015/16.
E, ainda de acordo com o analista, esse "confinamento" do mercado tem se dado, também, em função da conclusão da safra na América do Sul, especialmente no Brasil, onde a colehita já está bastante avançada e números, principalmente de consultorias privadas, trazendo uma recuperação do potencial da produção nacional.
Mercado Brasileiro
No Brasil, o foco dos produtores continua sobre o andamento do dólar e dos prêmios pagos nos portos, uma vez que as exportações brasileiras vem retomando seu ritmo, mas ainda esbarrando em problemas logísticos, segundo explica o analista de mercado Camilo Motter.
Assim, com mais um dia de baixas para a moeda norte-americana frente ao real - o recuo passou dos 2%, os preços da soja recuaram nos portos nesta quarta-feira. Em Rio Grande, o produto disponível caiu 1,43% para R$ 68,90 por saca, enquanto para maio/15 o valor apresentou uma baixa de 1,83% e perdeu o patamar dos R$ 70,00, fechando o dia com R$ 69,70. Em Paranaguá, queda de 1,47% para a soja com entrega em abril, para R$ 67,00/saca.
E o dólar, ainda de acordo com o analista, deve seguir enfrentando um cenário de acentuada volatilidade, uma vez que as crises política, econômica e moral ainda devem permear os negócios e influenciar a direção da taxa cambial no Brasil, pesando diretamente sobre a formação do preço da soja no mercado interno.
"O câmbio tem mantido os preços para o produtor brasileiro em patamares que não imaginávamos. Por isso, o produtor brasileiro está colhendo as beneces do câmbio, já que fez seus custos com um câmbio bem mais baixo e está vendendo a produção com um dólar mais alto", explica Motter. "Mas isso pode ser revertido no futuro, fazendo o custo da próxima safra com um dólar mais alto e, quando for vender a safra mais a frente, ter surpresas, se as coisas se ajustarem", completa.
Sobre os prêmios, o analista explica que os valores ainda positivos - de 40 a 45 centavos de dólar acima dos valores praticados em Chicago - são reflexo, além da demanda, da pressão sobre as cotações no mercado internacional. "Pode haver um recuo maior do produtor brasileiro (em relação às vendas) caso os prêmios ou o câmbio venham a cair", diz.
A demanda ainda aquecida pela soja brasileira também segue contribuindo para o suporte para os preços. "Já temos pouco mais de 50% da safra brasileira comercializada e isso quer dizer algo próximo de 30% desse total já estariam comprometidos com a exportação. Porém, os gargalos logísticos realmente afetam de forma drástica o ritmo das exportações. O interesse lá fora existe, o produtor brasileiro está, embora mais lento, muito vendido, então, está claro que o problema está nos gargalos portuários".
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